São Paulo, sábado, 03 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gringos multiplicam artilharia na Libertadores

Estrangeiros fizeram 17 gols por times nacionais, mais que no resto da década

Boliviano Marcelo Moreno, do Cruzeiro, é o artilheiro da principal competição continental; colombiano Molina, do Santos, é o vice

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles enfrentaram implicância de treinador com estrangeiros e até, segundo um deles, preconceito de brasileiros contra bolivianos. Mas, nesta Libertadores, os jogadores importados pelos clubes brasileiro são um sucesso na artilharia.
Com a competição ainda na fase de oitavas-de-final, os gringos somam 17 gols. Entre 2001 e 2007, sempre considerando todas as fases, estrangeiros defendendo clubes nacionais fizeram ao todo 16 tentos.
O Brasil só disputa a artilharia com importados. O boliviano Marcelo Moreno, do Cruzeiro, lidera a corrida com oito gols. O colombiano Molina, do Santos, é um dos vices, com seis. Outros três sul-americanos balançaram as redes por times nacionais -os argentinos Trípodi (Santos) e Conca (Fluminense) e o equatoriano Quiñónez (Santos).
Só um estrangeiro, o uruguaio Pedro Rocha, em 1974, pelo São Paulo, foi artilheiro da Libertadores defendendo um clube brasileiro. Na ocasião, Pedro Rocha marcou menos gols que Marcelo Moreno tem agora (sete) e ainda dividiu a artilharia com dois jogadores.
Até agora, 26% dos gols de times nacionais no torneio continental foram estrangeiros. No ano passado, esse índice ficou em modestos 2,5%.
A explosão da participação gringa na artilharia vem da esteira no boom da importação de atletas, causado, principalmente, pelo real forte.
Só em dezembro do ano passado, os clubes da primeira divisão nacional, além do Corinthians, hoje na Série B, trouxeram 25 jogadores de fora, quase todos sul-americanos.
E quem brilha na artilharia não teve recepção calorosa.
Em entrevista ao site da Conmebol, Marcelo Moreno, filho de um brasileiro com uma boliviana, mas que cresceu e começou no futebol no país vizinho, queixou-se do tratamento que teve no Vitória, o seu primeiro clube em terras brasileiras.
"Fiquei feliz primeiro, já que foi um clube que me abriu as portas, mas logo a coisa ficou dura porque as pessoas me discriminavam por ser boliviano. Os amigos me deram uma mão, e isso foi muito importante para mim", afirmou o atacante, que chegou, sem muito sucesso, a defender as seleções de base do Brasil. Hoje virou estrela da seleção boliviana.
Quando chegaram ao Santos, em fevereiro, os estrangeiros contratados pelo clube tiveram uma péssima recepção por Emerson Leão, o treinador da equipe. "Fico frustrado pelo futebol brasileiro, e não apenas pelo Santos, que sempre primou por grandes contratações e por grandes equipes", disse Leão ao comentar o acerto do time com Molina e Quiñónez -Trípodi chegou depois.
Molina é o artilheiro do time e um dos principais articuladores de jogadas no meio-campo. Fez anteontem, contra o Cúcuta, o segundo gol na vitória de 2 a 0 pelas oitavas-de-final.
Trípodi tem poucas chances de jogar, mas foi o herói da classificação na primeira fase, quando marcou contra o mesmo Cúcuta nos minutos finais.


Texto Anterior: São Paulo: Zagueiro Alex Silva é acusado de agressão em Indaiatuba
Próximo Texto: Destaques têm carreira nômade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.