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FUTEBOL
Ex-atleta critica intervenção enquanto sua empresa trata com Teixeira
Pelé adota tom conciliador
para tentar acerto com CBF
DO PAINEL FC E
DA REPORTAGEM LOCAL
Com vistas a acertar um contrato com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Pelé adotou
um discurso contemporizador
em relação ao presidente da entidade, Ricardo Teixeira.
"O Brasil é um país democrático. Tudo pode ser acertado conversando. Por mais bandido ou
corrupto que um dirigente seja,
não se pode tirá-lo do cargo à força", disse o ex-jogador em entrevista posterior à inauguração da
exposição ""Pelé - A Arte do Rei",
anteontem à noite, em São Paulo.
Ele também disse não crer em
uma intervenção do governo na
entidade esportiva, o que poderia
causar uma punição por parte da
Fifa, entidade com sede na Suíça
que gere o futebol mundial.
""Acho difícil uma punição da
Fifa. O Joseph Blatter [presidente
da Fifa" veio aqui especialmente
para homenagear o futebol brasileiro. Não ia prejudicar o país."
Pelé tem adotado uma postura
conciliatória. De um lado, tem de
apoiar as iniciativas do governo,
afinal, já foi integrante dele.
Um exemplo disso é que, anteontem, ele foi o cicerone da visita à mostra do Masp para um de
seus sucessores no cargo de ministro do Esporte, Carlos Melles.
Por outro lado, porém, o ex-jogador não pode se opor frontalmente com Teixeira porque sua
empresa está interessada em ser
agência de marketing da CBF.
Com a iminência da saída da
multinacional norte-americana
Nike do papel de agenciadora de
partidas da seleção, abriu-se o espaço para a Pelé Pro, empresa de
marketing esportivo de propriedade de Pelé, assumir esse vácuo.
Suas chances são ainda maiores
porque sua concorrente direta, a
Traffic, afirmou estar fora do páreo. A Traffic, uma sociedade entre o empresário brasileiro J. Hawilla e o fundo HMTF, foi a agência da CBF durante os primeiros
anos de Teixeira na presidência.
Assumindo o papel, a Pelé Pro
negociaria os direitos de imagem,
publicidade, bilheteria e marketing dos amistosos da equipe nacional, função que desde 2000 estava nas mãos da CBF.
A Folha publicou anteontem reportagem apontando que as negociações entre CBF e Pelé Pro
ainda estariam em estágio inicial,
mas chances de o negócio se concretizar são muito boas.
Ainda falta à CBF acertar as últimas alterações de seu contrato
com a Nike, que passará a ser apenas fornecedora oficial do uniforme da equipe.
Quando o novo acerto for firmado, a CBF irá recuperar o direito de negociar os jogos da seleção,
mas perderá 25% do que teria a
receber pelos dez anos de parceria
com a empresa -dos US$ 160
milhões previstos, passaria a ganhar US$ 120 milhões.
De qualquer forma, Pelé se disse
frustrado pelo fracasso do calendário quadrienal acordado entre
ele, dirigentes esportivos, clubes e
governo federal. ""É uma frustração. Foi um pacto que reuniu
muita gente, mas algumas pessoas não entenderam muito bem
a intenção", disse o ex-jogador.
Protagonista da exposição no
Masp, Pelé voltou a seu discurso
social, falando das ""criancinhas",
seu tema principal desde o milésimo gol, marcado em 1969.
De tabela, criticou o governo do
qual participou. ""Acho que vou
ter 90 anos e ainda o problema da
criança não vai estar resolvido. O
problema é o mesmo desde 1969",
declarou.
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG E RODRIGO BERTOLOTTO)
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