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LEGISLAÇÃO
Texto que será levado ao Congresso na quinta-feira não determina quem vai avaliar as propostas de patrocínio
Incentivo fiscal sai com lacuna no projeto
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
O projeto de lei de incentivo fiscal para o esporte vai para o Congresso nesta semana com uma lacuna justamente num dos pontos
mais importantes, a avaliação das
propostas de patrocínio.
Pelo texto atual, caberá a uma
comissão o poder de aprovar ou
não os projetos apresentados. O
parágrafo único que trata da comissão diz que sua organização e
funcionamento ainda serão definidos. Afirma também que ela terá representantes indicados pelo
Ministério do Esporte e pelo Conselho Nacional de Esporte.
O próprio ministério afirma que
a definição é genérica, pois o Congresso deve regulamentar a comissão. A pasta não vê falha nesse
fato. Crê que não adiantaria o texto ser mais específico agora, já que
terá de passar pelos deputados.
O modelo do projeto é semelhante ao da Lei Rouanet, de incentivo à cultura.
Como a comissão irá definir
quem terá direito ao benefício fiscal, pesará agora o lobby dos dirigentes de cada modalidade para
assegurar a composição mais
conveniente a eles.
O presidente Lula irá assinar o
projeto de lei na quinta-feira, durante a Conferência Nacional do
Esporte, em Brasília.
Em seguida, o texto vai ser encaminhado ao Congresso.
Pelo projeto, as empresas que
investirem em programas esportivos poderão abater do Imposto
de Renda até 4% do valor gasto.
Em caso de pessoa física o abatimento pode chegar a 6%.
O ministro do Esporte, Orlando
Silva, evita calcular a quantia que
pode ser arrecadada anualmente
graças a nova lei. Seu antecessor,
Agnelo Queiroz, crê que no primeiro ano os investimentos podem chegar a R$ 200 milhões.
O orçamento do Ministério do
Esporte para 2006 é de R$ 895 milhões. "Já melhorou muito em relação ao primeiro ano do governo
Lula, em que o orçamento foi de
R$ 350 milhões, mas ainda é insuficiente. Com essa lei vamos ampliar o financiamento ao esporte",
disse o atual ministro.
Em 2005, a Lei Rouanet gerou
investimentos de aproximadamente R$ 600 milhões.
O texto do projeto voltado ao
esporte prevê que atletas profissionais (que têm vínculo empregatício, segundo a Lei Pelé) não
podem receber pagamento via incentivo fiscal, o que atinge em
cheio os jogadores de futebol e
suas equipes.
O Ministério do Esporte avalia
que o futebol já tem um pacote
voltado para ele, que inclui a Timemania e o projeto de lei de proteção ao clube formador.
"Queremos evitar que quem já
tem outros meios de bancar os salários de seus atletas use o incentivo fiscal para isso", disse Silva.
"Seria um absurdo usar a lei para dar dinheiro a jogadores que já
ganham milhões. Os atletas dos
outros esportes têm outra realidade", afirmou Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
O projeto prevê também que o
dinheiro referente aos patrocínios
aprovados deve ser depositado
apenas em agências do Banco do
Brasil ou da Caixa Econômica Federal, ambos estatais.
"Como o projeto é amplo, para
ser aplicado em todo o território
nacional, escolhemos bancos que
têm essa abrangência", declarou o
ministro do Esporte.
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