Vitória de virada em Istambul no fim confirma que a "Fúria" é a seleção do momento e que desdenhar dela é tolice

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

LEMBRA o que era a seleção da França até 1998? Mesmo com os gols de Zidane na decisão no Stade de France, havia quem minimizava o feito daquela equipe. Tinha ganho a taça em casa, sem encantar, com gols de cabeça de um bom jogador contra um time abatido por fatalidade. Alguns diziam até que o Mundial tinha sido vendido.
Tenho escutado algumas coisas sobre a Espanha pós-Euro-2008 que me fizeram lembrar daquela França, que depois ganharia a Euro- -2000 e seria, com um Zidane reverenciado planeta afora, endeusada. ""Que grande jogador a Espanha tem?", um comentarista perguntou outro dia na TV sem receber nenhuma resposta dos vários companheiros de debate. Todos ali, como o Brasil quase todo, já dão a Júlio César o trono de melhor goleiro do mundo.
Casillas fez uma Eurocopa impressionante, continua sendo uma das poucas coisas seguras no Real Madrid e foi eleito pela IFFHS o melhor de 2008 na posição com justiça. Será que Fernando Torres não teria espaço no ataque de qualquer outra seleção do mundo? E aí, Dunga? Bom, ontem, nos 2 a 1 de virada sobre a Turquia em Istambul, o ""Niño" não fez gol, só ajudou a fazer do ótimo goleiro Volkan Demirel um dos destaques da partida. A Espanha caminha a passos largos rumo à Copa, assim como está anos-luz na frente no ranking da Fifa. Tudo bobagem, certo? Mas e a qualidade do futebol? Quem ganhou torneio importante recentemente com um jogo vistoso?
Delfín Melero, que fez os comentários on-line da vitória da ""Fúria" no ""Marca", relatou o triunfo já descrevendo o atual momento da seleção espanhola: ""Espanha está tocada por uma varinha celestial". Riera, um dos menos iluminados da atual seleção espanhola, fez o gol da virada ontem nos segundos finais. Não direi que isso é sinal de que esse é o time da moda, mas é o time da moda. Se na Copa a Espanha não ganhar o título, o comentarista que desdenhou da ""Fúria" dirá que ""é sempre assim" com o time, e vários concordarão. Se ganhar, porém, o discurso está pronto: ""Enfim a Espanha venceu. Um título merecido!".

CAMISA CELESTIAL
Achei bacana a nova camisa da Espanha, com uma espécie de faixa saindo da gola. Porém odeio a padronização feita pelas fabricantes. Por que a Adidas faz um desenho similar para todas as suas equipes?

CLÁSSICO CELESTIAL
O jogo de Seul entre as Coreias concorre ao título de partida mais marcante das eliminatórias. Gol decisivo no fim, mas com o peso de uma rivalidade (que poderá ir à Copa).

GOLEADA CELESTIAL
Ontem, pela primeira vez, vi um argentino, no Brasil, rir da seleção: ""Que vergonha em Quito". E ele fez propaganda para o jogo em La Paz.
rodrigo.bueno@grupofolha.com.br


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