São Paulo, segunda-feira, 02 de novembro de 2009

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br

Quando treino vira jogo

QUEM assiste todos os dias aos treinos de Muricy Ramalho se espanta. É incrível como ele repete os treinamentos táticos, insiste no acerto de posicionamento, cuida dos mínimos detalhes. É um trabalhador. Contra o Corinthians, o Palmeiras empatou, graças às jogadas treinadas, um jogo que parecia perdido. Não foi por outro motivo que os dois cruzamentos de Figueroa encontraram as cabeçadas precisas de Danilo e Maurício.
Mas foi Mano Menezes quem interveio mais decisivamente para mudar a cara do jogo. Primeiro, na escalação.
Não importava que não tivesse um volante apropriado para marcar Diego Souza.
Edu e Elias cercaram o meia palmeirense e ofereceram a qualidade que o rival não teve no primeiro tempo: toque de bola. Eram cinco meio-campistas tocando de pé em pé -Edu, Elias, Jorge Henrique, Defederico e Boquita- contra dois volantes e dois alas palmeirenses que ligavam defesa com ataque à base de bolas longas.
A aposta corintiana na posse de bola resultou no lançamento milimétrico de Defederico para Jorge Henrique. Pênalti e expulsão de Marcos, aos 36 minutos.
Como o Corinthians só tinha um atacante infiltrado, Muricy abriu mão de um zagueiro. Diego Souza e Marquinhos aproximaram o time até Marquinhos iniciar uma sequência de passes errados.
À essa altura, o primeiro cruzamento de Figueroa já havia encontrado Danilo, na jogada treinada que explica o gol do 1 x 1. Como o Palmeiras agora contava só com dois zagueiros e ninguém atacando pelo lado direito, Mano Menezes decidiu abrir mão de seu lateral esquerdo. Ousado, trocou Balbuena pelo atacante Dentinho.
A ideia era Jorge Henrique marcando o avanço de Figueroa e Dentinho aberto pelo lado esquerdo. O resultado: Dentinho tocou na bola pela primeira vez pela meia direita, obrigou Souza a marcá-lo, abriu o corredor para Defederico fazer o lançamento brilhante. Gol de Ronaldo.
Muricy trocou Marquinhos de lado e Jorge Henrique passou a ter a quem marcar. Daquele lado, saiu falta cobrada por Figueroa para o gol de empate, de Maurício. O Corinthians foi melhor no jogo. O treino salvou o Palmeiras.



O TRABALHO
Quando recebeu Defederico, Mano Menezes o escalou solto nos treinos. Queria saber se preencheria o espaço do meio, como Douglas. Não fazia. Havia duas coisas a fazer. A primeira, respeitar o jogador. Mano fez isso. A segunda, treinar para que pudesse fazer o trabalho. Defederico já consegue fazer isso.




NO ATAQUE
A maior crítica que Ricardinho ouviu desde que chegou ao Atlético-MG é que volta demais para buscar a bola com os volantes. Não tem que fazer isso, mas infiltrar-se como meia. Contra o Goiás, foi a primeira vez em que, em parte do jogo, atuou da maneira correta para jogar à frente de três volantes.



DOMÍNIO ESTÉRIL
O pior time da carreira de Luxemburgo trocou passes até sofrer pênaltis, no Maracanã. Bem entendido, até sofrer pênaltis, porque as chances criadas com bola rolando foram abaixo do que pode fazer um bom time. Bruno lembra Dida, que no Corinthians pegou quatro pênaltis consecutivos entre o fim de 1999 e o início de 2000. Hoje, é o goleiro. Há duas semanas, era Petkovic. Mas o melhor jogador do Flamengo no campeonato é mesmo Adriano.


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