São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2008

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VÔLEI

Bola pra frente

A seleção feminina tem o desafio de achar levantadora à altura de Fofão; no masculino, curar ferida e manter o técnico

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

O PRÓXIMO grande desafio da seleção brasileira feminina é o Mundial de vôlei de 2010.
É o único título que falta agora ao time, que, em Pequim, conquistou sua primeira medalha de ouro olímpica. O Brasil já chegou perto: foi duas vezes vice-campeão mundial, em 1994 e em 2006.
Como a média de idade do time titular, sem contar Fofão, é 25 anos, a seleção deve chegar quase completa ao Mundial e aos Jogos de Londres, em 2012. A central Walewska, que havia anunciado a despedida, parece já em dúvida. Problema será arrumar uma substituta para Fofão.
Aos 38 anos, a levantadora está firme e parece que não vai ceder mesmo aos apelos para jogar até o Mundial. A sua reserva, Carol, vai seguir o mesmo caminho. Ou seja: o técnico José Roberto Guimarães tem pouco tempo para preparar uma levantadora para comandar a seleção.
As opções não são muitas: Ana Tiemi, do Osasco, Dani Lins, do Rio de Janeiro, e Fabíola, do Brusque, são as mais cotadas. Mas todas têm a mesma deficiência: a falta de experiência internacional e uma certa irregularidade. Uma das ironias do vôlei brasileiro foi ter duas grandes levantadoras na mesma geração.
Fofão viveu à sombra de Fernanda Venturini até despontar como titular na medalha de bronze nos Jogos de Sydney e no ouro de Pequim.
Com a aposentadoria das duas, agora temos uma enorme lacuna.
No vôlei masculino, o técnico Bernardinho deve decidir nesta semana se continua no comando da seleção masculina. A tendência é que permaneça. Ele é a melhor opção. É um grande técnico e construiu um currículo invejável.
Está certo que 2008 não foi um grande ano: pela primeira vez na era Bernardinho, o Brasil ficou fora do pódio na Liga Mundial. E foi prata em Pequim. A impressão é que a maneira equivocada de como foi conduzido o corte do levantador Ricardinho deixou marcas no time e no técnico.
Nas suas opções, Bernardinho pareceu mais emocional. Preferiu levar Anderson para disputar sua última Olimpíada e deixou Nalbert.
Anderson está longe da boa forma. Nalbert seria uma opção para ganhar qualidade no passe, algo fundamental para o levantador Marcelinho dar velocidade ao time.
Bernardinho ainda preferiu não ousar na troca de levantadores. Deu voto total de confiança a Marcelinho. Apesar da pouca idade, Bruno é ousado, mais veloz e tem personalidade. Ele teria sido a opção mais próxima ao estilo de Ricardinho.
Bruno poderia ter sido mais usado.
Sem velocidade, atacantes como André Nascimento e Giba sofreram.
André, um oposto que joga com bolas rápidas, rendeu bem abaixo do que poderia. Mas, enfim, situações para se pensar. Bola pra frente. E, de preferência, com Bernardinho.

cidasan@uol.com.br



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