São Paulo, domingo, 03 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

saudade

Santos procura o que Pelé esbanjava

Em crise, clube comemora neste ano o cinqüentenário do mais memorável dos 18 Paulistas disputados por seu maior ídolo

Em 1958, foram 58 gols do camisa 10, que nunca desfalcou no torneio o time, hoje penando na artilharia e com onda de contusões

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Gols, resistência física, vínculos consistentes com o clube. Tudo o que faz falta ao Santos atual sobrou para Pelé há 50 anos, quando o maior de todos os tempos fez o mais incrível Campeonato Paulista, competição que disputou 18 vezes, de qualquer jogador na história.
Em 1958, Pelé fez incríveis 58 gols no Estadual, recorde disparado do torneio -ele ainda foi artilheiro outras dez vezes.
O atacante não desfalcou a equipe em nenhuma das 38 partidas disputadas pelo clube, feito, segundo livro recentemente publicado pela federação paulista, obtido apenas por Getúlio, no Santos daquela temporada, quando o clube se sagrou campeão. Era apenas o segundo dos quase 20 anos como profissional que o camisa 10 passou na Vila Belmiro.
Marcas que em qualquer tempo seriam épicas, mas que ganham proporções ainda maiores quando comparadas com a pobreza atual do Santos, que hoje leva sua crise para Jundiaí, onde enfrenta o Paulista, às 18h10, na tentativa de sair da zona do rebaixamento.
O Santos de Emerson Leão tem média de 0,8 gol marcado por jogo, ou praticamente a metade do 1,53 tento que Pelé sozinho conseguiu no Campeonato Paulista, que completa neste ano seu cinqüentenário.
Pelo site oficial do clube, o elenco santista tem hoje sete atacantes. Juntos, eles somam 124 partidas pelo clube, em que fizeram 33 gols, ou menos do que Pelé fez apenas no segundo turno no Paulista-1958.
O maior ídolo santista da história apanhava muito, tinha acabado de voltar do Mundial da Suécia, e a estrutura para a recuperação de atletas há 50 anos não se comparava com a atual. Mas, em uma época em que não havia substituições, sua resistência seria um bálsamo para o atual Santos.
O já enfraquecido elenco da equipe sofre ainda mais com a série de lesões de seus principais jogadores. Dores musculares tiraram o volante Rodrigo Souto das duas primeiras partidas do time. O lateral Kléber, com problemas na virilha, só atuou durante um jogo inteiro. No ataque, Kléber Pereira sentiu o tornozelo e não atuou na derrota para o Barueri por 2 a 1, na quinta, na Vila Belmiro.
Quando começou o Paulista de 1958, Pelé, então com 17 anos, já tinha contrato assinado por três temporadas com o Santos, ganhando, pelo câmbio da época, o equivalente a menos de US$ 50 mensais.
Hoje, o Santos pena para segurar suas revelações, como os atacantes Tiago Luís e Alemão, denunciados nesta semana por terem assinado contratos de gaveta com o clube.
Não há registros graves de indisciplina com Pelé em 1958, bem diferente dos atritos atuais de Leão com Fábio Costa, que afastaram o goleiro da equipe contra o Barueri.
Vaias da torcida, marca do Santos nesta temporada, também não foram o caso para o fantástico Pelé de 1958.
Naquele Paulista, sempre com ele em campo, o time do litoral jogou na Vila Belmiro, o seu famoso estádio, 20 vezes, e, também segundo os livros lançados pela Federação Paulista de Futebol, o Santos saiu vitorioso em todos eles.


Texto Anterior: Astro da decisão toma capas de revistas como a namorada modelo, Gisele
Próximo Texto: Rotatividade: Equipe já usou 24 atletas em apenas cinco rodadas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.