São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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"É um milagre", afirma Schumacher

Heptacampeão define vitória surpreendente em Xangai, após começar em quinto e ser ajudado com a secagem da pista

Desde o Mundial de 98, com o alemão e Mika Hakkinen, a categoria não vê uma disputa empatada entre dois pilotos faltando 2 GPs


Claro Cortes/Reuters
Flavio Briatore, diretor esportivo da Renault, caminha em direção ao box durante o GP na China


DO ENVIADO A XANGAI

Na falta de explicações terrenas, Michael Schumacher recorreu ao sobrenatural ontem em Xangai. "Olhando um pouco para o passado, é um milagre estar hoje aqui, nessa posição."
A invocação, partindo de um supercampeão como o ferrarista, dá a medida das façanhas alcançadas no circuito chinês.
Primeiro, no Mundial de F-1. Há três meses, Fernando Alonso parecia caminhar tranqüilamente para o bicampeonato. O piloto da Renault encerrou a primeira metade da temporada, no Canadá, com 25 pontos de vantagem sobre Schumacher. Em nove corridas, somava seis vitórias. O alemão, duas.
A reação ferrarista começou na prova seguinte, o GP dos EUA. Desde então, foram sete etapas: cinco vitórias de Schumacher, nenhuma de Alonso.
O resultado está na tabela de classificação. Faltando duas etapas para o término do campeonato, eles estão empatados em 116 pontos, com vantagem do heptacampeão em vitórias, o primeiro item de desempate.
Desde 98, a F-1 não via um fim de Mundial tão apertado. Na ocasião, Schumacher e Mika Hakkinen tinham 80 pontos a dois GPs do fim e o finlandês levou a melhor, com vitórias em Nurburgring e em Suzuka.
Mas o "milagre" manifestou-se também na corrida de ontem. E de diversas formas.
Como com o clima. Choveu forte durante a manhã e, faltando uma hora para a largada, a pista estava encharcada, situação favorável aos pneus Michelin da Renault. No sábado, nessa condição, a equipe pôs sua dupla na ponta do grid. O alemão, melhor entre os pilotos de Bridgestone, foi apenas sexto.
O início da prova também conspirou contra Schumacher.
Saindo na pole, Alonso disparou na frente, contando ainda com a escolta de Giancarlo Fisichella. Na décima volta, o espanhol tinha 11s547 sobre o italiano, que segurava atrás de si Kimi Raikkonen, da McLaren. Schumacher era o quinto.
Pouco a pouco, porém, a pista começou a secar, virando o jogo em favor do ferrarista. Na 13ª volta, o alemão ultrapassou Jenson Button e ganhou a quarta posição. Seis voltas depois, nova manifestação em favor de Schumacher: Raikkonen abandonou o GP, com um raro problema de acelerador.
A prova chegou à metade com Alonso, Fisichella e Schumacher à frente. Por pouco tempo. Exatamente na 28ª das 56 voltas, o espanhol começou a se arrastar pela pista. Sem opções, Fisichella o superou na 29ª volta. Schumacher, na 30ª.
Como no caso de Raikkonen, Alonso foi vítima de um problema estranho. Seus pneus intermediários dianteiros se desgastaram excessivamente no primeiro trecho da corrida e ele foi obrigado a trocá-los no primeiro pit stop -a maioria apenas colocou gasolina, mantendo os compostos intactos.
"Quando voltei para a pista, precisei de oito ou nove voltas até aquecer os pneus. Por isso, perdi ritmo na corrida", explicou um conformado Alonso.
Livre do espanhol, Schumacher não teve problemas para superar Fisichella a 14 voltas do fim, quando o italiano saía do seu segundo pit stop.
A Renault ainda inverteu as posições de seus pilotos na 47ª volta para minimizar o prejuízo. Minimizou, é fato. Mas o prejuízo também o é. E talvez seja irreversível. (FÁBIO SEIXAS)


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