|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Atacante Diego, que já se destaca no Brasileiro deste ano, e meia Diogo, habitué em seleções brasileiras juvenis, confundem rivais em campo e sonham em disputar juntos a Olimpíada de 2004
Supergêmeos ativam Inter
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Diego é um dos mais promissores jogadores do país. Diogo também. Diego se profissionalizou e
brilha no Inter, o líder isolado do
Campeonato Brasileiro. Diogo
também. Diego nasceu no dia 5 de
abril de 1985. Diogo também.
Diego e Diogo de Lima Barcel-los têm tudo para ser os gêmeos
mais bem-sucedidos da história
do esporte nacional. Acostumados com seleções brasileiras juvenis, ambos pintam como ótimas
revelações no clube gaúcho. Diego, que diz ser ""15 minutos mais
experiente que o irmão", já se destaca no time titular.
""Tenho grande entrosamento
com o Diogo. Quando ele está na
esquerda, já sabe que eu estou entrando do outro lado. A mesma
coisa acontece quando pego a bola na direita. A gente combina
desde a barriga da mãe. A história
de que gêmeos sentem a mesma
coisa é verdade", diz Diego, que
torce pela ascensão do irmão.
Diogo disputou na Europa um
torneio com a seleção brasileira
sub-18 e só teve chance até agora
no time principal do Inter no
Campeonato Gaúcho -diferentemente do mano, destro e atacante, ele é meia e canhoto.
Ambos se profissionalizaram
nesta temporada. Têm o mesmo
salário e são iguais em quase tudo
(algo meio padrão para gêmeos).
""Eu odeio verdura. Ele também.
Não temos carro ainda, mas queremos comprar o mesmo modelo. Gosto de moreninha, mesmo
tipo de mulher que ele gosta. Só o
meu cabelo está um pouquinho
maior que o dele", disse Diogo,
que registra 1,72 m como seu irmão e que pesa 2 kg a menos que
o badalado mano (61 kg a 63 kg).
Como se não bastasse morar na
mesma casa, trabalhar no mesmo
local e estudar na mesma escola,
eles namoram garotas (""gurias")
com o mesmo nome: Camila.
""A diferença entre a gente fica
nas namoradas. Já tivemos problemas com isso. Uma vez uma
garota que já tinha ficado comigo
abanou para ele, que ficou meio
sem jeito. A garota veio me cobrar
no outro dia", contou Diogo, que
afirma ser mais ""brincalhão".
Confusões com os dois invadiram há muito tempo os campos.
""Em um Gre-Nal, a gente confundiu o adversário de propósito.
Um cara estava me marcando,
mas troquei de posição com o
Diogo e fiquei livre [o técnico
mandou os dois trocarem de número também]. Fiz o gol", disse
Diego, que acredita ter chegado
primeiro ao time principal por jogar no ataque. ""Na posição dele
[meia", a concorrência é maior."
Diogo conta vários casos em
que a grande semelhança com o
irmão atrapalhou. ""Em um jogo
em São Paulo, o Diego tomou um
cartão amarelo. Depois, fiz uma
falta, e o juiz me deu o amarelo e o
vermelho. O treinador teve que
entrar em campo e parar o jogo
para explicar que eu não tinha recebido dois cartões amarelos."
Às vezes, o próprio técnico se
confunde. ""Uma vez eu e o Diego
estávamos na reserva. Ele chamou o Diego e o colocou no jogo.
Depois de cinco minutos ele viu
que tinha colocado o jogador errado. Ele queria um canhoto e me
chamou. Entrei logo em seguida."
Hoje, eles são empresariados
por Gilmar Veloz, que cuida da
carreira do paraguaio Arce, por
exemplo. Ambos esperam fazer
parte da seleção olímpica que vai
tentar a inédita medalha de ouro
nos Jogos de Atenas, em 2004.
""A gente joga junto desde os 11
anos de idade. Começamos no futebol de salão. Ainda pequenos
fomos para o Inter, pois toda nossa família é colorada. É bom ter
sempre ao lado um membro da
família, ter alguém em quem você
pode confiar. Não tem nada de
ruim em trabalhar com meu irmão gêmeo. Ao contrário, quando vem uma crítica a gente conversa bastante", disse Diego.
Como profissionais, os gêmeos
só jogaram pelo Inter contra o Juventude, no Gaúcho. O jogo terminou 3 a 3. ""Mostramos que temos grande entrosamento. Depois, joguei mais com o Nilmar,
com quem também tenho entrosamento desde as categorias de
base. Agora que o Diogo voltou da
seleção deverá ter mais chances,
até porque o Brasileiro é muito
longo", declarou Diego, que se recupera de uma lesão, mas deve jogar no domingo contra o Goiás.
O Inter, treinado por Muricy
Ramalho, tem feito sucesso no
Nacional apostando em jovens talentos -além de Diego e Diogo,
Daniel Carvalho, Nilmar e Cleiton
Xavier são boas revelações.
""O caminho é mesmo investir
na molecada. O Santos mostrou
isso no Brasileiro passado com o
Diego e o Robinho. Neste ano, pode ser a nossa vez", disse Diogo.
Ele não mostra ciúme pelo fato
de seu irmão já estar conseguindo
boa projeção no cenário nacional.
""O Diego já está achando o espaço
dele. Estou esperando a oportunidade para achar o meu. Nossa
idéia sempre foi trabalhar forte
para estourar no clube e ter chance na seleção olímpica", disse.
Diego aposta na decisão da CBF
de enviar a seleção júnior para o
Pan-Americano. ""Estou feliz porque meu trabalho está sendo reconhecido. Quero ir à Olimpíada.
Tive a oportunidade de jogar com
o Diogo em seleções. Espero que
joguemos bem, que todos gostem. Seleção é consequência."
Na concentração, Diego e Diogo
são colegas de quarto. A união pode acabar se um dos dois mudar
de clube -o primeiro já estaria
despertando o interesse de times
estrangeiros. ""É muita alegria ficarmos juntos. A gente convive
desde pequeno, mas sabemos que
daqui a pouco a gente pode se separar. Será triste, mas temos que
estar preparados", disse Diego.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Memória: Holanda levou irmãos para Copas do Mundo Índice
|