São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Diferentes e competentes

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Enquanto o time titular do Corinthians é considerado o que tem melhores jogadores no Brasileirão, os do Fluminense e do Internacional são tidos como os mais organizados. Todas essas opiniões são discutíveis, principalmente a qualidade dos elencos, e mais os do Santos, Goiás e Palmeiras, que também disputam o título.
Algumas coisas não se discutem, como a qualidade e a importância do Petkovic para o Fluminense. Não sei se gosto mais dos seus passes ou dos seus belíssimos gols. Os passes do Petkovic são tão simples, medidos, concisos e precisos quanto os textos do Graciliano Ramos. São tão claros que dispensam adjetivos.
Abel Braga e Muricy Ramalho não definiram seus times para o jogão de hoje.
Dependendo do momento, o Fluminense pode atuar com dois ou três zagueiros, dois ou três atacantes, um ou dois ou três volantes. Abel não gosta da mesmice. O técnico tem utilizado bastante um centroavante (Tuta) e mais dois atacantes pelos lados, que também recuam e marcam.
Muitos times europeus jogam dessa forma, como o Chelsea, Barcelona, Lyon e as seleções da Holanda e de Portugal. É a moda na Europa. Abel, que já foi treinador na França, deve ver muitos jogos pela televisão.
Para esse esquema funcionar bem, os dois atacantes pelos lados precisam ter velocidade, habilidade e ainda entrar pelo meio para finalizar. O Flu tem vários jogadores com essas características, mas nenhum finaliza bem, principalmente Leandro. Ele só acerta ótimos chutes quando erra, como no gol contra o Santos.
No meio-campo desses times que atuam com três atacantes, pode ter um volante mais recuado e dois armadores que atacam e defendem, como no Chelsea, Barcelona, Lyon e na seleção da Holanda, ou dois volantes e um meia ofensivo, como no Fluminense e na seleção de Portugal, dirigida pelo Felipão.
O que não se deve é atuar de rotina com três atacantes, mais um meia ofensivo (Petkovic), três zagueiros e dois alas, como já fez o Fluminense em alguns momentos, pois sobraria apenas um jogador no meio-campo, além do meia ofensivo.
O Inter atuou quase todo o campeonato com três zagueiros, porém, em dois jogos recentes, contra o Atlético-PR e o Fortaleza, Muricy escalou dois zagueiros, e o time foi bem. Nesse caso, os alas Elder Granja e Jorge Wagner se transformaram em laterais.
Como os dois alas do Inter sempre foram meias, Élder Granja e Jorge Wagner têm dificuldades para atuar como laterais. Já os alas do Fluminense, Gabriel e Juan, eram laterais e têm menos problemas para atuar nessa posição. De laterais ou de alas, os quatro têm sido decisivos para suas equipes.
Abel e Muricy são os dois melhores técnicos do campeonato. São os únicos que permanecem nos clubes desde a primeira rodada. Tiveram tempo e boas condições para fazer bons trabalhos. Abel é mais extrovertido e passional. Muricy é mais contido, às vezes mal-humorado, e racional. Os dois são competentes. Cada um de seu jeito.

Duas visões
Se o zagueiro Marinho não tivesse feito o gol de empate do Corinthians no último inuto contra o River Plate, a maior parte dos comentários seria de critica ao Antônio Lopes. O técnico escalou apenas um atacante. Tevez ficou isolado. E depois, quando o time perdia por 1 a 0, o treinador colocou o Bobô no lugar do meia Hugo, que jogava bem, em vez de sair um dos três volantes. Só na metade do segundo tempo entrou o meia Carlos Alberto.
Mas, como o Corinthians se classificou, muitos disseram que brilhou a estrela e valeu a experiência do Antônio Lopes.

Craque da rodada
O meia Alex, com dois gols e lances espetaculares na vitória do Fenerbahçe sobre o PSV, foi o craque brasileiro da rodada pela Copa dos Campeões da Europa. Alex foi superior até ao Ronaldinho Gaúcho, que fez três gols. Já Robinho, Roberto Carlos e Júlio Baptista atuaram mal.
A justificativa para o Alex ir ao Mundial não é para substituir o Kaká ou o Ronaldinho Gaúcho, pois Alex não tem características para fazer a atual função dos dois. Alex seria um reserva importante como uma opção tática diferente, atuando como sabe, livre, sem precisar marcar e próximo dos dois atacantes.

E-mail
tostao.folha@uol.com.br

Texto Anterior: Boxe: Brasileiro pega cubano em decisão do Pan
Próximo Texto: Ginástica: Daiane tem série nova aplaudida em Curitiba
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.