São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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Handebol estimula o êxodo das jogadoras

Atletas na Europa ajudam a melhorar nível da seleção, afirma confederação

Das 16 inscritas no Mundial, apenas uma atua no Brasil; entidade que comanda o esporte no país tem como meta pódio até fim de 2008



DA REPORTAGEM LOCAL

Do minúsculo Estado de Sergipe, saiu um dos produtos de exportação que mais dividendos têm trazido ao esporte brasileiro nos últimos anos.
Em Aracaju, sede da CBHb (Confederação Brasileira de Handebol), começaram as mudanças que transformaram um simples coadjuvante nos anos 90 em atração no Campeonato Mundial feminino, que tem início hoje na França.
Impulsionada pelo patrocínio da Petrobras -que, neste ano, chegou a R$ 2,8 milhões-, a entidade viu a seleção saltar da 20ª posição no Mundial-03 para o sétimo lugar dois anos depois no torneio.
Entre os homens, os resultados ainda são modestos. No Mundial deste ano, o time ficou em 19º lugar, atrás da Argentina, 16ª, rival que foi batido, meses depois, no Pan do Rio.
Quinze das 16 convocadas atuam na Europa, o centro da modalidade. O técnico da seleção é espanhol, Juan Coronado.
A CBHb estimula a ida dos jogadores ao velho continente.
"Há uma necessidade de os jogadores irem para a Europa. Não temos o dinheiro suficiente para segurar os atletas, e lá estão os melhores do mundo. Esse intercâmbio se reflete na seleção", afirma o sergipano Manoel Luiz Oliveira, há 16 anos à frente da confederação.
"Há um estímulo para que as jogadoras atuem na Europa para ganhar mais experiência", conta o técnico Coronado.
Se não pode ser considerado ainda um dos favoritos, o time nacional passou a ser levado a sério no planeta. Na última semana, em torneio amistoso, o Brasil bateu a França, campeã mundial em 2003, por 21 a 20, na casa das adversárias.
O cenário é o oposto de dez anos atrás. Naquela época, o time nem se destacava no Pan. Só em Winnipeg-99 levou o ouro. E é o atual tricampeão. Foi às duas últimas Olimpíadas.
Uma jogadora que já integrou a seleção conta que, nos tempos de vacas magras, as atletas tinham até que levar lençóis para forrar as camas nas concentrações.
O patrocínio da Petrobras veio em 2003. Eram R$ 800 mil por ano. Agora, o valor é quase quatro vezes maior. O orçamento da CBHb, nesta temporada, é de R$ 5 milhões. Para 2008, ano olímpico, a previsão alcança os R$ 6 milhões.
No ano em que a confederação foi agraciada com a verba da Petrobras, a empresa era presidida por José Eduardo Dutra, cujo reduto eleitoral é o mesmo Estado de Sergipe.
Oliveira afirma que as seleções, feminina e masculina, são "produtos da Petrobras".
"As ações que não contemplamos ainda iremos executá-las com a verba que virá da lei de incentivo ao esporte [R$ 864 mil ao handebol]. Vamos dar ajuda de custo aos jogadores das seleções e à comissão técnica de R$ 2.500", afirma ele.
A meta é chegar ao pódio em breve. "Trabalhamos com um planejamento estratégico. E nele está escrito que até o final de 2008 o Brasil vai ao pódio numa competição internacional de peso seja no feminino seja no masculino", diz Oliveira. (FABIO GRIJÓ)


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