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"É um milagre", afirma Schumacher
Heptacampeão define vitória surpreendente em Xangai, após começar em quinto e ser ajudado com a secagem da pista
Desde o Mundial de 98, com o alemão e Mika Hakkinen, a categoria não vê uma
disputa empatada entre dois pilotos faltando 2 GPs
Claro Cortes/Reuters
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Flavio Briatore, diretor esportivo da Renault, caminha em direção ao box durante o GP na China |
DO ENVIADO A XANGAI
Na falta de explicações terrenas, Michael Schumacher recorreu ao sobrenatural ontem
em Xangai. "Olhando um pouco para o passado, é um milagre
estar hoje aqui, nessa posição."
A invocação, partindo de um
supercampeão como o ferrarista, dá a medida das façanhas alcançadas no circuito chinês.
Primeiro, no Mundial de F-1.
Há três meses, Fernando Alonso parecia caminhar tranqüilamente para o bicampeonato. O
piloto da Renault encerrou a
primeira metade da temporada, no Canadá, com 25 pontos
de vantagem sobre Schumacher. Em nove corridas, somava seis vitórias. O alemão, duas.
A reação ferrarista começou
na prova seguinte, o GP dos
EUA. Desde então, foram sete
etapas: cinco vitórias de Schumacher, nenhuma de Alonso.
O resultado está na tabela de
classificação. Faltando duas
etapas para o término do campeonato, eles estão empatados
em 116 pontos, com vantagem
do heptacampeão em vitórias, o
primeiro item de desempate.
Desde 98, a F-1 não via um
fim de Mundial tão apertado.
Na ocasião, Schumacher e Mika Hakkinen tinham 80 pontos
a dois GPs do fim e o finlandês
levou a melhor, com vitórias
em Nurburgring e em Suzuka.
Mas o "milagre" manifestou-se também na corrida de ontem. E de diversas formas.
Como com o clima. Choveu
forte durante a manhã e, faltando uma hora para a largada, a
pista estava encharcada, situação favorável aos pneus Michelin da Renault. No sábado, nessa condição, a equipe pôs sua
dupla na ponta do grid. O alemão, melhor entre os pilotos de
Bridgestone, foi apenas sexto.
O início da prova também
conspirou contra Schumacher.
Saindo na pole, Alonso disparou na frente, contando ainda
com a escolta de Giancarlo Fisichella. Na décima volta, o espanhol tinha 11s547 sobre o italiano, que segurava atrás de si Kimi Raikkonen, da McLaren.
Schumacher era o quinto.
Pouco a pouco, porém, a pista
começou a secar, virando o jogo
em favor do ferrarista. Na 13ª
volta, o alemão ultrapassou
Jenson Button e ganhou a
quarta posição. Seis voltas depois, nova manifestação em favor de Schumacher: Raikkonen
abandonou o GP, com um raro
problema de acelerador.
A prova chegou à metade
com Alonso, Fisichella e Schumacher à frente. Por pouco
tempo. Exatamente na 28ª das
56 voltas, o espanhol começou
a se arrastar pela pista. Sem opções, Fisichella o superou na
29ª volta. Schumacher, na 30ª.
Como no caso de Raikkonen,
Alonso foi vítima de um problema estranho. Seus pneus intermediários dianteiros se desgastaram excessivamente no primeiro trecho da corrida e ele foi
obrigado a trocá-los no primeiro pit stop -a maioria apenas
colocou gasolina, mantendo os
compostos intactos.
"Quando voltei para a pista,
precisei de oito ou nove voltas
até aquecer os pneus. Por isso,
perdi ritmo na corrida", explicou um conformado Alonso.
Livre do espanhol, Schumacher não teve problemas para
superar Fisichella a 14 voltas do
fim, quando o italiano saía do
seu segundo pit stop.
A Renault ainda inverteu as
posições de seus pilotos na 47ª
volta para minimizar o prejuízo. Minimizou, é fato. Mas o
prejuízo também o é. E talvez
seja irreversível.
(FÁBIO SEIXAS)
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