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São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2003

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SANTOS 1 X 3 BOCA JUNIORS

FALTOU PELÉ

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Apesar da derrota para o Boca Juniors por 3 a 1 na final da Libertadores, jogadores santistas se congratulam após rezar no centro do gramado do Morumbi sob os aplausos da torcida



Diante de quase 75 mil torcedores, Meninos da Vila não conseguem repetir time dos sonhos de 1963, perdem a cabeça e desperdiçam a chance do tricampeonato

Diante de 5.000 boquenses no Morumbi, time argentino conquista quinto título continental, vinga passeio de 1963 e consagra Bianchi como 'Mr. Libertadores'



ALEC DUARTE
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Santos de Diego e Robinho não chegou ainda aonde chegou, há 40 anos, o Santos de Pelé.
E vai demorar pelo menos mais um ano para que isso aconteça.
Bicampeão da Libertadores e do Mundial interclubes (1962 e 1963), considerado o melhor time do século 20 na América pela Fifa, o time do "Rei" ainda é a imagem solitária do Santos no exterior.
O Boca Juniors conseguiu se vingar das duas derrotas na final da Libertadores de 1963 e ontem venceu pela segunda vez os novos Meninos da Vila na decisão do principal torneio do continente.
O clube argentino, com uma vitória por 3 a 1, comemorou seu quinto título do torneio -apenas perde em conquistas para o conterrâneo Independiente. O tão sonhado tricampeonato santista foi adiado. Nenhum clube brasileiro, aliás, conseguiu até hoje três títulos da Libertadores (nem três taças do Mundial interclubes). Ou seja, a marca de Pelé continua.
O Santos, que ficou invicto até encontrar o Boca Juniors no torneio (teve uma série de 12 jogos sem derrota), precisava vencer por pelo menos três gols de vantagem no tempo normal para ser campeão. Mas levou um gol, que lembrou as tabelas de Pelé e Coutinho, ainda na primeira etapa.
No segundo tempo, o time brasileiro até chegou a empatar, porém no desespero foi vazado mais duas vezes nos minutos finais.
Estatisticamente, a missão era muito difícil. Só sete vezes na era moderna da Libertadores, com quatro fases de mata-mata, a equipe que perdeu o jogo de ida por dois gols de diferença (o Santos caiu em Buenos Aires por 2 a 0) conseguiu a virada na volta. Mas os santistas acreditavam tanto que acabaram com os mais de 70 mil ingressos já no domingo.
O Morumbi recebeu a quarta partida do Santos em Libertadores. Em todas a equipe da Vila Belmiro foi derrotada -o "alçapão" santista, tão útil na campanha deste ano, ficou fora da final por não comportar 40 mil pessoas.
Em contrapartida, o técnico Carlos Bianchi, do Boca Juniors, conseguiu o seu terceiro título da Libertadores no Morumbi. Com ele no comando, o mais popular clube argentino venceu três das quatro últimas edições do torneio -pela primeira vez um time de Bianchi foi campeão sem precisar de uma disputa de pênaltis.
Foi o 20º título de um time argentino na competição. Os brasileiros, que juntos ganharam 11 troféus da Libertadores, perderam ontem pela sétima vez uma final do torneio diante dos rivais.
Foi o primeiro grande fracasso dos Meninos da Vila versão século 21 (o Paulista era pouco). Após uma campanha memorável no Brasileiro, que acabou com um jejum de 18 anos sem títulos de expressão do Santos e empolgou os torcedores do país, e uma campanha destacada em vários países, como Colômbia, México e Uruguai, o sonho de colocar a camisa branca de novo no topo do futebol mundial ruiu quando o último degrau estava bem perto.
O plano era repetir exatamente o que o famoso time de 1963 fez (superou o Boca Juniors para ganhar a América e bateu o Milan para conquistar o mundo). Mas faltou um grande detalhe: Pelé.
A Libertadores, competição que tradicionalmente exige experiência e malícia, deu um grande castigo nos meninos. Mas, bem colocados no Brasileiro -estão na terceira posição com um jogo a menos que os adversários- e mais maduros, podem usar a lição de ontem para passarem no grande teste no próximo ano.
Uma mostra disso foi dada ao final da partida. Unidos no meio-campo, mesmo derrotados, os jogadores fizeram questão de mostrar que estavam de cabeça erguida. Saíram saudados pela torcida.


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