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F-1
Na corrida mais monótona do ano, alemão quebra novos recordes e afirma que sua Ferrari parece ser de outro mundo
Schumacher vence com carro "alienígena"
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SPA
Foi a corrida mais chata do ano.
Mantendo a rotina, Michael
Schumacher venceu ontem o GP
da Bélgica e quebrou uma série de
recordes. Ao final, como que cansado de dar explicações, o alemão
foi direto ao ponto: "Essa Ferrari
até parece uma nave alienígena".
Em seus 52 anos de história, a F-1 nunca havia registrado um sucesso tão arrasador como o de
Schumacher e seu carro em 2002.
Na pista onde estreou na categoria, há 11 anos, o pentacampeão
referendou o maior domínio de
um piloto em uma temporada.
Nunca nenhum homem havia
conseguido vencer dez provas em
apenas um Mundial. O ferrarista
atingiu essa marca ontem.
Schumacher ainda superou
Ayrton Senna e se tornou o maior
vencedor do GP da Bélgica. Soma,
agora, seis vitórias em Spa.
Por fim, conseguiu, pela 11ª vez
na carreira, terminar um final de
semana com a pole, a vitória e a
volta mais rápida. É o novo recordista dessa estatística, empatado
com Jim Clark, mito dos anos 60.
O segundo lugar ficou com Rubens Barrichello, que em nenhum
momento teve chances de se
aproximar do companheiro.
Com o resultado, o brasileiro
ampliou sua vantagem na vice-liderança da temporada. Tem, agora, sete pontos de folga sobre o colombiano Juan Pablo Montoya,
terceiro colocado ontem.
Impotente contra as duas Ferrari, o piloto da Williams admitiu
que correr neste ano vem sendo
frustrante. "Nosso carro não vai
mais rápido do que aquilo. Estamos fazendo o máximo. Não há
muito o que dizer", declarou.
No final da curva Eau Rouge,
por exemplo, o carro de Schumacher chegou ontem a 319,4 km/h.
O máximo que o colombiano
conseguiu foi atingir 313,4 km/h.
A corrida, ontem, foi definida
na primeira curva. Largando da
pole position, o alemão desapareceu na frente da concorrência.
Terceiro no grid, Barrichello superou o McLaren de Kimi Raikkonen e assumiu o segundo lugar.
Montoya também bateu o finlandês nos primeiros metros, definindo, assim, o pódio do GP.
Por sete vezes seguidas, do
quinto ao 11º giro, o alemão cravou a volta mais rápida da corrida. Schumacher só perdeu a liderança por uma volta, quando entrou nos boxes para seu primeiro
pit stop -no segundo pit, a vantagem para Barrichello era tão
confortável que o alemão trocou
pneus, reabasteceu e ainda retornou à pista na primeira posição.
Tanta voracidade, talvez, tenha
uma explicação. O pentacampeão
pode ter feito isso para abrir a
maior folga possível na pista e evitar que a Ferrari lhe pedisse para
dar passagem para Barrichello.
Na parte final do GP, porém, o
fantasma das ordens de equipe
surgiu. A partir da 40ª volta, o alemão aliviou o ritmo. Nas quatro
últimas voltas, sua folga para o
brasileiro caiu 12 segundos.
"Vi que muita gente estava com
problemas de motor e decidi, por
precaução, poupar o equipamento. Não havia motivos para preocupação", disse Schumacher. "Se
fosse necessário, eu voltaria a acelerar como antes."
A corrida só foi movimentada
nos pelotões intermediário e do
fundo. O brasileiro Felipe Massa
travou um acirrado duelo com
Nick Heidfeld, superou o companheiro de equipe, mas o motor estourou a seis voltas do fim.
Jacques Villeneuve x Giancarlo
Fisichella e Mika Salo x Eddie Irvine travaram disputas cada vez
mais raras no pelotão da frente.
Criticada pelos pilotos durante
todo o final de semana, a publicidade de cerveja pintada no asfalto, na reta Kemmel, foi retirada
para a corrida. A FIA decidiu
proibir a novidade.
Em seu comunicado à imprensa, a Ferrari fez questão de lembrar: foi a 50ª corrida seguida em
que colocou pelo menos um de
seus pilotos no pódio. A sequência começou no GP da Malásia de
1999. Coisa de outro mundo. Coisa de uma equipe alienígena.
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