São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

[!] Opinião

Dá tristeza ver a América do Sul fora

FRANZ BECKENBAUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Vocês podem imaginar como estou feliz. Acompanho as partidas do Mundial viajando de helicóptero de estádio a estádio. Como presidente do Comitê Organizador, coloquei como objetivo que as pessoas fiquem alegres e que os turistas digam que este foi um bom Mundial. E até agora as minhas expectativas foram cumpridas. Sem dúvida é triste que nenhuma equipe africana ainda esteja na Copa, assim como as sul-americanas, que dão um colorido especial ao torneio. Os argentinos estão muito bravos. Eles começaram o Mundial como favoritos, e logo Riquelme, Crespo, Tevez e companhia foram eliminados nas quartas-de-final, apesar de terem feito, possivelmente, a melhor partida da fase de grupos, contra a Costa do Marfim, lamentavelmente também eliminada. E ainda foi uma surpresa que a seleção alemã, considerada fraca, tenha crescido tanto que derrotou a Argentina, um time coalhado de estrelas. Cinco vitórias consecutivas é um recorde para a Alemanha. A equipe estava tão confiante que partiu para um jogo aberto com a Argentina. Foi para o tudo ou nada. E, quando os alemães chegam a uma disputa de pênaltis, já sabem quem ganha: a Alemanha. Uns dizem que pênalti é loteria. Outros dizem que não quando foram treinadas as cobranças. Eu acho que quem bate dez pênaltis por dia sabe onde vai colocar a bola. Mesmo que esteja sob forte tensão. Com Klose, a Alemanha tem um atacante de classe internacional. E o meia Ballack, apesar da maneira como atua pelo Bayern de Munique, se deu muito bem numa posição mais defensiva. Ele e Frings cuidam de todas as jogadas à frente da defesa, em princípio um pouco insegura. Para mim, era claro que os italianos conseguiriam derrotar a Ucrânia. Espécie de zebra, ela não chegou a encontrar seu ritmo e sua grande estrela, Shevchenko, só deu mostras de sua classe. Os italianos, ao contrário, honraram a fama de seleção "copeira", crescendo jogo após jogo. Com grande habilidade, o técnico Marcello Lippi dosou as atuações da estrela Totti. O goleiro Buffon, Pirlo, Gattuso, ambos no meio, e Toni, no ataque, têm classe indiscutível. Alemanha x Itália segue sendo para mim um clássico desde a Copa do México, quando perdemos por 4 a 3. Quem sabe as coisas não acontecem de um jeito diferente desta vez. Um 4 a 3 a nosso favor seria sem dúvida algo especial. A derrota do Brasil para a França, apesar de merecida, me doeu um pouco. Porque Ronaldinho, Kaká e cia., apesar do desgaste pela Copa dos Campeões, tiveram tempo para descansar, e achei que eles recuperariam as forças. Mas ambos se mostraram debilitados, especialmente Ronaldinho. Fica a alegria de que os franceses voltem a ser o que foram. Desejo a Zidane e cia. muita sorte.


FRANZ BECKENBAUER foi campeão mundial em 1974 como atleta e em 1990 como técnico da Alemanha e hoje é presidente do Comitê Organizador da Copa-06

Texto Anterior: [!] Foco: Metzelder não corta a barba para ter sorte, e simpatia ganha adeptos
Próximo Texto: [+] Réu: Fifa pode punir Frings por agressão
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.