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PENTA
Amigos querem que presidente da CBF continue no cargo
Aliados de Teixeira já falam em reeleição
DOS ENVIADOS A YOKOHAMA
Após a conquista da seleção, a
tropa de choque de Ricardo Teixeira lançou extraoficialmente no
Japão a campanha para que o dirigente fique por mais um mandato à frente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
O maior entusiasta da permanência de Teixeira é seu tio Marco
Antonio Teixeira. Logo após Cafu
erguer a Taça Fifa, o secretário-geral da CBF bradava contra os
críticos da gestão de seu sobrinho.
"Quem disse que a CBF era desorganizada errou. Nossa gestão é
vencedora. Falaram um monte de
descalabros, e nada ficou provado. O maior responsável pelo
penta é o povo. Depois, é o Ricardo [Teixeira"", afirmou o cartola.
Com a medalha de campeão no
peito, Marco Antonio Teixeira desabafou na festa organizada pela
Rede Globo no hotel da seleção.
À Folha, disse que estará na Copa de 2006. "Já tenho três dessas
medalhas. Uma de prata e duas de
ouro. Na Alemanha quero ganhar
a quarta", afirmou o dirigente.
Questionado sobre o fato de
Teixeira ter dito que está cumprindo seu último mandato, Marco Antonio retrucou. "Provamos
nossa capacidade. O Ricardo também estará lá [na Alemanha"".
A idéia de Ricardo Teixeira desistir de deixar a confederação em
2003 tem mais adeptos. Em Yokohama estão dois deles: Weber Magalhães, presidente da federação
do Distrito Federal e chefe de delegação da seleção, e Emídio Perondi, presidente da Federação
Gaúcha e amigo pessoal do principal cartola do futebol brasileiro.
"O Ricardo é muito responsável
por esse título mundial. Não dá
para questionar a competência de
um homem que disputa quatro
Copas, ganha duas e é vice em
uma", declarou Magalhães.
No Brasil, a base de apoio de
Teixeira garantiria com facilidade
mais uma reeleição -a quarta.
No colégio eleitoral da CBF têm
direito a voto todos os clubes da
primeira divisão do Brasileiro e as
27 federações estaduais.
Mesmo que os 24 times da elite
votem contra Teixeira, o que parece cada vez mais improvável
com o enfraquecimento do Clube
dos 13, o cartola, apoiado pelas federações, venceria a eleição.
O pleito acontece em 2003, mas
o dirigente, devassado por duas
CPIs em Brasília, chegou a afirmar que não concorreria. Ontem,
ele evitou o assunto. Disse que estava cansado e apenas dedicou o
título ao povo brasileiro.
Quando pisar hoje no Brasil,
Teixeira terá que encarar problemas que não desapareceram com
seu segundo título mundial.
O primeiro deles é com a Justiça. Segundo a Folha apurou, o
Ministério Público do Rio já tem
preparado mais pedidos de abertura de inquérito contra Teixeira,
baseado nas investigações das
CPIs da CBF/Nike, na Câmara, e
do Futebol, no Senado.
O presidente da CBF já é réu em
processo sobre empréstimos feitos pela confederação junto ao
Delta Bank, em 1998. Segundo relatório do deputado Silvio Torres
(PSDB-SP), que não chegou a ser
aprovado, a entidade pagou juros
extorsivos ao banco norte-americano. Há suspeita de remessa ilegal de divisas ao exterior.
O segundo problema diz respeito à chamada MP da moralização,
editada pelo governo Fernando
Henrique Cardoso durante o
Mundial Coréia/Japão.
Teixeira deve ser cobrado pelos
clubes para tomar uma posição
sobre a medida provisória, que
prevê a obrigatoriedade da transformação das equipes em empresas e a disponibilidade dos bens
dos cartolas para pagar dívidas
contraídas pelos times.
(FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)
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