DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1999, Pelé viveu uma experiência como "olheiro" no Santos marcada por uma série de confusões.
O ex-jogador foi convidado pelo então presidente Samir Abdul-Hak, seu aliado desde os anos 70, para assumir o comando do departamento amador e tentar descobrir novos talentos.
Seu ex-companheiro Coutinho, que dirigia a equipe juvenil, foi afastado do cargo antes de Pelé assumir e reclamou, embora o ex-jogador tenha dito nem ter sido informado de sua saída.
Apesar de se considerar um dos responsáveis pelo surgimento de Diego e Robinho, os dois não estavam no grupo de atletas que costumavam treinar com Pelé -o primeiro tinha 14 anos, o segundo, 15, quando os atletas normalmente treinados por Pelé tinham 16 ou 17 anos.
Em seu primeiro treino, pelo menos três juvenis passaram mal. Um deles chegou a desmaiar, mas disse que a forte emoção de treinar sob os olhos de Pelé -e não apenas o calor- pode ter influenciado no incidente.
Depois, os problemas foram com o técnico Leão, que dirigia a equipe principal.
A intenção de Pelé era promover uma integração entre os atletas das categorias de base e os do profissional.
Leão não só não concordou como limitou o contato entre as categorias. Proibiu atividades amadoras no mesmo horário dos treinos da equipe profissional no CT do Santos, o "Rei Pelé".
Além de formar jogadores, Pelé dizia que pretendia formar cidadãos. "Vou querer conhecer a família de todos vocês. Se não se comportarem bem em casa, nunca serão craques. Só o talento não basta", disse na primeira preleção aos garotos.
Pelo trabalho em Santos, que não durou mais de dez meses e para o qual dedicava um dia da semana, Pelé recebia cerca de R$ 5.000 mensais, com carteira assinada.
Mas, a partir de dezembro de 1999, quando Marcelo Teixeira venceu as eleições contra José Paulo Fernandes, da situação, Pelé se afastou de vez das atividades do clube da Vila.(JCA)


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