São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006

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Tostão

Não somos idiotas

Diferentemente da seleção de 1982, a atual não deixará nenhuma saudade

APÓS O desorganizado futebol dos quatro primeiros jogos, havia uma esperança de que a seleção brasileira crescesse nos momentos decisivos e, ao mesmo tempo, um temor de que desmoronasse quando enfrentasse fortes adversários. Foi o que aconteceu.
O Brasil jogou muito mal com o quarteto ofensivo e com os três volantes no jogo contra a França. O problema principal não foi o desenho tático, e sim a postura apática do estilo Parreira, de recuar e permitir que o adversário toque a bola com facilidade.
O Brasil assistiu ao excepcional Zidane dar um show. Contra Portugal, duvido que ele tenha tanta moleza. Como disse José Trajano, o time brasileiro quis fazer uma homenagem ao craque francês, que vai parar de jogar após o Mundial. Gilberto Silva, em vez de marcá-lo de perto, jogou quase como um terceiro zagueiro, sem função, pois Henry era o único atacante e já havia um zagueiro na sobra.
Após a partida, Parreira disse que Zidane foi bem marcado. O técnico deve achar que somos idiotas e/ou que não entendemos nada de futebol.
Com freqüência, é preciso esperar uma Copa para termos certeza de que alguns jogadores que foram importantíssimos por muito tempo, como Roberto Carlos, Cafu e, talvez, Ronaldo, já deveriam ter sido substituídos. Sei que era difícil barrá-los, pois havia uma esperança de que poderiam atuar bem. Além disso, os reservas não empolgavam.
As grandes esperanças, Ronaldinho e Kaká, decepcionaram. Sabia que Ronaldinho nunca jogaria como no Barcelona, mas poderia ter atuado muito melhor. Ele sentiu também a responsabilidade de ser a estrela do Mundial.
A seleção tem tanto prestígio que ninguém imagina a sua derrota. Essa autoconfiança, de jogadores, técnicos e até da imprensa, confunde-se várias vezes com a soberba.
Nas conquistas e decepções em uma Copa, surgem dezenas de fatos e/ou versões que têm pouca ou nenhuma importância no resultado.
Diferentemente da seleção de 82, que também tinha muitos craques e perdeu, a atual não deixará nenhuma saudade.
tostao.folha@uol.com.br


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