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"Excesso" de patrocínios perturba Corinthians
Batavo está insatisfeita com camisa
do time, que exibe outras 4 marcas
Responsável por 90% do
faturamento do uniforme,
empresa consulta jurídico
para avaliar rescisão; clube
diz que respeita o contrato
EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O que o Corinthians prega
ser o seu grande trunfo para ter
conseguido contratar Ronaldo
está lhe causando enorme dor
de cabeça. O loteamento da camisa do clube com cinco logomarcas provoca descontentamento da Batavo, seu principal
patrocinador, que desembolsou R$ 18 milhões para estar no
peito e nas costas do uniforme.
Segundo a Folha apurou, a
empresa já até consultou advogados para um possível rompimento do acordo, que vai até o
começo do próximo ano.
Se a rescisão partir dela, tem
de pagar o restante do valor
previsto em contrato.
O fato é que a Batavo sente-se prejudicada com tantas marcas expostas na camisa corintiana. Alega que paga muito
mais que os demais parceiros e
a exposição não é proporcional
a essa diferença financeira. A
marca do grupo Perdigão é responsável por 90% do faturamento corintiano no uniforme.
"No contrato não diz que é só
ela [Batavo] que pode estar na
camisa. Ela deveria ver com essas empresas de pesquisa
quanto tem de retorno", afirma
o presidente do clube alvinegro, Andres Sanchez. A Batavo
limitou-se a dizer que "não há
problemas com o contrato".
De fato, no acordo com a empresa há uma cláusula que especifica que o clube pode explorar outras marcas no uniforme. Isso foi feito por causa
do acordo com o Ronaldo
(manga e calção), justamente
para tentar evitar conflitos.
O jogador tem direito a 80%
do valor desses patrocínios e já
conseguiu vender espaço até
nas "axilas" das camisas. Segundo o Corinthians, os acordos com a Bozzano, Banco Pan-Americano, Baú e Avanço rendem R$ 2 milhões para o clube.
"Posso garantir que estamos
cumprindo integralmente o
que está acordado", diz o diretor jurídico do Corinthians,
Sérgio Alvarenga.
Especialistas em marketing
esportivo ouvidos pela Folha
reprovam a tática da diretoria
corintiana de lotear a camisa.
"Pelos nossos estudos, o torcedor não assimila várias marcas
ao mesmo clube", afirma César
Gualdani, executivo da TNS
Sport, braço da multinacional
especializada em pesquisas.
Ele explica que quando um
time se associa a várias empresas cai o índice de lembrança
do torcedor e a exposição da
marca fica prejudicada.
Para Amir Sommogi, da Casual Auditores, os clubes brasileiros são "vítimas de um modelo único" de parceria em que
ficam reféns do interesse do
patrocinador e sempre à espera
de que o valor cresça espontaneamente de ano para ano.
Os principais clubes da Europa não seguem essa receita.
O Real Madrid, que ganhou
129 milhões (cerca de R$ 387
milhões) na temporada passada, só tem um patrocinador de
camisa, e que responde a apenas 12% desse faturamento.
O presidente corintiano revela que o clube atuará, em alguns anos, com a camisa "limpa". "Estamos trabalhando para isso acontecer", diz Andres.
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