São Paulo, segunda-feira, 02 de julho de 2001

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VÔLEI

Anos Dourados

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Depois de anos de sofrimento, o vôlei masculino brasileiro volta a viver tempos dourados. A conquista do título da Liga Mundial mostrou que o maior mérito do técnico Bernardinho foi ter transformado a seleção em um time: os jogadores se uniram e passaram a confiar na nova comissão técnica.
Um exemplo foi a declaração do capitão Nalbert logo depois da vitória sobre a Rússia por 3 sets a 2 nas semifinais, no jogo mais dramático da seleção. "Nós temos a melhor comissão técnica do mundo", disse.
Uma avaliação dessas, feita por um jogador, já é meio caminho andado para o sucesso.
Na quadra, a seleção apresentou um novo perfil. Além de manter a tradição de atacar bem, o Brasil aprendeu que defender também é preciso.
Também mostrou evolução nesse fundamento. Pelas estatísticas da Liga, foi a única equipe com três jogadores entre os dez melhores de defesa: Escadinha, Giba e Nalbert.
O que também chamou a atenção foi a atuação de um time homogêneo. Tanto que é difícil falar quem jogou melhor.
Os titulares Maurício, André, Henrique, Gustavo, Giba, Nalbert e Escadinha foram perfeitos. Quando foi preciso, Giovane, Ricardinho, Anderson, André Heller e Dante entraram e não deixaram a bola cair.
O certo é que a equipe ganhou muito em entrosamento com a decisão de Bernardinho de colocar como titulares quatro jogadores do Minas, bicampeão brasileiro: Maurício, Giba, André e Henrique. O entrosamento deve ter ajudado os novatos André e Henrique a estrearem com tanta confiança em uma seleção.
A eficiência do canhoto André, a revelação do vôlei brasileiro na última temporada, foi um dos diferenciais. Nos últimos anos, a posição mais vulnerável da seleção era de oposto, o atacante de força. André resolveu esse problema e foi além: ganhou, com merecimento, o prêmio de melhor atacante da Liga.
Para o futuro, a seleção precisa que Dante, o caçula da equipe com 20 anos, ganhe mais regularidade e confiança. Entre os ponteiros (Nalbert, Giba e Giovane), é o que tem maior habilidade para atacar as bolas altas. E um atacante com essas características dá mais recursos de jogadas para o Brasil.
Sobre as outras seleções finalistas, o título de decepção da Liga fica sem dúvida para Cuba. Apesar da mudança na comissão técnica e do aprimoramento da preparação física, o time voltou a mostrar seu tradicional ponto frágil: o desequilíbrio emocional. Perdeu da Itália por 3 a 0 e ficou fora das semifinais.
Já a derrota para o Brasil custou caro para alguns jogadores russos. Na decisão do terceiro lugar contra a Iugoslávia, o técnico colocou três titulares na reserva: Iakovlev, Saveliev e o levantador Ushakov, que fez aquele erro fatal de levantamento quando estava 18 a 18 no quinto set contra o Brasil.
Ushakov viu seu reserva, Roman Arkhipov, 20 anos, brilhar na vitória por 3 sets a 0 sobre os iugoslavos e ganhar o prêmio de melhor jogador da partida.
Para encerrar, vale lembrar que o título da Liga quebra uma série de oito anos sem grandes conquistas do vôlei masculino brasileiro. Quem sabe agora o vôlei nacional ganhe novo impulso, já que a vida de muitos clubes não anda nada boa.
Mas esse é um assunto para outra coluna.


Dirigentes eternos
O presidente da Federação Internacional de Vôlei (FIVB), o mexicano Ruben Acosta, já anunciou: vai lançar sua candidatura à reeleição no Congresso Mundial, marcado para o próximo ano na Argentina. Acredite se quiser: ele está no cargo desde 1984. Ou seja: 17 anos no poder.

Mundial
Definidas as primeiras seleções européias para o Mundial de 2002. No feminino, a Rússia, atual vice-campeã olímpica, e a República Tcheca garantiram vagas em dois qualificatórios da Europa. A República Tcheca também assegurou a classificação no torneio masculino. Já a seleção brasileira feminina, comandada pelo técnico Marco Aurélio Motta, disputará a partir desta sexta-feira o Torneio Classificatório para o Mundial, em Santa Fé, na Argentina.

E-mail - cidasan@uol.com.br


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