São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2008

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Barrichello ensaia o seu adeus onde se apequena

Piloto, ainda sem equipe para 2009, despenca de produção correndo no Brasil

Entre os seis brasileiros que já ganharam GPs na F-1, veterano é o que tem os piores números, como o maior índice de abandonos

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No seu "quintal", o paulistano Rubens Barrichello, 36, pode fazer hoje a sua última corrida na F-1. Ele ainda busca uma vaga na próxima temporada.
E a despedida do piloto, recordista histórico de provas disputadas (267) e com números robustos na carreira como um todo, pode ser num circuito onde ele se apequena.
Nenhum dos seis brasileiros que já ganharam provas na máxima categoria do automobilismo tem resultados tão pobres em casa como o piloto da Honda -tirando Barrichello, todos triunfaram no Brasil.
Os números das 15 vezes em que Barrichello correu em Interlagos ficam longe, por larga margem, das performances obtidas por ele em circuitos de outros países do calendário.
Barrichello somou só 14 pontos no circuito perto de onde cresceu e deu os primeiros passos no automobilismo. Isso equivale a menos de um por prova e também a menos da metade da sua média correndo fora do Brasil. É menos de 3% do total da sua pontuação total.
No caso de Emerson Fittipaldi, essa proporção é de 13%. No de José Carlos Pace, 27%. Para Nelson Piquet e Felipe Massa é de 7%; para Ayrton Senna, 5%.
Foi ao pódio somente uma vez e, ainda assim, no lugar mais baixo (terceiro lugar).
Em cinco participações no GP Brasil, Massa esteve lá duas vezes -uma em primeiro e outra, no ano passado, em segundo, quando só não venceu porque deu passagem a Kimi Raikkonen, que precisava do triunfo para ficar com o título mundial.
Entre os seis brasileiros que já foram ao lugar mais alto do pódio, Barrichello é o segundo que mais provas completou, proporcionalmente, fora de casa -só perde para Massa.
Mas, com um currículo com variados tipos de quebras, rodadas e até panes secas, o atual piloto da Honda só terminou quatro das 15 provas que fez em São Paulo. O índice de corridas completadas em Interlagos fica em 27%, contra 68% em outros circuitos mundo afora.
Mesmo com números tão claros sobre suas atuações ruins no Brasil, Barrichello crê que cresce em casa.
"Eu tenho feito muito bem para fazer como no futebol. Quando você joga em casa, joga melhor. Eu tenho um momento maravilhoso aqui. É agradável estar aqui, especialmente para mim, que nasci a cem metros daqui. Para mim, é a melhor corrida de todo o ano", afirmou o ex-ferrarista.
Barrichello vai na contramão da maioria dos compatriotas que já sentiram o gosto da vitória na F-1. Fittipaldi, Pace e Massa possuem médias de pontos em casa maiores do que fora. Piquet empata. Senna cai, mas, ainda assim, venceu duas vezes em Interlagos.
Fittipaldi é o piloto nacional que mais se aproveitou de correr no Brasil -disputou GPs em Interlagos e Jacarepaguá. A média de pontos dele mais do que dobra em corridas brasileiras e sempre completou as provas em que largou no país.

Futuro incerto
Para 2009, Barrichello aposta em duas possibilidades. Uma é seguir na Honda. A outra, uma vaga na Toro Rosso, mas, nesse caso, ele precisaria levar patrocínios para a equipe, possibilidade que não vê com bons olhos por causa de seu currículo e experiência.
Ele diz ser o piloto certo para seguir na equipe japonesa. "Acho que, se eles querem mudar as coisas e vencerem no próximo ano, precisam de alguém com muita experiência e com minhas qualidades para fazer isso", disse o brasileiro, que, na quarta, levou os companheiros de equipe para um kartódromo em Cotia, num evento com a presença de poucos fãs e jornalistas, bem diferente da época em que era o maior candidato a substituto de Ayrton Senna ou piloto da Ferrari.


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