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FUTEBOL
O Clube dos Cem
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Apenas seis jogadores haviam conseguido ultrapassar a marca dos cem gols no Campeonato Brasileiro. Nesta rodada
de fim de semana, porém, o grupo
dos goleadores centenários ganhou mais um membro.
Com o gol de cabeça marcado
diante do Grêmio, Evair Aparecido Paulino passa a integrar esse
clube de seletos artilheiros. Ele começou a marcar jogando pelo
Guarani, nas temporadas de 1985
e 1986, mas mandou a bola às redes atuando por vários outros
clubes, como Palmeiras e Vasco,
onde foi campeão.
O feito de Evair merece destaque porque, pelo menos desde
1993, ele vem atuando como uma
espécie de artilheiro solidário. Túlio e Serginho, por exemplo, raramente davam passes para seus
companheiros. Eram artilheiros
por excelência, daqueles que ficavam isolados na área, devendo
simplesmente empurrar a bola
para dentro do gol.
Evair não. Desde que o Palmeiras formou, em 1993, o ataque dos
três E (Edmundo, Evair e Edílson), ele passou a jogar para o coletivo, transformando-se num dos
mais eficientes pivôs da história
recente do nosso futebol.
Em vez de ficar esperando passes e chutando para o gol de qualquer distância, ele ficou famoso
por jogar de costas para as traves,
procurando atrair a marcação
dos zagueiros e abrindo espaços
para outros fazerem gols.
Assim foi com os já citados Edmundo e Edílson (no Palmeiras),
com Leandro (na Lusa) e, de novo, com Edmundo (no Vasco). E,
recebendo os passes de Evair, Edmundo bateu o recorde de gols
numa competição, em 1997 (aliás,
o Animal, com seus 97 gols, credencia-se para ser o próximo integrante do Clube dos Cem).
Pensando mais no grupo do que
em si mesmo, talvez Evair tenha
perdido boas oportunidades, como, por exemplo, a de ser convocado para a Copa do Mundo de
1994, nos Estados Unidos. Por outro lado, ganhou um espaço no
coração dos torcedores dos clubes
pelos quais passou e garantiu a
admiração de todos aqueles que
se encantam com o bom futebol.
Seus belos gols, sua movimentação na área e seus passes açucarados tornaram-se uma das mais
belas páginas da história do esporte nos anos 90.
Ultimamente, Evair vem se destacando por ser um andarilho,
atitude típica do atleta em fim de
carreira. Nas suas últimas passagens (Goiás, Coritiba e, agora, Figueirense), também notamos que
o atacante já vem sofrendo o peso
dos anos. Não atua em todos os
jogos e, às vezes, não consegue
realizar uma ou outra jogada por
causa da natural limitação física.
Mesmo assim, não são raros os
momentos em que ele consegue
surpreender, fazendo gols e jogadas que lembram o craque que todos aprendemos a admirar.
Que a cidade de Crisólia (MG)
faça uma grande festa para o seu
mais ilustre filho, e que as torcidas jamais se esqueçam daquele
que lhes deu tantas alegrias. Não
são todos os artilheiros que podem se ombrear com Roberto Dinamite, Zico, Túlio, Serginho, Dario e Romário.
Surpresas
Um time surpreendente é o Paraná, atualmente no quinto lugar. Não tem nenhuma estrela, mas joga com um afinco impressionante, marcando muito
bem e correndo mais que carteiro no primeiro dia de trabalho. Já a surpresa negativa é o Grêmio, que no papel possui
um time excelente. Talvez a Libertadores da América e a pressão do São Paulo sobre Tite tenham atrapalhado.
Terça-feira de cinzas
Caro leitor, esta é a última terça-feira que escrevo neste espaço, o que será bom para todos.
A Folha economizará uns trocados, eu terei mais tempo para
escrever uns livrinhos e você
não terá que ler estas bobagens
de segunda, digo, de terça. Mas
não comemore muito. Eu continuo escrevendo às sextas.
E-mail torero@uol.com.br
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