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VÔLEI
Anos Dourados
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Depois de anos de sofrimento, o vôlei masculino
brasileiro volta a viver tempos
dourados. A conquista do título
da Liga Mundial mostrou que o
maior mérito do técnico Bernardinho foi ter transformado a seleção em um time: os jogadores
se uniram e passaram a confiar
na nova comissão técnica.
Um exemplo foi a declaração
do capitão Nalbert logo depois
da vitória sobre a Rússia por 3
sets a 2 nas semifinais, no jogo
mais dramático da seleção.
"Nós temos a melhor comissão
técnica do mundo", disse.
Uma avaliação dessas, feita
por um jogador, já é meio caminho andado para o sucesso.
Na quadra, a seleção apresentou um novo perfil. Além de
manter a tradição de atacar
bem, o Brasil aprendeu que defender também é preciso.
Também mostrou evolução
nesse fundamento. Pelas estatísticas da Liga, foi a única equipe
com três jogadores entre os dez
melhores de defesa: Escadinha,
Giba e Nalbert.
O que também chamou a
atenção foi a atuação de um time homogêneo. Tanto que é difícil falar quem jogou melhor.
Os titulares Maurício, André,
Henrique, Gustavo, Giba, Nalbert e Escadinha foram perfeitos. Quando foi preciso, Giovane, Ricardinho, Anderson, André Heller e Dante entraram e
não deixaram a bola cair.
O certo é que a equipe ganhou
muito em entrosamento com a
decisão de Bernardinho de colocar como titulares quatro jogadores do Minas, bicampeão brasileiro: Maurício, Giba, André e
Henrique. O entrosamento deve
ter ajudado os novatos André e
Henrique a estrearem com tanta confiança em uma seleção.
A eficiência do canhoto André, a revelação do vôlei brasileiro na última temporada, foi
um dos diferenciais. Nos últimos
anos, a posição mais vulnerável
da seleção era de oposto, o atacante de força. André resolveu
esse problema e foi além: ganhou, com merecimento, o prêmio de melhor atacante da Liga.
Para o futuro, a seleção precisa que Dante, o caçula da equipe com 20 anos, ganhe mais regularidade e confiança. Entre os
ponteiros (Nalbert, Giba e Giovane), é o que tem maior habilidade para atacar as bolas altas.
E um atacante com essas características dá mais recursos de jogadas para o Brasil.
Sobre as outras seleções finalistas, o título de decepção da Liga fica sem dúvida para Cuba.
Apesar da mudança na comissão técnica e do aprimoramento
da preparação física, o time voltou a mostrar seu tradicional
ponto frágil: o desequilíbrio
emocional. Perdeu da Itália por
3 a 0 e ficou fora das semifinais.
Já a derrota para o Brasil custou caro para alguns jogadores
russos. Na decisão do terceiro
lugar contra a Iugoslávia, o técnico colocou três titulares na reserva: Iakovlev, Saveliev e o levantador Ushakov, que fez
aquele erro fatal de levantamento quando estava 18 a 18 no
quinto set contra o Brasil.
Ushakov viu seu reserva, Roman Arkhipov, 20 anos, brilhar
na vitória por 3 sets a 0 sobre os
iugoslavos e ganhar o prêmio de
melhor jogador da partida.
Para encerrar, vale lembrar
que o título da Liga quebra uma
série de oito anos sem grandes
conquistas do vôlei masculino
brasileiro. Quem sabe agora o
vôlei nacional ganhe novo impulso, já que a vida de muitos
clubes não anda nada boa.
Mas esse é um assunto para
outra coluna.
Dirigentes eternos
O presidente da Federação Internacional de Vôlei (FIVB), o
mexicano Ruben Acosta, já anunciou: vai lançar sua candidatura à reeleição no Congresso Mundial, marcado para o próximo
ano na Argentina. Acredite se quiser: ele está no cargo desde
1984. Ou seja: 17 anos no poder.
Mundial
Definidas as primeiras seleções européias para o Mundial de
2002. No feminino, a Rússia, atual vice-campeã olímpica, e a
República Tcheca garantiram vagas em dois qualificatórios da
Europa. A República Tcheca também assegurou a classificação
no torneio masculino. Já a seleção brasileira feminina, comandada pelo técnico Marco Aurélio Motta, disputará a partir desta
sexta-feira o Torneio Classificatório para o Mundial, em Santa
Fé, na Argentina.
E-mail - cidasan@uol.com.br
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