São Paulo, sexta-feira, 03 de abril de 2009

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FIA muda, de novo, resultado de GP

Entidade desclassifica Hamilton e devolve terceiro lugar para Trulli na corrida de abertura do Mundial, na Austrália

Inglês e McLaren teriam mentido sobre confusão das ultrapassagens durante safety car na pista; equipe afirma que não irá recorrer

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A SEPANG

Primeiro, a indefinição nos critérios para definir o campeão a uma semana da abertura da temporada. Depois, a polêmica dos difusores, que só terá fim na Corte de Apelações da FIA, no dia 14. E, uma semana após o início do Mundial, a F-1 já sofreu seu primeiro tapetão.
Desta vez, o vai e volta da entidade que comanda o automobilismo sobrou para o inglês Lewis Hamilton, da McLaren.
Após punir Jarno Trulli por ultrapassar o rival com o safety car na pista em Melbourne, os comissários voltaram atrás e não só devolveram o terceiro lugar que foi tirado do piloto da Toyota como desclassificaram Hamilton do GP da Austrália.
De acordo com a FIA, tanto o campeão como sua equipe mentiram deliberadamente.
Coincidência ou não, a McLaren e a entidade travam uma guerra nos bastidores da F-1 desde o caso de espionagem sobre a Ferrari, em 2007.
A origem da confusão foi a penúltima volta da prova de domingo passado. O safety car estava na pista por causa do acidente entre Sebastian Vettel e Robert Kubica. Trulli era o terceiro, à frente de Hamilton, mas errou e escapou da pista.
"O Lewis então me passou, mas logo em seguida ficou lento e colocou o carro para o lado", explicou o piloto da Toyota, que retomou a posição, imaginando que o adversário estivesse com um problema mecânico.
O regulamento proíbe ultrapassagens sob safety car.
Após a prova, os pilotos deram explicações à FIA. Questionado se havia deliberadamente dado passagem ao italiano, Hamilton negou. Trulli, então, foi punido com o acréscimo de 25 segundos a seu tempo, o que o deixou fora dos pontos.
Hamilton herdou o terceiro posto e, não fossem declarações suas ao Speed Channel, talvez tivesse ficado ali mesmo.
Na entrevista, o campeão deu uma versão diferente. "Estava atrás do Trulli com o safety car e, claramente, você não pode fazer ultrapassagens. Mas ele saiu da pista em uma curva e foi para a grama, acho que os pneus estavam frios", explicou.
"Eu fui forçado a passar. Diminuí o máximo que pude. Me disseram [a equipe] para devolver o lugar para ele, mas não sei se as regras são essas", disse.
Com a entrevista em mãos, a FIA decidiu então buscar a gravação do rádio com o diálogo entre o inglês e a McLaren.
Na conversa, em dúvida sobre a regra e sem conseguir resposta da direção de prova, a McLaren pede para o piloto reduzir e devolver a posição.
Depois de ouvir Hamilton novamente ontem, em Sepang, a FIA o eliminou da corrida.
"Tendo em vista novos elementos, os comissários consideraram que Hamilton e a McLaren agiram de maneira prejudicial ao evento fornecendo evidências de maneira a, deliberadamente, ludibriar os comissários", disse o documento.
"Deve ter sido difícil para a FIA voltar atrás, mas acho que eles foram inteligentes para entender a situação", afirmou Trulli, que havia desistido de apelar da decisão com base em fracassos de recursos similares.
A McLaren já informou que não irá apelar, mas negou que Hamilton mentiu. "Não há nenhuma indicação de mentira. Achamos que os comissários já tivessem ouvido as conversas pelo rádio e não entramos em detalhes. Foi um mal-entendido", disse o time, em nota.
Ao que tudo indica, porém, as polêmicas estão longe de terminar. Punido em US$ 50 mil e com a perda de dez posições no grid do GP da Malásia, Vettel já foi chamado pela FIA para discutir, novamente, seu acidente com Kubica no GP australiano.


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