São Paulo, sexta-feira, 02 de novembro de 2007

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Talismã falha, e Palmeiras decepciona

Camisa verde-limão, que acumulava quatro vitórias, não consegue mais que bolas na trave e sucumbe ante o Juventude

Palmeiras 0
Juventude 1

RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

No duelo em que o Palmeiras depositou a esperança de vitória em seu talismã, até então invicto, o manto verde-limão ficou manchado pelo traje preto trazido de Caxias do Sul.
O combalido Juventude apostou no seu terceiro uniforme, a exemplo do adversário paulista, e impregnou o Parque Antarctica com sua praga.
Com o 1 a 0 contra, caiu o mito do traje palmeirense. A camisa fluorescente não sabia ainda o que era perder. Goiás (2 a 0), Corinthians (1 a 0), Grêmio (2 a 0) e Paraná (3 a 0) haviam sentido o poder do uniforme, que nem sequer havia sido vazado por seus adversários.
De preto, o time gaúcho, mesmo na vice-lanterna do Brasileiro (35 pontos), derrubou também a seqüência invicta de sete partidas dos paulistas, que estão em quarto lugar, com 55 pontos, ainda no G4.
"Infelizmente, hoje [ontem] não foi uma noite boa. Não deu nada certo", afirmou, desolado, o meia Caio, ao término da fatalidade dentro de casa. Casa que, desde o princípio, parecia cheia de clima negativo.
A chuva persistente começou a pesar sobre a mente ansiosa da torcida "vaga-lume" desde os 20min. E o manto do Juventude, quase fúnebre, parecia ironizar a fase desesperadora do time gaúcho, sério candidato ao rebaixamento.
As palavras sinceras do volante Lauro refletiram o que uma vitória como a de ontem representava na rota tortuosa da equipe do Sul.
"As coisas não estão dando certo para a gente neste ano. Neste jogo, temos que aproveitar a oportunidade maravilhosa que Deus está nos dando." Quase uma oração do guerreiro de Caxias a qualquer força superior que pudesse auxiliá-lo diante do adversário.
E o adversário estava confuso. Paralisado pelo peso de um talismã que não funcionava como de costume. Chutes de longe, Makelele e Luiz Henrique tentaram aos montes.
Martinez saboreou o gosto de fel do azar palmeirense aos 35min, na pancada que fez o travessão do goleiro Michel Alves balançar ao ritmo das arquibancadas. Para tentar se livrar da zica, Rodrigão fez malabarismo aos 26min. Deu uma linda bicicleta, mas o travessão estava no caminho.
O "urubu" gaúcho, à espreita, aguardava seu momento. Escanteio que Alex Alves, de chuteiras amarelas, botou na testa de Régis. Gol do Juventude, aos 27min. "Foi só uma desatenção na bola parada. O time está bem", disse, como que para esconder o frio na espinha diante do pior, o volante Wendel.
As nuvens continuaram sobre o Parque Antarctica na segunda etapa. A chuva apertou. E o drama dos donos da casa ganhou contornos trágicos.
Sem Valdivia, suspenso, nem Caio foi capaz de produzir a magia necessária para quebrar o feitiço gaúcho. Martinez, aos 30min, viu outro arremate seu lamber o poste de Michel Alves. Na ponta da mão direita do arqueiro, o Juventude depositou sua fé aos 34min, quando ele desviou a última grande chance palmeirense. Debaixo de água, restou à torcida esvaziar a casa em silêncio. E enxugar as lágrimas na sua camisa agora falível.


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