São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2008

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interlagos, 15h

Massa larga na pole para sua decisão

Com ritmo forte, ferrarista crava melhor tempo em Interlagos e tenta hoje ser 1º brasileiro, desde Senna, campeão da F-1

Superado também por Trulli e Raikkonen, Hamilton sai em quarto e sob pressão de uma torcida "que não se vê em nenhum outro lugar"

Fernando Donasci/ Folha Imagem
Massa vibra com a pole em Interlagos

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Do outro lado do muro, do lado de cá do kartódromo onde começou a se formar piloto, Felipe Massa deu ontem um passo para a história. Conquistou a pole position para o GP Brasil, 18ª e última etapa do Mundial de F-1, corrida que pode transformá-lo no quarto brasileiro campeão da mais importante categoria do automobilismo.
Mais: viu seu adversário na luta pelo campeonato apenas na quarta posição. Entre ele e Lewis Hamilton, da McLaren, um azarão e um aliado: Jarno Trulli, da Toyota, e Kimi Raikkonen, parceiro de Ferrari.
"Eu cresci aqui, do outro lado do muro, correndo no kartódromo. As pessoas que me viram crescer estão aqui, torcendo por mim, rezando, chorando, gritando. Minha família, meus amigos, os torcedores... Você não vê uma torcida dessa em nenhum lugar que você vai. Amo correr em Interlagos. Só posso dizer que sou uma pessoa totalmente feliz e orgulhosa pelo que vi agora", afirmou Massa, ontem, sorrindo muito.
Foi sua 15ª pole, a terceira consecutiva no circuito. Igualou Ayrton Senna, como o melhor brasileiro em largadas na frente em Interlagos, e Mika Hakkinen, o único até ontem com três poles em seqüência.
Sob calor de 22C, com 39C na pista, situação que favorece os pneus da Ferrari, Massa não teve adversários. E esnobou.
Mesmo com tempo suficiente para a pole, voltou para a pista nos instantes finais e melhorou ainda mais sua marca. O tempo da pole, 1min12s368.
Como nos últimos três sábados de F-1 em Interlagos, as arquibancadas explodiram em vibração por Massa. Como nos últimos sábados de F-1 em Interlagos, ele subiu no carro, punhos cerrados, ao seu estilo.
Abraçou a família, gritou um palavrão e, nas entrevistas, comentou sobre sua especial familiaridade com o circuito. E tentou falar mais sobre a corrida de hoje, com largada às 15h, do que sobre a luta pelo título.
Porque sabe que é difícil. Sete pontos atrás de Lewis Hamilton na tabela do Mundial, Massa precisa vencer o GP, com o inglês no máximo em sexto lugar, ou ser o segundo, com o rival de oitavo para baixo.
Contrastando com a euforia ferrarista, Hamilton falou pouco após o treino, sem o sorriso aberto das últimas etapas.
"Não estou surpreso. Fiz o meu melhor. O carro estava bom nos dois primeiros blocos da classificação e estou confiante para amanhã [hoje]."
Separados por dois carros no grid, os duelistas pelo título viverão hoje um dia especial.
Massa pode se tornar o segundo piloto campeão da F-1 no próprio país. O único até hoje foi o italiano Giuseppe Farina, em 1950. Pode ser o primeiro brasileiro campeão desde Ayrton Senna, em 1991. E o primeiro brasileiro campeão pela mais tradicional equipe do automobilismo, a Ferrari.
Aos 23, Hamilton pode ser o mais jovem a conquistar o Mundial, superando a marca de seu desafeto, Alonso, vitorioso em 2005 aos 24. Primeiro negro a correr na F-1, pode se tornar também o primeiro campeão. E pode encerrar um jejum de 12 anos sem títulos do Reino Unido na categoria.
De um jeito ou de outro, em português ou inglês, de vermelho ou prateado, a história será feita: a F-1 celebrará neste domingo um novo campeão.


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