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saudade
Santos procura o que Pelé esbanjava
Em crise, clube comemora neste ano o cinqüentenário do mais memorável dos 18 Paulistas disputados por seu maior ídolo
Em 1958, foram 58 gols
do camisa 10, que nunca desfalcou no torneio o time, hoje penando na artilharia e com onda de contusões
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Gols, resistência física, vínculos consistentes com o clube.
Tudo o que faz falta ao Santos
atual sobrou para Pelé há 50
anos, quando o maior de todos
os tempos fez o mais incrível
Campeonato Paulista, competição que disputou 18 vezes, de
qualquer jogador na história.
Em 1958, Pelé fez incríveis 58
gols no Estadual, recorde disparado do torneio -ele ainda
foi artilheiro outras dez vezes.
O atacante não desfalcou a
equipe em nenhuma das 38
partidas disputadas pelo clube,
feito, segundo livro recentemente publicado pela federação paulista, obtido apenas por
Getúlio, no Santos daquela
temporada, quando o clube se
sagrou campeão. Era apenas o
segundo dos quase 20 anos como profissional que o camisa 10
passou na Vila Belmiro.
Marcas que em qualquer
tempo seriam épicas, mas que
ganham proporções ainda
maiores quando comparadas
com a pobreza atual do Santos,
que hoje leva sua crise para
Jundiaí, onde enfrenta o Paulista, às 18h10, na tentativa de
sair da zona do rebaixamento.
O Santos de Emerson Leão
tem média de 0,8 gol marcado
por jogo, ou praticamente a
metade do 1,53 tento que Pelé
sozinho conseguiu no Campeonato Paulista, que completa
neste ano seu cinqüentenário.
Pelo site oficial do clube, o
elenco santista tem hoje sete
atacantes. Juntos, eles somam
124 partidas pelo clube, em que
fizeram 33 gols, ou menos do
que Pelé fez apenas no segundo
turno no Paulista-1958.
O maior ídolo santista da história apanhava muito, tinha
acabado de voltar do Mundial
da Suécia, e a estrutura para a
recuperação de atletas há 50
anos não se comparava com a
atual. Mas, em uma época em
que não havia substituições,
sua resistência seria um bálsamo para o atual Santos.
O já enfraquecido elenco da
equipe sofre ainda mais com a
série de lesões de seus principais jogadores. Dores musculares tiraram o volante Rodrigo
Souto das duas primeiras partidas do time. O lateral Kléber,
com problemas na virilha, só
atuou durante um jogo inteiro.
No ataque, Kléber Pereira sentiu o tornozelo e não atuou na
derrota para o Barueri por 2 a 1,
na quinta, na Vila Belmiro.
Quando começou o Paulista
de 1958, Pelé, então com 17
anos, já tinha contrato assinado
por três temporadas com o
Santos, ganhando, pelo câmbio
da época, o equivalente a menos de US$ 50 mensais.
Hoje, o Santos pena para segurar suas revelações, como os
atacantes Tiago Luís e Alemão,
denunciados nesta semana por
terem assinado contratos de
gaveta com o clube.
Não há registros graves de indisciplina com Pelé em 1958,
bem diferente dos atritos
atuais de Leão com Fábio Costa, que afastaram o goleiro da
equipe contra o Barueri.
Vaias da torcida, marca do
Santos nesta temporada, também não foram o caso para o
fantástico Pelé de 1958.
Naquele Paulista, sempre
com ele em campo, o time do litoral jogou na Vila Belmiro, o
seu famoso estádio, 20 vezes, e,
também segundo os livros lançados pela Federação Paulista
de Futebol, o Santos saiu vitorioso em todos eles.
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