São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2008

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PAULO VINICIUS COELHO

Muricy ou Luxemburgo?



O Palmeiras montou o elenco mais badalado do Brasil e pagou caro a seu técnico para ter nada menos que o título


RUBENS MINELLI foi o feliz proprietário de dois recordes do futebol brasileiro durante 26 anos. Em 1977, ele se tornou o técnico mais vencedor do Brasileirão, com três taças. Essa marca só caiu quando o Cruzeiro ganhou o campeonato de 2003, o quarto de Vanderlei Luxemburgo, que ganharia seu quinto troféu no ano seguinte. O segundo recorde, Minelli ainda possui. É o único homem campeão por três anos consecutivos, feito que Muricy Ramalho pode alcançar no dia 7 de dezembro.
Minelli soma suas três conquistas nacionais à do Robertão de 1969, equivalente ao Brasileiro da época. Em 1969, foi campeão pelo Palmeiras e, em 1977, pelo São Paulo, os clubes de Luxemburgo e Muricy. Os mesmos dois que lutam por um título que era de Minelli no final dos anos 70: "O melhor técnico do país". "Cada um deles tem um brilho próprio, mas acho que o sucesso do Muricy foi mais imediato, quando iniciou sua carreira de técnico", vota Minelli. "Muricy é um homem que põe sua palavra acima de seus próprios interesses. Vanderlei é inteligente. Sabe pôr o foco nele mesmo, para sair de algumas situações."
Neste momento, o foco está em Luxemburgo sem que ele deseje. Há um ano, a direção do Palmeiras o contratou com a certeza de estar negociando com o melhor profissional do Brasil em sua área. Isso apesar de Luxemburgo ter disputado dois títulos brasileiros depois de seu retorno da Espanha e perdido ambos para Muricy. "No ano passado, eu não tinha um time suficientemente forte para brigar com o São Paulo", explica Luxemburgo. Eis o ponto: as vitórias de Muricy ainda são vistas como triunfos do São Paulo. As derrotas de Luxemburgo, como fracassos de seus clubes. Pelo menos era assim. Neste ano, o Palmeiras montou o elenco mais badalado do futebol brasileiro e não contratou Luxemburgo para ter a vaga na Libertadores. Pagou por ele para ter o título. Teve certeza de que o objetivo seria alcançado ao chegar à liderança, na 27ª rodada. Fale a verdade: naquele dia, você também achou que Luxemburgo faria o Palmeiras disparar rumo ao troféu inevitável. É o time de Luxemburgo, afinal.
Mas, cinco rodadas depois, o Palmeiras está em quarto lugar. E Muricy fez seu time tirar 11 pontos de desvantagem em relação ao Grêmio e empatar na liderança. Diga a verdade: a impressão é que o São Paulo vai disparar rumo ao título inevitável. Afinal, é o São Paulo. Luxemburgo e seu Palmeiras ainda têm tempo para levantar o troféu. O Cruzeiro, o Grêmio e o Flamengo também têm. A diferença é que, para Adílson, Caio Júnior e Celso Roth, a perda do troféu não tem o significado que pode ter para a carreira de Vanderlei Luxemburgo.
De camarote, Minelli assiste à disputa com uma certeza que só o tempo é capaz de oferecer: "Ser o melhor é sempre relativo, e atingir esse posto significa apenas que você precisa ter cuidado para continuar respeitando as opiniões alheias". Sabedoria demais para quem está no auge. Luxemburgo quer continuar lá. E sabe como o técnico do São Paulo explica a incrível reação de seu time no Brasileirão? "A diferença é trabalhar para ser o melhor no que você faz."

pvc@uol.com.br


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