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"Piercing" de juiz leva Santos à Justiça
Comissão de arbitragem diz que cartola santista terá que provar que árbitro usou remédio contra infecção no umbigo
Clube protesta contra atuação de Otávio Corrêa da Silva, que relata na súmula ter mostrado a barriga para provar não usar adorno
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia depois de o Santos
perder do Barueri por 2 a 1 na
Vila Belmiro, a arbitragem de
Otávio Corrêa da Silva ainda
era assunto, tanto na Baixada
Santista quanto no prédio da
federação, na capital paulista.
De um lado, o clube, alegando
ter sido prejudicado, encaminhou à federação uma fita com
lances polêmicos da partida.
No outro, a Comissão de Arbitragem promete levar cartola
santista à Justiça por ter feito
declarações contra Silva.
Após a partida, o diretor jurídico do Santos, Angelo José Vilchez Ramos, sugeriu a realização de antidoping no juiz. Segundo ele, Silva tomara remédio para infecção num piercing
no umbigo, e o medicamento
poderia tê-lo afetado no jogo.
O juiz relata na súmula (parcialmente reproduzida no site
da federação) que exibiu a barriga ao cartola "provando que
não usava piercing algum e não
tinha inflamação alguma".
Marcos Marinho, presidente
da Comissão de Arbitragem da
FPF, respaldou a posição do árbitro e qualificou como "inconseqüente" o diretor do Santos
-que ontem não foi localizado
pela assessoria de imprensa do
clube para comentar o caso.
"Ele vai responder isso em
tribunal. Vai ter que confirmar
tudo o que falou, que ele [o juiz]
usa piercing, que estava inflamado. O cara não usa piercing,
foi só pegar um esparadrapo
antes do jogo para colocar no
ouvido, para fixar o fone. Foi a
única vez que ele foi à enfermaria e não para tomar remédio",
falou Marinho, que demonstrou irritação e revelou uma
prova que pretende apresentar.
"Que piercing o quê? Ele é pai
de família, é um cara certo. Estamos tirando foto e tudo e vamos mostrar isso no tribunal."
No centro da polêmica estão
dois lances: o gol de Tiago Luís,
no primeiro tempo, anulado
por impedimento, e a repetição
do pênalti cobrado pelo meia
Rodrigo Tabata, na segunda
etapa (convertido na primeira
vez e desperdiçado depois).
"Ele errou quando anulou o
gol, errou quando não anulou a
defesa do goleiro. Houve uma
série de irregularidades, tanto
dele quanto dos bandeirinhas.
Foi feita uma análise e encaminhamos a fita", disse o gerente
jurídico santista, Mário Mello.
De acordo com ele, na reclamação o clube diz que o Santos
foi vítima de má arbitragem,
pede providências e afirma que
o juiz influenciou no resultado.
Marinho sustenta que não
existe veto contra Silva e o isenta nos dois lances. "No pênalti,
a explicação já foi dada, ele desautorizou antes da batida por
parte do atacante. Então nada
daquilo que bateu valeu. O único lance que o Santos reclama e
que está sendo analisado aqui é
o de impedimento, no primeiro
tempo. Estamos vendo, mas é
um erro do assistente."
(LUÍS FERRARI)
Colaborou a Agência Folha, em Santos
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