FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Está no material da candidatura parisiense aos Jogos de 2012 e é como uma ducha de água fria naqueles que torcem pelo sucesso de São Paulo. Amiga pessoal do prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, Marta Suplicy teria lhe dito que o Rio de Janeiro é favorito na disputa contra a capital paulista.
"Não é segredo. A cidade do Rio será anunciada como representante brasileira, em 7 de julho. Marta Suplicy, amiga de Bertrand Delanoë, não esconde que sua São Paulo tem poucas chances de ganhar do Rio", afirma o material oficial do projeto Paris-2012.
A Prefeitura de São Paulo estimou um gasto de US$ 2 milhões, aproximadamente R$ 5,6 milhões, com a pré-candidatura.
A escolha da representante brasileira aos Jogos de 2012 será na segunda. Até o dia 15, a prefeitura da cidade eleita tem que oficializar no Comitê Olímpico Internacional o registro como cidade-aspirante e pagar uma taxa de US$ 150 mil, cerca de R$ 420 mil.
Por enquanto, pelo menos no Brasil, a Prefeitura de São Paulo procura passar uma imagem de otimismo, com uma campanha publicitária em jornais, emissoras de rádio e outdoors por ruas e avenidas. Externamente, no entanto, parece não ser assim.
Há cinco meses, no dia 3 de fevereiro, Marta almoçou com Delanoë, do Partido Socialista, em Paris. Oficialmente, a conversa abordou a participação da prefeitura parisiense nos festejos dos 450 anos de São Paulo, em 2004.
Participou ainda do encontro Luis Favre, marido da prefeita. Na ocasião, ele afirmou que os dois trataram de outros assuntos, mas não quis entrar em detalhes.
A nota sobre a prefeita de São Paulo está na terceira página de um caderno produzido pela administração parisiense em conjunto com o "L'Équipe", principal diário esportivo da França.
O material integra um dossiê da candidatura francesa que foi entregue à Folha pela assessoria de Esportes da Prefeitura de Paris.
Na mesma página, são analisadas outras cidades que pleiteiam os Jogos: Havana, Istambul, Leipzig, Londres, Madri, Moscou e Nova York. Nenhuma delas merece uma análise tão conclusiva como a da postulação brasileira.
O material cita alguns motivos pelos quais o Rio vencerá São Paulo, entre eles o Pan de 2007. Mas, segundo os franceses, parece improvável que o COI escolha um país que "dá mais atenção para o futebol do que para todos os outros esportes juntos".

Motivação
A candidatura de Paris tem sido movida por um sentimento de orgulho ferido. Após a derrota para Pequim pelos Jogos de 2008, a prefeitura da capital francesa vê como questão de honra a disputa.
No (pouco) material oficial já divulgado, os franceses se referem à queda no pleito como "humilhação suprema" e "nocaute". E prometem "revanche", afirmando terem aprendido com os erros.
Eles alegam que utilizaram os 22 meses entre o fim de uma candidatura e o início de outra para refletir: "O tempo serviu para analisar e digerir aquele resultado".
A candidatura de Paris ainda vive uma dualidade: enquanto a cidade já está vestida com as cores da campanha, a formação de seu comitê engatinha -seus membros serão definidos no dia 15.


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