|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Talismã falha, e Palmeiras decepciona
Camisa verde-limão, que acumulava quatro vitórias, não consegue mais que bolas na trave e sucumbe ante o Juventude
Palmeiras 0
Juventude 1
RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
No duelo em que o Palmeiras
depositou a esperança de vitória em seu talismã, até então invicto, o manto verde-limão ficou manchado pelo traje preto
trazido de Caxias do Sul.
O combalido Juventude
apostou no seu terceiro uniforme, a exemplo do adversário
paulista, e impregnou o Parque
Antarctica com sua praga.
Com o 1 a 0 contra, caiu o mito do traje palmeirense. A camisa fluorescente não sabia
ainda o que era perder. Goiás (2
a 0), Corinthians (1 a 0), Grêmio (2 a 0) e Paraná (3 a 0) haviam sentido o poder do uniforme, que nem sequer havia sido
vazado por seus adversários.
De preto, o time gaúcho,
mesmo na vice-lanterna do
Brasileiro (35 pontos), derrubou também a seqüência invicta de sete partidas dos paulistas, que estão em quarto lugar,
com 55 pontos, ainda no G4.
"Infelizmente, hoje [ontem]
não foi uma noite boa. Não deu
nada certo", afirmou, desolado,
o meia Caio, ao término da fatalidade dentro de casa. Casa que,
desde o princípio, parecia cheia
de clima negativo.
A chuva persistente começou
a pesar sobre a mente ansiosa
da torcida "vaga-lume" desde
os 20min. E o manto do Juventude, quase fúnebre, parecia
ironizar a fase desesperadora
do time gaúcho, sério candidato ao rebaixamento.
As palavras sinceras do volante Lauro refletiram o que
uma vitória como a de ontem
representava na rota tortuosa
da equipe do Sul.
"As coisas não estão dando
certo para a gente neste ano.
Neste jogo, temos que aproveitar a oportunidade maravilhosa que Deus está nos dando."
Quase uma oração do guerreiro
de Caxias a qualquer força superior que pudesse auxiliá-lo
diante do adversário.
E o adversário estava confuso. Paralisado pelo peso de um
talismã que não funcionava como de costume. Chutes de longe, Makelele e Luiz Henrique
tentaram aos montes.
Martinez saboreou o gosto
de fel do azar palmeirense aos
35min, na pancada que fez o
travessão do goleiro Michel Alves balançar ao ritmo das arquibancadas. Para tentar se livrar da zica, Rodrigão fez malabarismo aos 26min. Deu uma
linda bicicleta, mas o travessão
estava no caminho.
O "urubu" gaúcho, à espreita,
aguardava seu momento. Escanteio que Alex Alves, de chuteiras amarelas, botou na testa
de Régis. Gol do Juventude, aos
27min. "Foi só uma desatenção
na bola parada. O time está
bem", disse, como que para esconder o frio na espinha diante
do pior, o volante Wendel.
As nuvens continuaram sobre o Parque Antarctica na segunda etapa. A chuva apertou.
E o drama dos donos da casa ganhou contornos trágicos.
Sem Valdivia, suspenso, nem
Caio foi capaz de produzir a
magia necessária para quebrar
o feitiço gaúcho. Martinez, aos
30min, viu outro arremate seu
lamber o poste de Michel Alves.
Na ponta da mão direita do arqueiro, o Juventude depositou
sua fé aos 34min, quando ele
desviou a última grande chance
palmeirense. Debaixo de água,
restou à torcida esvaziar a casa
em silêncio. E enxugar as lágrimas na sua camisa agora falível.
Texto Anterior: Xico Sá: Os vivos e os mortos Próximo Texto: Frase Índice
|