São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2011

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Sem revolução

Reeleito para a presidência da Fifa até 2015, Blatter anuncia mudanças sem alterar estrutura da entidade e sem se abrir para controles externos

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A ZURIQUE

Há 13 anos na presidência da Fifa (Federação Internacional de Futebol Association), Joseph Blatter foi reeleito sem oposição para cumprir mandato até 2015. O suíço aprovou reformas na entidade máxima do futebol sem alterar sua estrutura ou se abrir a controles externos.
Apesar de nenhum dos membros da Fifa envolvidos em irregularidades ter sido expulso até agora, o dirigente defende que essas medidas acabam com a crise de corrupção na entidade.
Encerrou a "tormenta no barco" sem nenhuma investigação externa dos casos de compra de votos na eleição para presidente e para as sedes das Copas 2018 e 2022.
"Entramos em uma nova era de transparência e controle da Fifa. Foi a mensagem de todas as associações", disse Blatter. "Isso é mais que um alerta. Foi um cartão amarelo. E foi um êxito."
A principal mudança anunciada por ele foi repassar a votação sobre as sedes dos Mundiais ao Congresso da Fifa, com 208 federações. O Comitê-Executivo, que antes decidia sozinho, fará um corte inicial nos candidatos.
A escolha caberá ao mesmo colégio que elegeu Blatter e sofreu acusações de compra de votos, notadamente as de seu rival Mohamed bin Hammam sobre caribenhos.
Outra medida é o fortalecimento do Comitê de Ética. Passará a atuar dividido como uma promotoria e juízes. E será eleito pelo congresso -hoje, Blatter é o responsável por escolher os membros.
Esse é o órgão que até agora só suspendeu quatro membros do Comitê-Executivo contra os quais havia provas de corrupção: Reynald Temarii, Ados Adamu, Bin Hammam e Jack Warner.
Os dois primeiros foram substituídos porque seus mandatos acabaram. Os outros dois serão julgados.
Um inquérito independente, proposto pelos países nórdicos, nem sequer foi votado.
Blatter anunciou a criação de um comitê de soluções com pessoas de "fora da Fifa", como o político americano Henry Kissinger e o ex-jogador Johan Cruyff -ambos já têm ligação com o órgão, em homenagens e eventos.
O status de Blatter é praticamente um consenso na Fifa. Foi reeleito com 186 votos, de um total de 203 votantes.
Outros discursos também minimizaram os problemas. "Pessoas de fora da organização dizem que a Fifa é um desastre. No entanto, hoje mostramos o oposto", exaltou o membro do Comitê-Executivo Ángel María Villar.
Em entrevista, Blatter mostrou a nova "transparência". Aceitou responder a cerca de dez perguntas, sem críticas, feitas por repórteres escolhidos pelo assessor.


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