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Copa-10 ignora público e favorece privado, diz ONG
Mundial beneficia empresas e Fifa com recursos da África do Sul, aponta estudo
Licitações nebulosas, gastos crescentes, conflitos de interesses e decisões em prejuízo da população são episódios do evento africano
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Copa do Mundo de 2010
gerou casos em que o interesse
público foi deixado de lado em
favor de lucros privados de empresas e da Fifa.
É o que diz estudo da ONG
Instituto para Estudos de Segurança, que faz pesquisas sobre
condição humana na África.
Sua intenção foi mostrar
conflitos de interesse causados
na relação entre empresas privadas e a Fifa com o governo
sul-africano no Mundial.
Há condições no país africano parecidas com o Brasil, onde
será sediada a Copa-2014.
O valor alto das obras é apontado como principal fator de
corrupção, diz o estudo.
Em 2004, a estimativa era de
R$ 540 milhões de gastos nos
dez estádios. Ao final, a conta
saiu por R$ 4 bilhões. Um estouro da mesma magnitude,
por exemplo, do Pan-2007.
A Comissão de Serviço Público do governo sul-africano
aponta baixos salários de funcionários como risco para corrupção. E a relação do poder
público com empreiteiras gera
grande potencial de corrupção.
Ambos fatores são encontrados em solo brasileiro.
Prazos apertados para a realização das obras também tendem a levar a contratações de
emergência, o que costuma favorecer empresas com boas relações com os governos.
As obras de estádios e infraestrutura para o Mundial-2014 estão atrasadas no Brasil.
De diferente do caso brasileiro, a pesquisa do instituto mostra que 1.678 membros do governo têm cargos em empresas.
Em relação à Copa-2010,
membros do Comitê Organizador Local são também membros do governo. Em geral, têm
se posicionado ao lado da Fifa.
É o caso do estádio de Green
Point, escolhido em detrimento dos interesse da Cidade do
Cabo. Licitações nebulosas como a de cessão do Soccer City à
empresa privada também são
vistos. Os negócios da Fifa, como a imposição de agências de
viagens a hotéis, são outro ponto problemático. Os textos ao
lado detalham esses três casos.
Ao final, o Mundial custará
cerca de R$ 8 bilhões à África
do Sul, quase tudo de cofres públicos. Estima-se ganhar pouco
menos da metade com turistas.
Por isso, o estudo questiona se
o Mundial é um bom negócio
para a população do país.
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