São Paulo, terça-feira, 03 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JOSÉ ROBERTO TORERO

Por que o Santos ganhou?


A pergunta acima pode ter várias respostas: a de ordem tática, detalhista, supersticiosa, bastidorista...


EIS AÍ uma pergunta que pode ter várias respostas.
Os táticos vão dizer que o São Paulo errou ao entrar com três zagueiros para marcar Roni, e que isso fragilizou o meio-campo.
Já o Santos teria acertado ao escalar os mesmos três zagueiros, pois precisava conter os avanços dos laterais tricolores e a jogada aérea com Washington. Realmente, deu certo. Das 30 bolas levantadas na área, apenas cinco foram parar nas cabeças dos tricolores.
Mas esta é apenas uma explicação. Os mais supersticiosos dirão que foi a presença de Pelé na Vila que inspirou os jogadores. Desde 2005, sempre que Pelé vai à Vila, o Santos vence. E não se pode dizer que ele escolhe jogos fáceis, porque o São Paulo era o favorito para o clássico.
Os detalhistas dirão que foi um bico de chuteira que fez a diferença. A bola chutada por Molina resvalou no pé de Rodrigo, desviou um pouco e venceu Rogério Ceni. Para os detalhistas, estes fatores microscópicos, estes lances isolados, é que explicam as partidas.
Os fãs da "determinação-e-garra" dirão que o principal responsável foi a mudança de postura do Santos. Nos jogos anteriores, parecia ser um time de velhos, cansado, sem alegria de jogar, sem vontade de vencer.
Mas anteontem os santistas correram como se fossem 11 Madsons. Há também os tecnicistas. Para estes, quem ganhou a partida foi Mancini. E ele parece que realmente já conseguiu mudar o modo de jogar da equipe, que era meio paquidérmico, modorrento. Ontem os jogadores fizeram várias jogadas rápidas, com lançamentos, toques de primeira e tabelas.
Uma turma interessante é a dos bastidoristas. Para esta turma, foram as mudanças nos bastidores do Santos que conseguiram a vitória. E houve reformas importantes. Por exemplo, o horário de treino passou de 10h para 8h30, o que traz várias vantagens: dá um ar mais responsável ao trabalho, dificulta as baladas e possibilita treinos mais longos.
Os bastidoristas podem lembrar ainda que agora os jogadores têm que fazer pelo menos uma das refeições no clube, refeições estas controladas por nutricionistas. Isso faz com que haja maior integração entre os jogadores e dificulta que alguns ganhem aqueles quilos a mais que fazem tanta diferença num atleta profissional. Bem, agora, nestes últimos parágrafos, seria a hora de dizer que, no final das contas, o que venceu foi o conjunto de todos estes fatores. Mas isso seria um fecho fácil. Fácil e covarde.
Na verdade, acho que a presença de Pelé não fez diferença, que o São Paulo não cometeu um grande erro ao entrar com três zagueiros (já que Madson e Molina jogaram perto de Roni) e que o detalhe faz parte de algo maior. Saindo de cima do muro, pulo para o lado dos fãs da determinação-e-garra. Para mim, essa foi a principal mudança no Santos. Ele passou a ser um time que quer vencer. É claro que Mancini influiu nesta nova postura, e é claro que acordar mais cedo e cortar a feijoada de quarta-feira também ajuda.
Enfim, parece que o Santos começou a pensar diferente. E quem pensa diferente corre diferente, joga diferente, e ganha.

torero@uol.com.br


Texto Anterior: Cida Santos: Melhor ataque x melhor bloqueio
Próximo Texto: Ronaldo segue em turnê corintiana
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.