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São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2003

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Atacante Diego, que já se destaca no Brasileiro deste ano, e meia Diogo, habitué em seleções brasileiras juvenis, confundem rivais em campo e sonham em disputar juntos a Olimpíada de 2004

Supergêmeos ativam Inter

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Diego é um dos mais promissores jogadores do país. Diogo também. Diego se profissionalizou e brilha no Inter, o líder isolado do Campeonato Brasileiro. Diogo também. Diego nasceu no dia 5 de abril de 1985. Diogo também.
Diego e Diogo de Lima Barcel-los têm tudo para ser os gêmeos mais bem-sucedidos da história do esporte nacional. Acostumados com seleções brasileiras juvenis, ambos pintam como ótimas revelações no clube gaúcho. Diego, que diz ser ""15 minutos mais experiente que o irmão", já se destaca no time titular.
""Tenho grande entrosamento com o Diogo. Quando ele está na esquerda, já sabe que eu estou entrando do outro lado. A mesma coisa acontece quando pego a bola na direita. A gente combina desde a barriga da mãe. A história de que gêmeos sentem a mesma coisa é verdade", diz Diego, que torce pela ascensão do irmão.
Diogo disputou na Europa um torneio com a seleção brasileira sub-18 e só teve chance até agora no time principal do Inter no Campeonato Gaúcho -diferentemente do mano, destro e atacante, ele é meia e canhoto.
Ambos se profissionalizaram nesta temporada. Têm o mesmo salário e são iguais em quase tudo (algo meio padrão para gêmeos).
""Eu odeio verdura. Ele também. Não temos carro ainda, mas queremos comprar o mesmo modelo. Gosto de moreninha, mesmo tipo de mulher que ele gosta. Só o meu cabelo está um pouquinho maior que o dele", disse Diogo, que registra 1,72 m como seu irmão e que pesa 2 kg a menos que o badalado mano (61 kg a 63 kg).
Como se não bastasse morar na mesma casa, trabalhar no mesmo local e estudar na mesma escola, eles namoram garotas (""gurias") com o mesmo nome: Camila.
""A diferença entre a gente fica nas namoradas. Já tivemos problemas com isso. Uma vez uma garota que já tinha ficado comigo abanou para ele, que ficou meio sem jeito. A garota veio me cobrar no outro dia", contou Diogo, que afirma ser mais ""brincalhão".
Confusões com os dois invadiram há muito tempo os campos.
""Em um Gre-Nal, a gente confundiu o adversário de propósito. Um cara estava me marcando, mas troquei de posição com o Diogo e fiquei livre [o técnico mandou os dois trocarem de número também]. Fiz o gol", disse Diego, que acredita ter chegado primeiro ao time principal por jogar no ataque. ""Na posição dele [meia", a concorrência é maior."
Diogo conta vários casos em que a grande semelhança com o irmão atrapalhou. ""Em um jogo em São Paulo, o Diego tomou um cartão amarelo. Depois, fiz uma falta, e o juiz me deu o amarelo e o vermelho. O treinador teve que entrar em campo e parar o jogo para explicar que eu não tinha recebido dois cartões amarelos."
Às vezes, o próprio técnico se confunde. ""Uma vez eu e o Diego estávamos na reserva. Ele chamou o Diego e o colocou no jogo. Depois de cinco minutos ele viu que tinha colocado o jogador errado. Ele queria um canhoto e me chamou. Entrei logo em seguida."
Hoje, eles são empresariados por Gilmar Veloz, que cuida da carreira do paraguaio Arce, por exemplo. Ambos esperam fazer parte da seleção olímpica que vai tentar a inédita medalha de ouro nos Jogos de Atenas, em 2004.
""A gente joga junto desde os 11 anos de idade. Começamos no futebol de salão. Ainda pequenos fomos para o Inter, pois toda nossa família é colorada. É bom ter sempre ao lado um membro da família, ter alguém em quem você pode confiar. Não tem nada de ruim em trabalhar com meu irmão gêmeo. Ao contrário, quando vem uma crítica a gente conversa bastante", disse Diego.
Como profissionais, os gêmeos só jogaram pelo Inter contra o Juventude, no Gaúcho. O jogo terminou 3 a 3. ""Mostramos que temos grande entrosamento. Depois, joguei mais com o Nilmar, com quem também tenho entrosamento desde as categorias de base. Agora que o Diogo voltou da seleção deverá ter mais chances, até porque o Brasileiro é muito longo", declarou Diego, que se recupera de uma lesão, mas deve jogar no domingo contra o Goiás.
O Inter, treinado por Muricy Ramalho, tem feito sucesso no Nacional apostando em jovens talentos -além de Diego e Diogo, Daniel Carvalho, Nilmar e Cleiton Xavier são boas revelações.
""O caminho é mesmo investir na molecada. O Santos mostrou isso no Brasileiro passado com o Diego e o Robinho. Neste ano, pode ser a nossa vez", disse Diogo.
Ele não mostra ciúme pelo fato de seu irmão já estar conseguindo boa projeção no cenário nacional. ""O Diego já está achando o espaço dele. Estou esperando a oportunidade para achar o meu. Nossa idéia sempre foi trabalhar forte para estourar no clube e ter chance na seleção olímpica", disse.
Diego aposta na decisão da CBF de enviar a seleção júnior para o Pan-Americano. ""Estou feliz porque meu trabalho está sendo reconhecido. Quero ir à Olimpíada. Tive a oportunidade de jogar com o Diogo em seleções. Espero que joguemos bem, que todos gostem. Seleção é consequência."
Na concentração, Diego e Diogo são colegas de quarto. A união pode acabar se um dos dois mudar de clube -o primeiro já estaria despertando o interesse de times estrangeiros. ""É muita alegria ficarmos juntos. A gente convive desde pequeno, mas sabemos que daqui a pouco a gente pode se separar. Será triste, mas temos que estar preparados", disse Diego.



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