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Gringos multiplicam artilharia na Libertadores
Estrangeiros fizeram 17 gols por times nacionais, mais que no resto da década
Boliviano Marcelo Moreno, do Cruzeiro, é o artilheiro
da principal competição continental; colombiano Molina, do Santos, é o vice
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles enfrentaram implicância de treinador com estrangeiros e até, segundo um deles,
preconceito de brasileiros contra bolivianos. Mas, nesta Libertadores, os jogadores importados pelos clubes brasileiro são um sucesso na artilharia.
Com a competição ainda na
fase de oitavas-de-final, os
gringos somam 17 gols. Entre
2001 e 2007, sempre considerando todas as fases, estrangeiros defendendo clubes nacionais fizeram ao todo 16 tentos.
O Brasil só disputa a artilharia com importados. O boliviano Marcelo Moreno, do Cruzeiro, lidera a corrida com oito
gols. O colombiano Molina, do
Santos, é um dos vices, com
seis. Outros três sul-americanos balançaram as redes por times nacionais -os argentinos
Trípodi (Santos) e Conca (Fluminense) e o equatoriano Quiñónez (Santos).
Só um estrangeiro, o uruguaio Pedro Rocha, em 1974,
pelo São Paulo, foi artilheiro da
Libertadores defendendo um
clube brasileiro. Na ocasião,
Pedro Rocha marcou menos
gols que Marcelo Moreno tem
agora (sete) e ainda dividiu a artilharia com dois jogadores.
Até agora, 26% dos gols de times nacionais no torneio continental foram estrangeiros. No
ano passado, esse índice ficou
em modestos 2,5%.
A explosão da participação
gringa na artilharia vem da esteira no boom da importação
de atletas, causado, principalmente, pelo real forte.
Só em dezembro do ano passado, os clubes da primeira divisão nacional, além do Corinthians, hoje na Série B, trouxeram 25 jogadores de fora, quase
todos sul-americanos.
E quem brilha na artilharia
não teve recepção calorosa.
Em entrevista ao site da Conmebol, Marcelo Moreno, filho
de um brasileiro com uma boliviana, mas que cresceu e começou no futebol no país vizinho,
queixou-se do tratamento que
teve no Vitória, o seu primeiro
clube em terras brasileiras.
"Fiquei feliz primeiro, já que
foi um clube que me abriu as
portas, mas logo a coisa ficou
dura porque as pessoas me discriminavam por ser boliviano.
Os amigos me deram uma mão,
e isso foi muito importante para mim", afirmou o atacante,
que chegou, sem muito sucesso, a defender as seleções de
base do Brasil. Hoje virou estrela da seleção boliviana.
Quando chegaram ao Santos,
em fevereiro, os estrangeiros
contratados pelo clube tiveram
uma péssima recepção por
Emerson Leão, o treinador da
equipe. "Fico frustrado pelo futebol brasileiro, e não apenas
pelo Santos, que sempre primou por grandes contratações
e por grandes equipes", disse
Leão ao comentar o acerto do
time com Molina e Quiñónez
-Trípodi chegou depois.
Molina é o artilheiro do time
e um dos principais articuladores de jogadas no meio-campo.
Fez anteontem, contra o Cúcuta, o segundo gol na vitória de 2
a 0 pelas oitavas-de-final.
Trípodi tem poucas chances
de jogar, mas foi o herói da classificação na primeira fase,
quando marcou contra o mesmo Cúcuta nos minutos finais.
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