São Paulo, terça-feira, 02 de junho de 2009

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"Excesso" de patrocínios perturba Corinthians

Batavo está insatisfeita com camisa do time, que exibe outras 4 marcas

Responsável por 90% do faturamento do uniforme, empresa consulta jurídico para avaliar rescisão; clube diz que respeita o contrato


EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O que o Corinthians prega ser o seu grande trunfo para ter conseguido contratar Ronaldo está lhe causando enorme dor de cabeça. O loteamento da camisa do clube com cinco logomarcas provoca descontentamento da Batavo, seu principal patrocinador, que desembolsou R$ 18 milhões para estar no peito e nas costas do uniforme.
Segundo a Folha apurou, a empresa já até consultou advogados para um possível rompimento do acordo, que vai até o começo do próximo ano.
Se a rescisão partir dela, tem de pagar o restante do valor previsto em contrato.
O fato é que a Batavo sente-se prejudicada com tantas marcas expostas na camisa corintiana. Alega que paga muito mais que os demais parceiros e a exposição não é proporcional a essa diferença financeira. A marca do grupo Perdigão é responsável por 90% do faturamento corintiano no uniforme.
"No contrato não diz que é só ela [Batavo] que pode estar na camisa. Ela deveria ver com essas empresas de pesquisa quanto tem de retorno", afirma o presidente do clube alvinegro, Andres Sanchez. A Batavo limitou-se a dizer que "não há problemas com o contrato".
De fato, no acordo com a empresa há uma cláusula que especifica que o clube pode explorar outras marcas no uniforme. Isso foi feito por causa do acordo com o Ronaldo (manga e calção), justamente para tentar evitar conflitos.
O jogador tem direito a 80% do valor desses patrocínios e já conseguiu vender espaço até nas "axilas" das camisas. Segundo o Corinthians, os acordos com a Bozzano, Banco Pan-Americano, Baú e Avanço rendem R$ 2 milhões para o clube.
"Posso garantir que estamos cumprindo integralmente o que está acordado", diz o diretor jurídico do Corinthians, Sérgio Alvarenga.
Especialistas em marketing esportivo ouvidos pela Folha reprovam a tática da diretoria corintiana de lotear a camisa. "Pelos nossos estudos, o torcedor não assimila várias marcas ao mesmo clube", afirma César Gualdani, executivo da TNS Sport, braço da multinacional especializada em pesquisas.
Ele explica que quando um time se associa a várias empresas cai o índice de lembrança do torcedor e a exposição da marca fica prejudicada.
Para Amir Sommogi, da Casual Auditores, os clubes brasileiros são "vítimas de um modelo único" de parceria em que ficam reféns do interesse do patrocinador e sempre à espera de que o valor cresça espontaneamente de ano para ano.
Os principais clubes da Europa não seguem essa receita. O Real Madrid, que ganhou 129 milhões (cerca de R$ 387 milhões) na temporada passada, só tem um patrocinador de camisa, e que responde a apenas 12% desse faturamento.
O presidente corintiano revela que o clube atuará, em alguns anos, com a camisa "limpa". "Estamos trabalhando para isso acontecer", diz Andres.


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