São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006

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CBF quer Scolari e arma plano B

Para ter respaldo da opinião pública, confederação tentará o técnico gaúcho, mas já espera um não

Após confirmar recusa de sua primeira opção, Ricardo Teixeira fará um convite para que Luxemburgo dirija a seleção pela segunda vez

DOS ENVIADOS A FRANKFURT

Uma vez mais, a primeira opção da CBF para recuperar a seleção de um fiasco é Luiz Felipe Scolari. Com a saída iminente de Carlos Alberto Parreira, o técnico pentacampeão em 2002, que lidera Portugal na semifinal da Copa, não deve, porém, voltar agora ao cargo. O mais provável é que vingue o plano B da confederação, Vanderlei Luxemburgo.
O problema com Scolari é que, diferentemente de 2001, desta vez possivelmente vontade e dinheiro não serão suficientes para convencer o treinador gaúcho. O desejo da CBF, hoje, não passa de um sonho.
O sucesso de Scolari com a seleção portuguesa -que só atingira a semifinal uma vez, em 1966- alçou à estratosfera o já crescente prestígio do técnico brasileiro no cenário mundial. Não é exagero dizer que ele, que em maio esnobou convite da seleção inglesa, é hoje um dos três técnicos mais cobiçados do planeta, se não o mais.
A campanha na Copa da Alemanha suscitou rumores de que ele poderá assumir a seleção da Itália ou o Real Madrid.
A avaliação da cúpula da CBF é que Scolari está hoje num patamar que parece inatingível, seja pela valorização financeira ou, principalmente, pelos projetos pessoais do técnico.
Ele já manifestou mais de uma vez que pretende prolongar sua permanência na Europa, seja num clube grande ou numa seleção tradicional.
Ainda assim, a CBF pretende tentar sondá-lo sobre a possibilidade do retorno. Mas o fará já com o seu plano B na manga. Luxemburgo é tido no comando da entidade como ótima opção. O presidente da entidade, Ricardo Teixeira, e o secretário-geral Marco Antônio Teixeira são amigos do técnico do Santos e têm admiração quase reverencial por seu trabalho.
Mas os cartolas reconhecem que Scolari seria uma opção mais adequada, porque muito mais popular e menos turbulenta. O gaúcho deixou o cargo por cima, respaldado pela torcida e pela mídia, e sua reputação só melhorou desde então.
Luxemburgo, que também já treinou o time, entre 99 e 2000, saiu na sarjeta, investigado por CPIs no Congresso, tendo de se explicar sobre falsificação de documentos e sendo incapaz de evitar a eliminação por Camarões na Olimpíada de Sydney.
É, além do mais, um profissional sem jogo de cintura para lidar com críticas e questionado por sua relação estreita com empresários de futebol.
Assim, a estratégia da CBF é: sondar Scolari; caso confirme que ele não aceita (o que é quase certo), fará chegar ao público que tentou o melhor e que, sem saída, foi obrigada a optar por Luxemburgo. Para a entidade, não há hoje uma terceira opção.
A contratação de Scolari em 2001 para suceder Leão, num momento de crise (a seleção ia mal nas eliminatórias e perdera da Austrália na Copa das Confederações), foi definida pela CBF com base em pesquisas de opinião que mostraram que o então técnico do Cruzeiro era o preferido da torcida brasileira.0 (FÁBIO VICTOR, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)

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