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JUCA KFOURI
A Terra é azul?
Bom dia! Tomara que quando você estiver lendo estas
mal-traçadas linhas o Cruzeiro já seja o novo campeão
mundial de clubes.
Tomara que a bobagem da
diretoria tenha dado certo e
que os craques alugados tenham jogado bem, até decidido o jogo.
Tomara mesmo que os quatro estranhos no ninho não
tenham quebrado o espírito
de quem se acostumou a confundir a camisa azul estrelada com a própria pele.
Tomara!
É evidente que a conquista
seria ainda mais saborosa se
fosse autenticamente cruzeirense, sem os artifícios que
causaram justo espanto e protesto dos alemães do Borussia
Dortmund.
E que os símbolos da vitória
mais difícil, a da Libertadores
da América, não sejam esquecidos e possam ser tratados
também como campeões
mundiais, caso, para ficar só
num jogador, do capitão Wilson Gottardo.
De resto, por despeito ou rigidez exagerada, sempre haverá quem conteste o título,
quem o trate apenas como
uma simples taça promocional, com desdém.
Mas isso é o de menos.
Esse é o único título que falta (faltava, queira o deus dos
estádios se não estiver muito
magoado com a estratégia
cruzeirense) ao futebol mineiro desde que, na escalada iniciada por Tostão e companhia
em 1966, ao ganhar a Copa
Brasil do Santos de Pelé, Minas entrou definitivamente
no mapa do futebol brasileiro.
Em 1971 o Galo do Rei Dadá
ganhou o Brasileiro; em 1976
o Cruzeiro de Joãozinho trouxe sua primeira Libertadores
para, 20 anos depois, tirar do
Palmeiras a Copa do Brasil
dentro do Parque Antarctica,
ser bi sul-americano neste ano
e... tchan, tchan, tchan, tchan,
pintar a Terra de azul, como
disse o primeiro cosmonauta,
Iuri Gagarin, e repetiu o Grêmio em 1983.
O futebol paulista por quatro vezes, duas com o Santos e
outras duas com o São Paulo;
o carioca e o gaúcho uma vez
cada, com Flamengo e Grêmio, e, agora, o mineiro com o
Cruzeiro -para provar, oxalá, que sete não é conta de
mentiroso.
Que tudo tenha dado certo,
enfim, e que todos tenham
aprendido uma singela lição:
ganhar a qualquer preço é
sempre constrangedor, acaba
não valendo tanto a pena
quando não acaba em derrota, que o digam o nosso Guga
e a mal-educada torcida paulista que transformou a quadra de tênis do Ibirapuera em
um estádio de futebol.
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