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[!] Opinião
Dá tristeza ver a América do Sul fora
FRANZ BECKENBAUER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Vocês podem imaginar
como estou feliz. Acompanho as partidas do Mundial viajando de helicóptero de estádio a estádio. Como presidente do Comitê
Organizador, coloquei como objetivo que as pessoas
fiquem alegres e que os turistas digam que este foi
um bom Mundial. E até
agora as minhas expectativas foram cumpridas.
Sem dúvida é triste que
nenhuma equipe africana
ainda esteja na Copa, assim como as sul-americanas, que dão um colorido
especial ao torneio.
Os argentinos estão
muito bravos. Eles começaram o Mundial como favoritos, e logo Riquelme,
Crespo, Tevez e companhia foram eliminados nas
quartas-de-final, apesar
de terem feito, possivelmente, a melhor partida
da fase de grupos, contra a
Costa do Marfim, lamentavelmente também eliminada. E ainda foi uma
surpresa que a seleção alemã, considerada fraca, tenha crescido tanto que
derrotou a Argentina, um
time coalhado de estrelas.
Cinco vitórias consecutivas é um recorde para a
Alemanha. A equipe estava tão confiante que partiu
para um jogo aberto com a
Argentina. Foi para o tudo
ou nada. E, quando os alemães chegam a uma disputa de pênaltis, já sabem
quem ganha: a Alemanha.
Uns dizem que pênalti é
loteria. Outros dizem que
não quando foram treinadas as cobranças. Eu acho
que quem bate dez pênaltis por dia sabe onde vai
colocar a bola. Mesmo que
esteja sob forte tensão.
Com Klose, a Alemanha
tem um atacante de classe
internacional. E o meia
Ballack, apesar da maneira
como atua pelo Bayern de
Munique, se deu muito
bem numa posição mais
defensiva. Ele e Frings cuidam de todas as jogadas à
frente da defesa, em princípio um pouco insegura.
Para mim, era claro que
os italianos conseguiriam
derrotar a Ucrânia. Espécie de zebra, ela não chegou a encontrar seu ritmo
e sua grande estrela, Shevchenko, só deu mostras de
sua classe. Os italianos, ao
contrário, honraram a fama de seleção "copeira",
crescendo jogo após jogo.
Com grande habilidade, o
técnico Marcello Lippi dosou as atuações da estrela
Totti. O goleiro Buffon,
Pirlo, Gattuso, ambos no
meio, e Toni, no ataque,
têm classe indiscutível.
Alemanha x Itália segue
sendo para mim um clássico desde a Copa do México, quando perdemos por
4 a 3. Quem sabe as coisas
não acontecem de um jeito
diferente desta vez. Um 4 a
3 a nosso favor seria sem
dúvida algo especial.
A derrota do Brasil para
a França, apesar de merecida, me doeu um pouco.
Porque Ronaldinho, Kaká
e cia., apesar do desgaste
pela Copa dos Campeões,
tiveram tempo para descansar, e achei que eles recuperariam as forças. Mas
ambos se mostraram debilitados, especialmente Ronaldinho. Fica a alegria de
que os franceses voltem a
ser o que foram. Desejo a
Zidane e cia. muita sorte.
FRANZ BECKENBAUER foi campeão
mundial em 1974 como atleta e em 1990
como técnico da Alemanha e hoje é presidente do Comitê Organizador da Copa-06
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