SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

As TVs pagaram mais de R$ 26 milhões à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) no ano passado para transmitir os jogos da seleção brasileira.
No pacote, as emissoras desembolsaram exatamente R$ 26.306.307,33 à entidade máxima do futebol brasileiro para transmitir apenas a série de jogos amistosos da equipe nacional no ano passado.
A informação foi obtida pela Folha após ter acesso ao relatório anual da entidade, uma publicação de mais de 500 páginas editada pela CBF no início do ano.
A publicação é reservada apenas aos presidentes de federações.
Em 1999, a seleção disputou 15 amistosos -10 com o time principal e cinco com o olímpico.
O valor pago pelas TVs à CBF no ano passado corresponde a mais da metade do que os principais clubes brasileiros recebem para disputar a Copa João Havelange -R$ 40 milhões.
O valor foi um dos responsáveis pelo grande aumento da arrecadação da entidade em 1999.
Os direitos dos jogos amistosos da seleção em 1999 se aproximam à receita total da entidade em 1998 -R$ 28.245.589,43.
Se comparado ao valor recebido no ano anterior com os direitos de transmissão dos jogos da seleção (R$ 2.301.218,95), a CBF arrecadou dez vezes mais em 1999.
Além dos amistosos, a seleção disputou no ano passado a Copa América do Paraguai e a Copa das Confederações do México.
Para a seleção disputar as duas competições, a CBF ganhou mais cerca de R$ 4 milhões.
De acordo com os documentos, em apenas um ano a receita da entidade mais que dobrou.
Em 1999, a entidade arrecadou R$ 70.620.344,60, contra R$ 28.245.589,43 em 1998.
Depois do prejuízo de cerca de R$ 15 milhões em 1998, a entidade declarou ter tido um lucro de R$ 1.068.160,67 no ano passado.
Segundo documentos do departamento de finanças da entidade, a CBF arrecadou R$ 70.620.344,60 e gastou R$ 68.894.999,91 em 1999, último ano do terceiro mandato de Ricardo Teixeira. Em 1998, a CBF, declarou, oficialmente, um prejuízo de R$ 15.177.687,90, no ano em que o Brasil conquistou o vice-campeonato da Copa da França.
Na ocasião, a CBF teve um saldo negativo de R$ 7.338.030,03 na operação Copa do Mundo.
De acordo com a prestação de contas, a entidade gastou R$ 10.741.030,00 e arrecadou apenas R$ 3.403.000,00 com a competição, sem detalhar os valores com cada desembolso específico.
O valor declarado pela CBF naquele ano entrou em conflito com a premiação que seria dada pela Fifa aos finalistas da Copa-98.
No sorteio da competição, em 97, a Fifa anunciou que pagaria US$ 6,3 milhões aos finalistas.
O prejuízo levou a CBF a ser investigada pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e pela Receita Federal, que não revelam o resultado das investigações.


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