São Paulo, terça-feira, 03 de fevereiro de 2009

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Após sopros, Lenny recebe mordidas

Com 4 gols em 5 jogos, um dos artilheiros do Palmeiras no ano gera críticas de Luxemburgo, que o elogiara um dia antes

"Ele tem de lembrar de jogar bola", afirma treinador, que comparou badalação atual em cima do atleta à recebida no Fluminense há três anos

RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de marcar três gols no mesmo jogo e garantir a vitória do time, nada de tapinhas nas costas ou elogios. Foi com críticas pesadas do técnico Vanderlei Luxemburgo que o atacante Lenny viveu seu day after à melhor atuação pelo Palmeiras.
"Preocupou-me muito o pós-jogo de ontem. Ele fez três gols, mas isso não significa absolutamente nada", disparou Luxemburgo, antes de viajar com o restante da delegação para a Bolívia, onde a maior parte do grupo já está desde sexta-feira.
O treinador utilizou como exemplo o confronto válido pelas quartas-de-final da Copa do Brasil de 2006, quando Lenny, então com 18 anos, marcou um gol de muita plástica com a camisa do Fluminense nos 3 a 2 ante o Cruzeiro, no Mineirão.
Tido como uma das boas promessas da época, Lenny se transferiu para o futebol português no ano seguinte. Lá, acabou sumindo do mapa, até ser trazido de volta ao país pelo Palmeiras no começo de 2008.
"Vi ele hoje muito parecido com o Lenny de anos atrás. Tomara que ele tenha equilíbrio, senão vai ficar no meio do caminho", afirmou Luxemburgo.
As declarações do treinador causaram surpresa, ainda mais depois dos elogios que ele próprio fizera ao jogador logo após o triunfo por 3 a 2 sobre a Ponte Preta, em Campinas.
Lenny se consagrou no estádio Moisés Lucarelli quando converteu o pênalti, já aos 44min do segundo tempo, que decretou o placar final.
Luxemburgo chegou a fazer um mea-culpa por não ter dado tantas chances ao jovem atacante, já que quase sempre optava pelo veterano Denílson.
O que parece ter desagradado ao treinador foi a badalação em torno de um dos artilheiros do time na temporada -Keirrison e Cleiton Xavier também fizeram quatro gols cada um.
Alvo de piadas dos colegas de time pela seca de gols em 2008, Lenny aproveitou o momento para descontar no goleiro Marcos. O arqueiro costumava dizer que não encontrava um gol marcado por ele no YouTube.
"O Marcos não sabe nem mexer no computador, é o Bruno [goleiro reserva] quem entra no computador pra ele", brincou o atacante, ontem, no aeroporto, cercado por fotógrafos e fãs -a maioria formada por mulheres- pedindo o seu autógrafo.
Depois de passar 33 partidas sem marcar em 2008, Lenny já anotou quatro vezes em 2009.
Uma de suas declarações habituais desde então se refere à enxurrada de críticas que recebeu e sobre como foi duro atuar no clube durante a má fase.
O fato é que ele sempre conviveu com o apoio quase solitário de Luxemburgo, já que muita gente dentro do clube queria a sua saída, e ao mesmo tempo era o alvo predileto do treinador durante os treinamentos. Levava pito até nos acertos.
"Ele tem de lembrar de jogar bola, senão vai ficar quatro, cinco anos sem aparecer de novo", afirmou ontem Luxemburgo, que revelou não ter conversado com o camisa 19 depois da vitória de anteontem pelo Paulista.


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