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FUTEBOL
Entidade afirma que hoje não existe nada nas regras que impeça homens e mulheres de atuarem juntos em campo
Fifa admite a formação de times mistos
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fifa, entidade que controla o
futebol mundial, não tem nada
contra times usarem homens e
mulheres juntos em campo.
A Folha entrou em contato com
o departamento de comunicação
da Fifa após o caso de Thais Helena Prioli, garota de 12 anos que
ganhou na Justiça o direito de
atuar em uma equipe de meninos
em Itapetininga, no interior de
São Paulo, no mês passado.
A entidade diz que não há problema em episódios do tipo, o
que, em tese, dá margem a mulheres atuarem até profissionalmente em times masculinos.
"Chequei com várias pessoas e
me informaram que as leis do jogo não têm nada, especificamente
ou de forma geral, sobre times
mistos", respondeu Andreas Herren, porta-voz da Fifa.
As regras do futebol são desenhadas pela International Board,
organismo que se reúne anualmente há mais de um século. Pelo
menos até o segundo semestre do
ano que vem as regras do esporte
mais popular continuarão sendo
omissas sobre times mistos.
Segundo Herren, as federações
nacionais podem aceitar ou não a
presença de mulheres em equipes
masculinas. "As federações têm
suas competições e seus regulamentos, que são bem diferentes."
O regulamento do torneio promovido neste ano pela Secretaria
da Juventude, Esporte e Lazer do
Estado de São Paulo não tratava
de equipes mistas, o que deu brecha para Thais jogar com garotos.
Praticamente todos os torneios
profissionais de futebol também
não tratam de times mistos. Algumas competições restringem atletas pela idade, não pelo sexo.
Um caso internacional já despertou discussões na Europa nesta temporada. O presidente do
Perugia, Luciano Gaucci, disse
que pretende contratar uma mulher para seu time. Ele alega exatamente que nas regras do futebol e
nos regulamentos dos torneios na
Itália não há nada contra o aproveitamento de mulheres ao lado
de homens em campo.
"Mulheres têm os mesmos direitos dos homens e devem ser
respeitadas nos campos. O Perugia será o primeiro time de primeira divisão a ter uma mulher",
disse Gaucci, dirigente conhecido
por contratações inovadoras.
Ele já procurou atletas na Alemanha e em países escandinavos,
onde o futebol feminino é bastante desenvolvido -teria demonstrado interesse na contratação de
Ljungberg, a camisa 10 da seleção
sueca, algoz do Brasil no Mundial
feminino que acontece nos EUA.
A federação italiana não se pronunciou após as declarações de
Gaucci, que estaria disposto a
conseguir até mesmo na Justiça a
presença de uma mulher em sua
equipe. "Se tentarem me impedir,
as mulheres do mundo inteiro
vão se revoltar", disse o dirigente.
O Perugia atua na Série A do Italiano. Se Gaucci cumprir sua promessa de contratar uma jogadora
até janeiro, quando será possível
inscrever novos atletas, uma mulher atuaria no campeonato nacional mais badalado do mundo.
Poucos dias antes do início do
Mundial feminino nos EUA, foi
anunciado o fim da liga norte-americana profissional, eldorado
para as jogadoras de todo o planeta. Dessa forma, pelo menos 60
atletas de alto nível, como as estrelas brasileiras Kátia Cilene e
Marta, estão desempregadas.
Alguns esportes, como o automobilismo e o golfe, já têm esporadicamente homens e mulheres
na mesma disputa ou categoria.
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