São Paulo, terça-feira, 02 de julho de 2002

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PENTA

Amigos querem que presidente da CBF continue no cargo

Aliados de Teixeira já falam em reeleição

DOS ENVIADOS A YOKOHAMA

Após a conquista da seleção, a tropa de choque de Ricardo Teixeira lançou extraoficialmente no Japão a campanha para que o dirigente fique por mais um mandato à frente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
O maior entusiasta da permanência de Teixeira é seu tio Marco Antonio Teixeira. Logo após Cafu erguer a Taça Fifa, o secretário-geral da CBF bradava contra os críticos da gestão de seu sobrinho.
"Quem disse que a CBF era desorganizada errou. Nossa gestão é vencedora. Falaram um monte de descalabros, e nada ficou provado. O maior responsável pelo penta é o povo. Depois, é o Ricardo [Teixeira"", afirmou o cartola.
Com a medalha de campeão no peito, Marco Antonio Teixeira desabafou na festa organizada pela Rede Globo no hotel da seleção.
À Folha, disse que estará na Copa de 2006. "Já tenho três dessas medalhas. Uma de prata e duas de ouro. Na Alemanha quero ganhar a quarta", afirmou o dirigente.
Questionado sobre o fato de Teixeira ter dito que está cumprindo seu último mandato, Marco Antonio retrucou. "Provamos nossa capacidade. O Ricardo também estará lá [na Alemanha"".
A idéia de Ricardo Teixeira desistir de deixar a confederação em 2003 tem mais adeptos. Em Yokohama estão dois deles: Weber Magalhães, presidente da federação do Distrito Federal e chefe de delegação da seleção, e Emídio Perondi, presidente da Federação Gaúcha e amigo pessoal do principal cartola do futebol brasileiro.
"O Ricardo é muito responsável por esse título mundial. Não dá para questionar a competência de um homem que disputa quatro Copas, ganha duas e é vice em uma", declarou Magalhães.
No Brasil, a base de apoio de Teixeira garantiria com facilidade mais uma reeleição -a quarta.
No colégio eleitoral da CBF têm direito a voto todos os clubes da primeira divisão do Brasileiro e as 27 federações estaduais.
Mesmo que os 24 times da elite votem contra Teixeira, o que parece cada vez mais improvável com o enfraquecimento do Clube dos 13, o cartola, apoiado pelas federações, venceria a eleição.
O pleito acontece em 2003, mas o dirigente, devassado por duas CPIs em Brasília, chegou a afirmar que não concorreria. Ontem, ele evitou o assunto. Disse que estava cansado e apenas dedicou o título ao povo brasileiro.
Quando pisar hoje no Brasil, Teixeira terá que encarar problemas que não desapareceram com seu segundo título mundial.
O primeiro deles é com a Justiça. Segundo a Folha apurou, o Ministério Público do Rio já tem preparado mais pedidos de abertura de inquérito contra Teixeira, baseado nas investigações das CPIs da CBF/Nike, na Câmara, e do Futebol, no Senado.
O presidente da CBF já é réu em processo sobre empréstimos feitos pela confederação junto ao Delta Bank, em 1998. Segundo relatório do deputado Silvio Torres (PSDB-SP), que não chegou a ser aprovado, a entidade pagou juros extorsivos ao banco norte-americano. Há suspeita de remessa ilegal de divisas ao exterior.
O segundo problema diz respeito à chamada MP da moralização, editada pelo governo Fernando Henrique Cardoso durante o Mundial Coréia/Japão.
Teixeira deve ser cobrado pelos clubes para tomar uma posição sobre a medida provisória, que prevê a obrigatoriedade da transformação das equipes em empresas e a disponibilidade dos bens dos cartolas para pagar dívidas contraídas pelos times. (FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)


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