São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2006

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AUTOMOBILISMO

Espanhol antinge dez vitórias na F-1 depois de brilhar na corrida em que meio grid não chegou ao fim

Alonso sobrevive e ganha GP da Austrália

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MELBOURNE

Da última vez em que a F-1 havia assistido a uma prova tão acidentada como a de ontem, Fernando Alonso era apenas mais um. Mais uma incógnita, mais um no grid, mais um no muro. Foi nos EUA, em junho de 2004.
Exatos 651 dias e 31 corridas depois, o espanhol foi exceção. Porque sobreviveu ao GP da Austrália. Porque em meio a poeira, fumaça e destroços de carros concorrentes, brilhou e venceu. Porque, como se não bastasse o destaque no presente, passou a cavar espaço entre ídolos do passado.
Campeão mundial mais jovem da F-1, Alonso conquistou na madrugada de ontem, em Melbourne, sua décima vitória. Assim, ultrapassou Rubens Barrichello e, entre os pilotos da atualidade, ficou atrás só de Michael Schumacher (84), de David Coulthard (13) e de Jacques Villeneuve (11).
Foi, ainda, seu nono pódio consecutivo. O que, em 56 anos, só havia sido alcançado por multicampeões: Schumacher, Nelson Piquet, Niki Lauda e Jim Clark.
Kimi Raikkonen foi o segundo, seguido por Ralf Schumacher, da Toyota. Entre os brasileiros, apenas Barrichello, sétimo, pontuou.
Com o resultado, terceira vitória da Renault em três provas no ano, Alonso iniciará a perna européia do Mundial com o dobro de pontos dos vice-líderes -soma 28 ante 14 de Giancarlo Fisichella e do finlandês da McLaren.
"Não enfrentei grandes problemas ou grandes duelos. Estive relaxado na maior parte da corrida", afirmou o espanhol, que neste ano já havia vencido a abertura do campeonato, no Bahrein.
Mais uma exceção. Porque o GP da Austrália foi um dos mais conturbados dos últimos anos. A começar pela volta de apresentação.
A caminho do grid, Juan Pablo Montoya, quinto, rodou e ficou atravessado. Antes das luzes se apagarem, outro incidente: Fisichella, na primeira fila, só atrás de Jenson Button, deixou o motor apagar. A largada foi abortada, e ele foi empurrado para os boxes.
Livre do companheiro, Alonso partiu para cima de Button. Por pouco tempo. Porque confusões, logo atrás, exigiram a entrada do safety car: envolvidos em acidentes, três pilotos, Felipe Massa, Jarno Trulli e Nico Rosberg não completaram a primeira volta.
Pista limpa, a disputa foi reaberta na quarta volta e o espanhol não titubeou. Ultrapassou o adversário e assumiu a ponta. Mas não abriu vantagem: já na volta seguinte, Christian Klien estourou o carro no muro, forçando nova entrada do carro-madrinha.
A relargada foi dada na décima volta, e então foi a vez de Raikkonen ultrapassar Button e assumir o segundo lugar. Em velocidade de cruzeiro, Alonso começou a se isolar na frente. Na 19ª volta, já tinha 9s413 sobre o finlandês.
O espanhol só perdeu a liderança de forma temporária, entre seus pit stops e os dos adversários. Exemplo de sua tranqüilidade no GP, chegou a abrir 24s825 sobre Raikkonen, na 33ª volta.
Sinal dos tempos, no instante em que o novo campeão conseguia sua maior vantagem na pista, o antigo campeão saía dela. Enfrentando problemas de equilíbrio com a Ferrari, Schumacher foi para a grama e bateu no muro, na reta dos boxes. Pela terceira vez, o safety car foi acionado.
Mesmo com os carros reagrupados, Alonso não teve dificuldades em abrir nova folga quando a disputa foi liberada -após um novo safety car-, na 41ª volta.
Na 51ª, já havia imposto 9s992 sobre Raikkonen. Seis voltas depois, completou a corrida, punhos para o alto, comemorando.
Além dele, apenas 11 outros cruzaram a linha de chegada. Dez pilotos não conseguiram, marca idêntica ao do GP dos EUA de dois anos atrás. Na ocasião, Schumacher venceu, Alonso bateu.
Mas aqueles eram outros tempos. Cada vez mais os são.


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