Líder da Série B, o Atlético-GO, presidido pelo secretário da Fazenda do DF, faz campanha similar à do Corinthians-2008

O VASCO de 2009 não é sombra do que foi o Corinthians na Série B de 2008. Nem poderia. O clube ainda sofre com a herança do ex-deputado Eurico Miranda.
Há dois meses, enquanto negociava o novo material esportivo com a Penalty, o presidente Roberto Dinamite tinha uma faca no pescoço. O Vasco devia R$ 8,4 milhões à empresa, a dívida era discutida na Justiça e impedia o clube de negociar outro patrocínio, com a estatal Eletrobrás. Dívida contraída na gestão de Eurico, o ex-deputado.
Na Série B, quem faz campanha semelhante à dos corintianos de 2008 é o Atlético-GO, que venceu o Guarani anteontem e soma 32 pontos, o mesmo que o Corinthians na 15ª rodada do ano passado.
Não é surpresa.
No início do ano, os goianos chamavam a atenção para o time presidido pelo ex-vice-prefeito de Goiânia e atual secretário da Fazenda do Distrito Federal, Valdivino José de Oliveira. O presidente do Atlético é o braço direito do governador José Roberto Arruda e homem do dinheiro em Brasília. Também foi secretário da Fazenda no governo Joaquim Roriz e conta-se que será candidato a deputado federal pelo PMDB em 2010.
Se um clube sofre pela herança do ex-deputado, o outro vibra com a gestão do futuro parlamentar.
A Série A também vive às voltas com times surpreendentes, formados por empresários como Ronan Maria Pinto, do Santo André. E com gigantes ameaçados, como o Botafogo. Uns vivem de dinheiro suspeito, outros sofrem por gestões sinistras.
Há seis anos, o Botafogo equilibra-se tentando pagar suas contas em dia, como hoje faz o Vasco. Para isso, diminuiu sua folha de pagamento para R$ 1,2 milhão, metade do que gasta o clube de Dinamite mensalmente.
Nesse ponto, o Vasco ainda não é um modelo. O risco é a opinião pública cair na arapuca de julgar o Atlético-GO um clube mais moderno. "Temos o menor orçamento, comparando com qualquer um entre os dez melhores da Série B. Gastamos 70% do Vila Nova", jura o vice-presidente Maurício Sampaio.
O elenco é montado à base de parcerias. O principal patrocinador, a Linknet, apareceu em denúncia do deputado distrital Chico Leite, em 2003. Leite mostrava que, em 14 meses, o governo do DF repassou para o Instituto Candango de Solidariedade R$ 355 milhões, para pagar servidores contratados sem concurso público e fazer compras sem licitação. Parte desse dinheiro teria servido para pagar a Linknet. Na época, Valdivino de Oliveira já era secretário da Fazenda do DF.
Dorival Júnior acha normal a oscilação vascaína: "Nosso elenco é muito jovem". Maurício Sampaio, o vice-presidente do Atlético-GO, aponta para a experiência de alguns jogadores que formam a base de seu time há três anos. "Pituca, Robston, Jairo e Gílson", diz ele. Com essa base, o Atlético saiu da segunda divisão goiana, foi campeão estadual em 2007, ganhou a Série C em 2008 e lidera a Série B em 2009.
Em comum, esses jogadores têm passagens pelo Brasiliense, alguns deles na Série A de 2005. A explicação está na boca do vice-presidente Maurício Sampaio: "O ex-senador Luiz Estevão tem muito carinho pelo Atlético e pelo Valdivino".

pvc@uol.com.br


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