São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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F-1

Na corrida mais monótona do ano, alemão quebra novos recordes e afirma que sua Ferrari parece ser de outro mundo

Schumacher vence com carro "alienígena"

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SPA

Foi a corrida mais chata do ano. Mantendo a rotina, Michael Schumacher venceu ontem o GP da Bélgica e quebrou uma série de recordes. Ao final, como que cansado de dar explicações, o alemão foi direto ao ponto: "Essa Ferrari até parece uma nave alienígena".
Em seus 52 anos de história, a F-1 nunca havia registrado um sucesso tão arrasador como o de Schumacher e seu carro em 2002.
Na pista onde estreou na categoria, há 11 anos, o pentacampeão referendou o maior domínio de um piloto em uma temporada. Nunca nenhum homem havia conseguido vencer dez provas em apenas um Mundial. O ferrarista atingiu essa marca ontem.
Schumacher ainda superou Ayrton Senna e se tornou o maior vencedor do GP da Bélgica. Soma, agora, seis vitórias em Spa.
Por fim, conseguiu, pela 11ª vez na carreira, terminar um final de semana com a pole, a vitória e a volta mais rápida. É o novo recordista dessa estatística, empatado com Jim Clark, mito dos anos 60.
O segundo lugar ficou com Rubens Barrichello, que em nenhum momento teve chances de se aproximar do companheiro.
Com o resultado, o brasileiro ampliou sua vantagem na vice-liderança da temporada. Tem, agora, sete pontos de folga sobre o colombiano Juan Pablo Montoya, terceiro colocado ontem.
Impotente contra as duas Ferrari, o piloto da Williams admitiu que correr neste ano vem sendo frustrante. "Nosso carro não vai mais rápido do que aquilo. Estamos fazendo o máximo. Não há muito o que dizer", declarou.
No final da curva Eau Rouge, por exemplo, o carro de Schumacher chegou ontem a 319,4 km/h. O máximo que o colombiano conseguiu foi atingir 313,4 km/h.
A corrida, ontem, foi definida na primeira curva. Largando da pole position, o alemão desapareceu na frente da concorrência.
Terceiro no grid, Barrichello superou o McLaren de Kimi Raikkonen e assumiu o segundo lugar. Montoya também bateu o finlandês nos primeiros metros, definindo, assim, o pódio do GP.
Por sete vezes seguidas, do quinto ao 11º giro, o alemão cravou a volta mais rápida da corrida. Schumacher só perdeu a liderança por uma volta, quando entrou nos boxes para seu primeiro pit stop -no segundo pit, a vantagem para Barrichello era tão confortável que o alemão trocou pneus, reabasteceu e ainda retornou à pista na primeira posição.
Tanta voracidade, talvez, tenha uma explicação. O pentacampeão pode ter feito isso para abrir a maior folga possível na pista e evitar que a Ferrari lhe pedisse para dar passagem para Barrichello.
Na parte final do GP, porém, o fantasma das ordens de equipe surgiu. A partir da 40ª volta, o alemão aliviou o ritmo. Nas quatro últimas voltas, sua folga para o brasileiro caiu 12 segundos.
"Vi que muita gente estava com problemas de motor e decidi, por precaução, poupar o equipamento. Não havia motivos para preocupação", disse Schumacher. "Se fosse necessário, eu voltaria a acelerar como antes."
A corrida só foi movimentada nos pelotões intermediário e do fundo. O brasileiro Felipe Massa travou um acirrado duelo com Nick Heidfeld, superou o companheiro de equipe, mas o motor estourou a seis voltas do fim.
Jacques Villeneuve x Giancarlo Fisichella e Mika Salo x Eddie Irvine travaram disputas cada vez mais raras no pelotão da frente.
Criticada pelos pilotos durante todo o final de semana, a publicidade de cerveja pintada no asfalto, na reta Kemmel, foi retirada para a corrida. A FIA decidiu proibir a novidade.
Em seu comunicado à imprensa, a Ferrari fez questão de lembrar: foi a 50ª corrida seguida em que colocou pelo menos um de seus pilotos no pódio. A sequência começou no GP da Malásia de 1999. Coisa de outro mundo. Coisa de uma equipe alienígena.



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