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FUTEBOL
Diferentes e competentes
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Enquanto o time titular do
Corinthians é considerado o
que tem melhores jogadores no
Brasileirão, os do Fluminense e
do Internacional são tidos como
os mais organizados. Todas essas
opiniões são discutíveis, principalmente a qualidade dos elencos, e mais os do Santos, Goiás e
Palmeiras, que também disputam o título.
Algumas coisas não se discutem, como a qualidade e a importância do Petkovic para o Fluminense. Não sei se gosto mais dos
seus passes ou dos seus belíssimos
gols. Os passes do Petkovic são tão
simples, medidos, concisos e precisos quanto os textos do Graciliano Ramos. São tão claros que dispensam adjetivos.
Abel Braga e Muricy Ramalho
não definiram seus times para o
jogão de hoje.
Dependendo do momento, o
Fluminense pode atuar com dois
ou três zagueiros, dois ou três atacantes, um ou dois ou três volantes. Abel não gosta da mesmice. O
técnico tem utilizado bastante
um centroavante (Tuta) e mais
dois atacantes pelos lados, que
também recuam e marcam.
Muitos times europeus jogam
dessa forma, como o Chelsea,
Barcelona, Lyon e as seleções da
Holanda e de Portugal. É a moda
na Europa. Abel, que já foi treinador na França, deve ver muitos
jogos pela televisão.
Para esse esquema funcionar
bem, os dois atacantes pelos lados
precisam ter velocidade, habilidade e ainda entrar pelo meio para finalizar. O Flu tem vários jogadores com essas características,
mas nenhum finaliza bem, principalmente Leandro. Ele só acerta
ótimos chutes quando erra, como
no gol contra o Santos.
No meio-campo desses times
que atuam com três atacantes,
pode ter um volante mais recuado e dois armadores que atacam e
defendem, como no Chelsea, Barcelona, Lyon e na seleção da Holanda, ou dois volantes e um meia
ofensivo, como no Fluminense e
na seleção de Portugal, dirigida
pelo Felipão.
O que não se deve é atuar de rotina com três atacantes, mais um
meia ofensivo (Petkovic), três zagueiros e dois alas, como já fez o
Fluminense em alguns momentos, pois sobraria apenas um jogador no meio-campo, além do
meia ofensivo.
O Inter atuou quase todo o
campeonato com três zagueiros,
porém, em dois jogos recentes,
contra o Atlético-PR e o Fortaleza, Muricy escalou dois zagueiros,
e o time foi bem. Nesse caso, os
alas Elder Granja e Jorge Wagner
se transformaram em laterais.
Como os dois alas do Inter sempre foram meias, Élder Granja e
Jorge Wagner têm dificuldades
para atuar como laterais. Já os
alas do Fluminense, Gabriel e
Juan, eram laterais e têm menos
problemas para atuar nessa posição. De laterais ou de alas, os
quatro têm sido decisivos para
suas equipes.
Abel e Muricy são os dois melhores técnicos do campeonato.
São os únicos que permanecem
nos clubes desde a primeira rodada. Tiveram tempo e boas condições para fazer bons trabalhos.
Abel é mais extrovertido e passional. Muricy é mais contido, às vezes mal-humorado, e racional. Os
dois são competentes. Cada um
de seu jeito.
Duas visões
Se o zagueiro Marinho não tivesse feito o gol de empate do Corinthians no último inuto contra o River Plate, a maior parte
dos comentários seria de critica
ao Antônio Lopes. O técnico escalou apenas um atacante. Tevez ficou isolado. E depois, quando o
time perdia por 1 a 0, o treinador
colocou o Bobô no lugar do meia
Hugo, que jogava bem, em vez de
sair um dos três volantes. Só na
metade do segundo tempo entrou
o meia Carlos Alberto.
Mas, como o Corinthians se
classificou, muitos disseram que
brilhou a estrela e valeu a experiência do Antônio Lopes.
Craque da rodada
O meia Alex, com dois gols e
lances espetaculares na vitória do
Fenerbahçe sobre o PSV, foi o craque brasileiro da rodada pela Copa dos Campeões da Europa. Alex
foi superior até ao Ronaldinho
Gaúcho, que fez três gols. Já Robinho, Roberto Carlos e Júlio Baptista atuaram mal.
A justificativa para o Alex ir ao
Mundial não é para substituir o
Kaká ou o Ronaldinho Gaúcho,
pois Alex não tem características
para fazer a atual função dos
dois. Alex seria um reserva importante como uma opção tática
diferente, atuando como sabe, livre, sem precisar marcar e próximo dos dois atacantes.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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