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FUTEBOL
Interesses fazem times divergir sobre os 11 duelos em xeque no Brasileiro
Clubes se dividem sobre a possível anulação de jogos
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem pode sair no lucro quer.
Quem corre o risco de perder o
que já conseguiu é contra. Essa é a
divisão nos clubes da Série A sobre a possível repetição dos 11 jogos apitados por Edilson Pereira
de Carvalho, que participou de esquema de armação de resultados
de jogos do Brasileiro.
Equipes que tem alguma chance
de sair de todo o imbróglio causado pela interferência do ex-árbitro em jogos do Nacional com ganho na tabela de classificação tem
em seus técnicos, dirigentes e jogadores defensores da anulação.
Já as vozes que se levantam como favoráveis à ponderação caso
a caso em vez de refazer todas as
11 partidas concentram-se nos times que mais têm a perder do que
lucrar com a possível determinação de fazer novas partidas.
Entre os favoráveis está o Corinthians, que pode sair, involuntariamente, como o grande beneficiado pelo escândalo, pois, caso
seus jogos arbitrados por Carvalho sejam anulados, terá nova
chance de enfrentar Santos e São
Paulo -em ambos os confrontos
o time havia sido derrotado.
Em caso de triunfos em novos
duelos, o clube poderia se isolar
na liderança da competição, com
até seis pontos de diferença sobre
o vice-líder.
"Se for comprovada má-fé do
árbitro tem que haver [anulação
dos jogos]. Só quero que nenhum
time seja prejudicado", diz o meia
Roger. "Não vou falar sobre interesses, até porque a guerra de interesses é muito grande. O que me
deixa chateado é saber que fomos
prejudicados nessas duas partidas", completou o jogador.
No melhor dos cenários -com
vitórias do clube e derrotas dos
outros postulantes ao primeiro
lugar-, o Corinthians iria para o
topo da classificação com uma
folgada vantagem de oito pontos
sobre o vice-líder -o próprio
clube do Rio Grande do Sul.
Para isso, no entanto, teria que
vencer Santos e São Paulo, o que
não faz há muito tempo. Desde
2001 os corintianos não vencem o
clube do litoral. O tabu contra os
são-paulinos começou em 2003.
O clube do Morumbi, aliás, se
posicionou a favor da repetição
de partidas em que houve interferência do árbitro. Mas diz que sua
vitória contra os corintianos por 3
a 2 não teve o dedo de Carvalho.
Para o técnico do clube do Morumbi, Paulo Autuori, disputar
novamente esses confrontos vai
"tirar a verdade" do campeonato
e castigar as equipes que estão brigando pelo topo do Brasileiro.
"O problema não são os dois jogos em si (Ponte Preta e Corinthians), mas o desgaste que toda
essa operação envolve. É uma
concentração a mais que precisamos ter", afirmou o treinador.
"O Juventude seria o beneficiado, mas o Figueirense venceu
com méritos. Para que repetir esse jogo? Olha, contra a Ponte Preta (derrota de 1 a 0) não tenho do
que reclamar", declarou o são-paulino, que citou que a repetição
das partidas fará com que o clube
altere o planejamento para o
Mundial de Clubes, que será realizado em dezembro.
Os santistas também chiam sobre um novo confronto com o
Corinthians. Segundo o diretor de
futebol do clube, Francisco Lopes,
a repetição da partida, vencida
pelo Santos por 4 a 2, seria como
colocar o "inocente na cadeia".
"Nós é que fomos prejudicados", disse, baseado em declarações de Carvalho de que negociou
a partida com apostadores tendo
o Corinthians como o vencedor.
No Palmeiras, que não teve partidas apitadas por Carvalho, o técnico Emerson Leão defende a repetição, com ressalvas.
"Acho que as partidas em que
houver comprovação [de irregularidades] tem que ser feitas de
novo", argumenta.
O técnico Renato Gaúcho, do
Vasco, que venceu uma partida
(Figueirense) e perdeu outra (Botafogo) apitada por Carvalho, diz
não ver problema em disputar
novos duelos. "Os fatos precisam
ser apurados para o campeonato
não perder totalmente a credibilidade. Mas acredito que os jogadores não perderam."
(EDUARDO ARRUDA, PAULO GALDIERI, TONI ASSIS E RODRIGO MATTOS)
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