São Paulo, domingo, 02 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JUCA KFOURI

STJD, STF, CBF: é o Febeapá


Na sopa de letras que nos entope, só mesmo o Febeapá para lembrar o quanto estamos longe de ser sérios


STANISLAW Ponte Preta faz falta. Menos mal que a editora Agir lançou recentemente um volume com o melhor da obra de Sérgio Porto, embora seja de se suspeitar que, se ele não tivesse morrido tão cedo, aos 45 anos, em 1968, morreria agora. De rir.
Porque está mesmo duro agüentar o patropi, cujo Festival de Besteiras que Assola o País bate todos os recordes. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva pune com a mesma pena um técnico e um atleta.
Dorival Júnior, do Cruzeiro, invadiu o campo no intervalo do jogo para reclamar do péssimo árbitro: 120 dias de gancho. Túlio, do Botafogo, chutou o rosto de um colega de profissão estendido no chão: 120 dias de suspensão.
Tanto "ão", nenhuma solução.
É claro que, em breve, o mesmo STJD haverá de transformar a pena em cestas básicas, não as que faltaram no Pré-Olímpico de basquete (que por faltarem novamente deixam o Brasil fora da Olimpíada), como é praxe.
Tratar da simplificação dos tais tribunais esportivos do país nem pensar, embora a Fifa e os países europeus já adotem ritos quase sumários há muito tempo. Mas seria cercear o sagrado direito de defesa, dizem os nossos bacharéis, filhotes da herança maldita de uma tradição cartorial que parece não ter fim.
E os doutores ficam famosos por meio das páginas esportivas, para alegria de seus escritórios particulares, provavelmente vazios não fosse a notoriedade que as luzes do futebol produzem.
Pior é que, depois do que vimos acontecer entre magistrados do Supremo Tribunal Federal, falar o que do STJD? Cadê a liturgia?
Até os meliantes têm razão quando alegam a suspeição de seus juízes, apesar de a sociedade já ter a sentença transitada em julgado.
Enquanto isso, dona CBF vende a Copa de 2014 no Brasil, nem aí para os recentes vexames das categorias de base nos Mundiais sub-20 e sub-17, no Canadá e na Coréia do Sul, times entregues a desconhecidos e sob assédio permanente da farra dos empresários.
Claro, o Brasil não é uma sigla, embora tenha "B" de bola, "r" de rapina, "a" de asseclas, "s" de sicários, "i" de injusto e "l" de ladrões.
Como tem o PT, a FPF, o PSDB, o INSS, o DEM, o COB, a UNE, o PMDB, a IURD, a CBB, essas coisas estranhas, algumas delas, poucas é verdade, até com passado mais recomendável, mas com um presente simplesmente deplorável.
Sim, raro leitor, então não há nada que preste, está tudo errado, até com a imprensa nacional que vive um clima de Fla-Flu, incapaz de divergir sem chamar o outro lado de picareta ou golpista?
A resposta é sim, continua tudo errado, já não se sabe se por causa ainda da herança de tanto tempo sob regime ditatorial ou se apenas porque o ser humano é mesmo um projeto inviável, nos gramados, nas quadras, nos gabinetes, nas igrejas e nos tribunais, sejam quais forem.
Resta ao jornalista apontar sem se preocupar em agradar quem quer que seja.
Aliás, cada vez mais uma convicção se cristaliza: tanto melhor será o papel da imprensa quanto mais gente desagradar, até que não haja ninguém que goste dela. Ufa!

blogdojuca@uol.com.br


Texto Anterior: Italiano: Juventus e Roma buscam segunda vitória
Próximo Texto: Empate fora satisfaz Caio Júnior hoje
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.