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BASQUETE
Coração partido
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Uma revolução murchou
em 4 de março de 1990,
quando Hank Gathers dobrou o
tronco, apoiou-se nos joelhos e
tombou para trás, inconsciente.
O time da Loyola Marymount
encantava a torcida de Los Angeles e intrigava os basqueteiros do
mundo todo naquela temporada.
Em 90% das partidas, seu ataque ultrapassava a casa centenária, marca espantosa em se tratando de um jogo de 40 minutos.
Frenético, nem cogitava trabalhar a bola. A ordem era marcar
pressão e chutar na primeira
chance, de três pontos se possível.
Usava em média só 15 segundos
de posse de bola para arriscar à
cesta, metade do permitido.
(Dizem que o técnico Paul Westhead, fascinado pelo surpreendente desenrolar do Pan de Indianápolis-87, chupou o estilo camicase e ao mesmo tempo lógico de
Oscar, Marcel e Ary Vidal.)
Uma "heresia" que, legitimada
pelos sucessivos títulos regionais e
pelo melhor resultado da universidade no torneio nacional da
NCAA (caiu nas oitavas-de-final
diante da UNLV, que se sagraria
campeã), só fazia enfurecer ainda
mais os treinadores conservadores, aqueles que insistem em tentar amestrar o jogo como se este
fosse um teatro de marionetes.
Quem teve a sorte de testemunhar os californianos apostarem
corrida contra a LSU do calouro
Shaquille O'Neal jamais vai se esquecer. Uma eletrizante vitória
de 148 x 141 na prorrogação (é isso
mesmo, 148 x 141!). Eu me lembro
até dos quatro saquinhos de doritos que me escoltaram na frente
da televisão, em Washington.
Gathers era o astro do time.
Marcou 48 pontos naquela noite
-o jovem Shaq parou em 21.
Nascido na Filadélfia, o ala canhoto de 2,02 m vinha de uma
temporada fabulosa, com médias
de 32,7 pontos e 13,7 rebotes, um
dos três únicos da história a liderar a NCAA nas duas estatísticas.
Loyola Marymount avançava
tranqüila no qualificatório do
torneio de 1990 quando recebeu o
time de Portland na quadra do
Gersten Pavilion. Nem o estado
de saúde do craque preocupava.
Em dezembro, Gathers havia
desmaiado durante uma partida.
Embora os exames tivessem constatado uma arritmia cardíaca, o
ala faltou a apenas duas rodadas.
Os médicos receitaram-lhe alguns
comprimidos e bola para o alto
que o jogo é de campeonato.
Quatro meses depois, a bola de
fato subiu. A camiseta 44 voou e
fechou um contra-ataque com
uma enterrada espetacular. Mas,
no retorno para a defesa, tão logo
recebeu os tapinhas dos colegas
pelo lance, ela desabou no chão.
Uma hora e 40 minutos depois
era anunciada a morte do atleta
de 23 anos que se aprontava para
as fortunas da NBA -e a do basquete superofensivo, que nunca
mais teve outra oportunidade.
A imprensa apurou que Gathers sofria de cardiomiopatia hipertrófica. Que ele tinha um coração inchado pela doença -o
mesmo mal do zagueiro Serginho,
do São Caetano. E que a Loyola
Marymount havia desconsiderado (ou abafado) o diagnóstico.
A viúva acionou os advogados.
Lá, a justiça não tardou. Fez-se
na forma de uma indenização de
US$ 2,4 milhões. E aqui?
Pulso 1
Ainda sem time no Nacional, Janeth não pára de colecionar títulos. A
equipe mirim de sua escolinha, com sede em Santo André, venceu o
playoff contra o São Caetano e faturou o Paulista feminino. O projeto
também vai buscar a taça da categoria míni, contra Americana.
Pulso 2
Karina, que aceitou o convite do Uberaba e volta às quadras depois
de dois anos, também marca pontos com um projeto social: mais de
3.000 crianças basqueteiras em cinco cidades paulistas (Campinas,
Jaguariúna, Amparo, Pedreira e Santo Antônio de Posse).
Pulso 3
Paula e Branca dão o "Passe de Mágica" a cem alunos em Piracicaba.
E-mail
melk@uol.com.br
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