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Cruyff desagrada aos dois técnicos
Líder da Laranja Mecânica critica jeito de jogar de Brasil e Holanda e une Dunga e Van Marwijk
DOS ENVIADOS A PORT ELIZABETH
Falastrão, crítico contumaz do futebol brasileiro nos
últimos anos, e agora também da seleção de seu país,
Johan Cruyff, o maior jogador da história da Holanda,
uniu os dois treinadores que
se enfrentam hoje em Port
Elizabeth pelas quartas de final da Copa do Mundo.
Tanto Dunga como Bert
van Marwijk, compatriota de
Cruyff, ironizaram o ex-jogador pelas declarações que fez
ao tabloide inglês "Daily Mirror" contra o Brasil.
"Cadê o time brasileiro que
todos nós conhecemos?
Lembro-me de Gerson, Tostão, Sócrates, Falcão, Zico.
Agora só vejo Gilberto, [Felipe] Melo, [Michel] Bastos, Júlio Baptista", criticou Cruyff.
"Onde está a magia brasileira? Posso entender por que
Dunga chamou alguns desses jogadores, mas cadê o armador, a habilidade no
meio-campo?", declarou ele,
acrescentando que não pagaria para ver o Brasil jogar.
Ao ser indagado, Dunga
reagiu ironicamente.
"Ele deve ter ingresso grátis, por isso não paga. Tem
bastante jogo para ele escolher. Na democracia você pode escolher o que quiser. Mas
ele não deve pagar ingresso
porque tem de graça da Fifa",
afirmou o técnico brasileiro.
"Cada um tem seu ponto
de vista. Tem gente que gosta
de falar que jogava, que fazia
gol, que cabeceava. Mas cada
época teve os seus jogadores
de qualidade, só que havia
problemas", falou Dunga, dizendo por outro lado que veria jogo da Holanda, mas pela TV. "É que sou pão-duro."
Comandando os rivais de
hoje, o técnico holandês também respondeu com ironia
às críticas do compatriota
Cruyff. "Ele sempre tem uma
opinião forte. Hoje ele gosta
do estilo espanhol, mas a Espanha também tem problemas. Só quando fez o gol contra Portugal é que começou a
jogar bem e controlar a partida", declarou Van Marwijk.
"DO CONTRA"
Van Marwijk costuma dizer que Cruyff é "do contra",
não só em seu caso, mas em
qualquer outro. "[Mas] Tenho certeza de que ele estará
aqui [no jogo de hoje]."
Van Marwijk tem sido vítima da língua afiada de Cruyff
desde que decidiu adotar estilo semelhante ao de Dunga
para a seleção laranja. Isto é,
o que importa é vencer sempre, mesmo que signifique
abdicar do futebol bonito.
Antes da Copa, Van Marwijk e Cruyff conversaram. O
líder da Laranja Mecânica,
como ficou conhecido a equipe vice-campeã em 1974,
declarou ao interlocutor que
não entendia por que a Holanda tinha mudado seu estilo de jogo e que não concordava com isso.
(EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO
COBOS E SÉRGIO RANGEL)
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