São Paulo, domingo, 02 de maio de 2010

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Copa-10 ignora público e favorece privado, diz ONG

Mundial beneficia empresas e Fifa com recursos da África do Sul, aponta estudo

Licitações nebulosas, gastos crescentes, conflitos de interesses e decisões em prejuízo da população são episódios do evento africano

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Copa do Mundo de 2010 gerou casos em que o interesse público foi deixado de lado em favor de lucros privados de empresas e da Fifa.
É o que diz estudo da ONG Instituto para Estudos de Segurança, que faz pesquisas sobre condição humana na África.
Sua intenção foi mostrar conflitos de interesse causados na relação entre empresas privadas e a Fifa com o governo sul-africano no Mundial.
Há condições no país africano parecidas com o Brasil, onde será sediada a Copa-2014.
O valor alto das obras é apontado como principal fator de corrupção, diz o estudo.
Em 2004, a estimativa era de R$ 540 milhões de gastos nos dez estádios. Ao final, a conta saiu por R$ 4 bilhões. Um estouro da mesma magnitude, por exemplo, do Pan-2007.
A Comissão de Serviço Público do governo sul-africano aponta baixos salários de funcionários como risco para corrupção. E a relação do poder público com empreiteiras gera grande potencial de corrupção.
Ambos fatores são encontrados em solo brasileiro.
Prazos apertados para a realização das obras também tendem a levar a contratações de emergência, o que costuma favorecer empresas com boas relações com os governos.
As obras de estádios e infraestrutura para o Mundial-2014 estão atrasadas no Brasil.
De diferente do caso brasileiro, a pesquisa do instituto mostra que 1.678 membros do governo têm cargos em empresas.
Em relação à Copa-2010, membros do Comitê Organizador Local são também membros do governo. Em geral, têm se posicionado ao lado da Fifa.
É o caso do estádio de Green Point, escolhido em detrimento dos interesse da Cidade do Cabo. Licitações nebulosas como a de cessão do Soccer City à empresa privada também são vistos. Os negócios da Fifa, como a imposição de agências de viagens a hotéis, são outro ponto problemático. Os textos ao lado detalham esses três casos.
Ao final, o Mundial custará cerca de R$ 8 bilhões à África do Sul, quase tudo de cofres públicos. Estima-se ganhar pouco menos da metade com turistas. Por isso, o estudo questiona se o Mundial é um bom negócio para a população do país.


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