São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006

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Assistente dita ritmo alemão

Joachin Löw vira braço direito de Klinsmann e define estratégias adotadas pela Alemanha na Copa

Responsável pela blitz que resultou em dois gols em 12 minutos sobre a Suécia, ex-atleta é visto como peça vital para país bater a Itália

GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

O cargo de assistente técnico descrito em sua ficha de trabalho não dá a noção exata do que Joachin Löw representa para a seleção da Alemanha.
Longe de ser uma figura decorativa, como muitos de seus pares, o ex-jogador é o responsável por esquadrinhar o esquema tático que a equipe segue durante os jogos da Copa.
Não por acaso, o treinador Jürgen Klinsmann o considera peça fundamental no grupo que amanhã, contra a Itália, disputa uma vaga na decisão.
"Seguimos um sistema sem muita hierarquia na comissão técnica. Todos têm importância decisiva", diz o comandante.
Sua tese encontra respaldo em campo. Nos jogos da Alemanha, Löw vai à beira do gramado gritar instruções, define caminhos para surpreender adversários e conversa com Klinsmann o tempo todo.
São atitudes incomuns se comparadas com a de seus colegas de profissão. Zagallo, por exemplo, pouco influenciava as decisões de Carlos Alberto Parreira no Brasil. Em Portugal, Luiz Felipe Scolari rege o time sozinho e raramente busca a opinião de Murtosa, que atua como seu assistente.
Löw também é desinibido e às vezes fala como treinador. Ontem, por exemplo, deixou Klinsmann descansando e respondeu sozinho às perguntas de jornalistas sobre o próximo compromisso da seleção.
"Temos pela frente um rival que sabe jogar muito bem na defesa e espera a hora certa de atacar. É um método aplicado há 60 anos e que dá certo. A tática que definirmos para enfrentá-los será fundamental para podermos vencer."
Então, que tipo de esquema a Alemanha seguirá para chegar à final? "Isso eu não falo, assim como vocês [repórteres] não contam aos concorrentes o que vão escrever no jornal."
Esconder as idéias e surpreender os oponentes são algumas de suas pedidas favoritas. Nesta Copa, partiu de Löw o estratagema de atacar a Suécia nos minutos iniciais do jogo das oitavas. Na ocasião, a Alemanha fez dois gols em 12 minutos e liqüidou o confronto.
Sua contratação foi a primeira exigência de Klinsmann quando convocado para assumir a equipe, em meados de 2004. A indicação soou estranha, já que Löw não era das figuras mais prestigiadas.
Ex-jogador com passagens por times de primeira linha da Alemanha, como o Stuttgart e o Eintracht Frankfurt, ele iniciou sua carreira como técnico quase que por acaso. Löw integrava a comissão técnica do Stuttgart em 96. O time não ia bem, o chefe caiu, e ele assumiu a equipe interinamente. Resultado: nos seis jogos iniciais, cinco vitórias e um empate.
Ganhou o emprego. No ano seguinte, guiou o clube ao título da Copa da Alemanha. Depois, peregrinou por times da Turquia e da Áustria antes de chegar à seleção. "Sempre fui um estudioso do futebol. Por isso dou muito valor ao intenso período de preparação e planejamento que criamos para este Mundial", declara o assistente.
Seu suporte ao projeto renovador de Klinsmann, que apostou em jogadores jovens e deu roupagem ofensiva a uma seleção mais famosa pela defesa, nunca foi abalado. Mesmo quando o treinador esteve com a cabeça à prêmio, Löw saía em sua defesa. O pior momento, aliás, ocorreu em março, após revés de 4 a 1 para a mesma Itália que enfrentam amanhã.
Na época, Löw insistiu que seu colega estava certo ao manter o 4-4-2 e o jogo focado no ataque, disposição agora respaldada por 87% dos alemães que apóiam Klinsmann.
Aos 46 anos, casado com Daniela, sem filhos, Löw diz que o time pode bater pela primeira vez os italianos em Copas. "Não é por revanche, nem por causa da cidade [Dortmund], onde a Alemanha nunca perdeu. É porque nos preparamos para vencer. Estamos prontos."


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