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A hora da virada está próxima, gente
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
Luizão ou Viola? Escolha um
dos dois, qualquer um, e escale
no ataque do Santos, no lugar,
digamos, de Alexandre.
Agora, feche os olhos e reveja
o clássico de ontem. Por certo,
a história seria outra.
Sim, porque, bola rolando, o
Santos tomou conta do jogo,
mas não tinha contundência.
Bastaram, porém, duas estocadas de Viola, e, pronto, o
Palmeiras demarcou sua superioridade. Resultado: 2 a 0,
embora os gols tenham sido
marcados por dois médios
-Galeano e Marquinhos.
Mas é como aquela história
de dois pugilistas que se equivalem tecnicamente. Um, porém, tem pegada forte; o outro
não. Quem vai beijar a lona,
no final?
A cirúrgica radiografia do
futebol brasileiro, em série inédita da Folha, encerrou sua
primeira semana ontem com
chave de ouro: o resultado da
pesquisa do Datafolha junto
aos torcedores paulistanos
equivale à soma de todos os
artigos do Matinas, do Juca,
dos ilustres convidados que
habitualmente frequentam esta pequena área nas sextas-feiras, do mestre Armando Nogueira, do Sérgio Noronha, enfim, da mídia que pensa, além
de informar.
Para mim (permitam-me a
imodéstia que não passa de
mera constatação histórica),
que há mais de 20 anos levantei essa bola num estádio lotado de preconceitos, soa como
um suspiro de alívio: afinal,
não estamos sós.
Somos, agora, nós, o povo e
as leis do mercado contra meia
dúzia de cartolas superados,
que se agarram desesperados
às velhas estruturas do futebol
brasileiro.
A hora da virada está próxima, gente.
PS: Refiro-me, claro, à modernização do futebol, com os
clubes-empresas e um calendário racional e cosmopolita.
A propósito, a eleição da Copa do Brasil como líder na preferência popular reforça a tese
de que não somos um país de
turno e returno.
O mata-mata é o sistema
mais próximo do anseio do
nosso torcedor, que desenvolveu, em função da história dos
clubes brasileiros, uma cultura
peculiar em relação, por exemplo, ao europeu.
Pelo menos, foi o que até
agora nossos iluminados cartolas puderam oferecer como
alternativa.
E seu apelo está na expectativa da decisão permanentemente acesa, a cada rodada, a
antítese das fórmulas adotadas costumeiramente, com
longos períodos de jogos inconsequentes.
Mas longe está do ideal, por
exemplo, para um Campeonato Brasileiro disputado ao longo de seis/sete meses, digamos,
pois o mata-mata é para torneio de tiro curto.
Se a virtude está no meio, a
solução também: entre o turno-returno e o mata-mata, está uma fórmula mágica, que
mantém denso o clima de decisão por um longo período
-dividam-se os 16 clubes em
grupos de 4, que jogam entre
si; os campeões dos grupos disputam o título do primeiro
turno, do segundo e do terceiro
(quantos couberem, com folga
no calendário). Por fim, a
grande decisão entre os campeões dos turnos. Ou a sagração de um só, se este for o vencedor de todos os turnos.
(Ah, sim, para formação dos
grupos, antes de cada turno,
sorteio).
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