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VÔLEI
Bola pra frente
A seleção feminina tem o desafio de achar levantadora à altura de Fofão; no masculino, curar ferida e manter o técnico
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
O
PRÓXIMO grande desafio da
seleção brasileira feminina é
o Mundial de vôlei de 2010.
É o único título que falta agora ao
time, que, em Pequim, conquistou
sua primeira medalha de ouro olímpica. O Brasil já chegou perto: foi
duas vezes vice-campeão mundial,
em 1994 e em 2006.
Como a média de idade do time titular, sem contar Fofão, é 25 anos, a
seleção deve chegar quase completa
ao Mundial e aos Jogos de Londres,
em 2012. A central Walewska, que
havia anunciado a despedida, parece
já em dúvida. Problema será arrumar uma substituta para Fofão.
Aos 38 anos, a levantadora está firme e parece que não vai ceder mesmo aos apelos para jogar até o Mundial. A sua reserva, Carol, vai seguir o
mesmo caminho. Ou seja: o técnico
José Roberto Guimarães tem pouco
tempo para preparar uma levantadora para comandar a seleção.
As opções não são muitas: Ana
Tiemi, do Osasco, Dani Lins, do Rio
de Janeiro, e Fabíola, do Brusque,
são as mais cotadas. Mas todas têm a
mesma deficiência: a falta de experiência internacional e uma certa irregularidade. Uma das ironias do
vôlei brasileiro foi ter duas grandes
levantadoras na mesma geração.
Fofão viveu à sombra de Fernanda
Venturini até despontar como titular na medalha de bronze nos Jogos
de Sydney e no ouro de Pequim.
Com a aposentadoria das duas, agora temos uma enorme lacuna.
No vôlei masculino, o técnico Bernardinho deve decidir nesta semana
se continua no comando da seleção
masculina. A tendência é que permaneça. Ele é a melhor opção. É um
grande técnico e construiu um currículo invejável.
Está certo que 2008 não foi um
grande ano: pela primeira vez na era
Bernardinho, o Brasil ficou fora do
pódio na Liga Mundial. E foi prata
em Pequim. A impressão é que a maneira equivocada de como foi conduzido o corte do levantador Ricardinho deixou marcas no time e no
técnico.
Nas suas opções, Bernardinho pareceu mais emocional. Preferiu levar Anderson para disputar sua última Olimpíada e deixou Nalbert.
Anderson está longe da boa forma. Nalbert seria uma opção para ganhar
qualidade no passe, algo fundamental para o levantador Marcelinho
dar velocidade ao time.
Bernardinho ainda preferiu não
ousar na troca de levantadores. Deu
voto total de confiança a Marcelinho. Apesar da pouca idade, Bruno é
ousado, mais veloz e tem personalidade. Ele teria sido a opção mais
próxima ao estilo de Ricardinho.
Bruno poderia ter sido mais usado.
Sem velocidade, atacantes como
André Nascimento e Giba sofreram.
André, um oposto que joga com bolas rápidas, rendeu bem abaixo do
que poderia. Mas, enfim, situações
para se pensar. Bola pra frente. E, de
preferência, com Bernardinho.
cidasan@uol.com.br
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