CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Outro dia um garoto me perguntou qual dos esportes de ação tem mais dinheiro envolvido. A resposta poderia ter sido de bate-pronto: o surfe. Mas, durante alguns segundos, considerei a hipótese de, ao menos em alguns lugares, o skate estar maior. E, quem sabe, também os esportes de neve, snowboard e esqui, cuja indústria movimenta bilhões.
Baseado nas premiações das competições e no número de praticantes, afirmei que era mesmo o surfe. O jovem, cuja ligação com o skate é mais forte, concordou. O WCT (Circuito Mundial de Surfe) deste ano vai distribuir, só na primeira divisão masculina, mais de US$ 3 milhões em prêmios. Uma única etapa (serão 12) oferece três vezes mais do que todo o circuito iniciado em 1976. Os números têm crescido e gradativamente estão se aproximando do merecido reconhecimento e do prestígio que hoje o esporte desfruta.
Aqui no Brasil, a tendência também é verdadeira. Desde que foi criado, há 16 anos, o Circuito Nacional viveu altos e baixos. Os cancelamentos de provas eram constantes, os atletas, insatisfeitos com os prêmios, nem sempre priorizavam o torneio, e as regras geravam conflitos. Sua continuidade chegou a ficar ameaçada. Até que, há dois anos, a Abril Eventos comprou a idéia do Super Surf.
Com o incremento da premiação -hoje são R$ 100 mil por etapa- , um calendário feito para não conflitar com outras competições, as regras padronizadas pelo Circuito Mundial e maior divulgação na mídia, o Super Surf deu novo estímulo aos surfistas.
Sua terceira edição teve início na semana passada, em Maresias (SP), com excelentes ondas e novidades. Antes do início da competição principal, 46 atletas disputaram uma triagem para definir a vaga do convidado da Abril. Nomes como Fabio Silva, Piu Pereira, hoje fora da elite, foram superados por Wilson Nora, que chegou até a semifinal.
As pickups Saveiro expostas na praia, que serão oferecidas para os campeões masculino e feminino com um prêmio extra em dinheiro, estimularam ainda mais as disputas na água.
Mas a maior motivação foram as ondas. Depois das triagens houve recesso, para aguardar melhores condições, que valeu a pena. Baseada nas previsões meteorológicas, a organização concentrou boa parte das baterias no domingo. Ondas tubulares de cinco a seis pés fizeram a alegria dos rapazes e o desespero das meninas.
A final feminina foi interrompida no meio, após a primeira e única onda surfada por Andréa Lopes lhe garantir o título, já que sua adversária, a novata Viviane Maria, não conseguiu atravessar a arrebentação. Esta foi a quarta vitória da carioca em sete finais.
No masculino, foi um show de tubos, especialmente do vencedor da prova, Marcelo Trekinho. Em dois anos de Super Surf, apenas três atletas haviam tirado notas dez, mas, nesse domingo, o carioca foi por três vezes seguidas considerado perfeito para os juízes.
Três tubos, três dez e a liderança do ranking deixaram o jovem estreante em êxtase. Com a vitória, Trekinho manteve um tabu que já dura 13 etapas do Super Surf: nenhum atleta venceu duas vezes. O equilíbrio pode ser confirmado pela permanente renovação que o Circuito Nacional está experimentando -neste ano, são 11 estreantes- e pelo nível técnico demonstrado por esses "novatos". Marcelo Trekinho está entre eles.

WQS
Só deu australianos e atletas do WCT na final do seis estrelas "prime" Salomon Masters, disputada em Margaret River, na Austrália. Joel Parkinson ficou com o título da competição, seguido por Trent Munro, Michael Campbell e Jake Paterson. O brasileiro Victor Ribas segue na liderança do ranking.

Sob nova direção
Fundador da Associação Brasileira de Ski e Snowboard, Domingos Giobbi, deixa a presidência da entidade e passa para o conselho. Stefano Arnhold assume o cargo, e Marcelo Apovian será o vice.

Canoas havaianas
A primeira etapa do Brasileiro de travessias ocorreu domingo entre São Vicente e Santos (SP). Ondas grandes e muita correnteza deixaram a prova mais emocionante. A New Cad Água Marinha venceu na categoria mista. A Paulistano ganhou na masculina.

E-mail sarli@revistatrip.com.br



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