São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

10 mandamentos para ganhar uma Copa

Lições do passado que a seleção de Parreira não aprendeu e que se repetiram no Mundial da Alemanha

1. Não gravarás um samba antes do Mundial
Em 1982, o lateral Júnior gravou "Povo Feliz", que ficou mais conhecida como "Voa, Canarinho". E o Brasil perdeu. Em 1986, o elenco inteiro cantou "O Mundo É Verde e Amarelo". Novo fiasco. Isso não demoveu Ronaldinho de lançar o horrível "Goleador", retrato do que fez o melhor do mundo na Copa ("Mas eu faço a diferença/ Entro em campo e não de sola/ Tô chegando, dá licença/ Tô no samba e não na bola/ Eu sou da batucada")

2. Não darás mole na lateral-esquerda
Ao ficar parado na entrada da área e deixar Henry livre para marcar o gol da França, o lateral-esquerdo Roberto Carlos fez lembrar a falha de Júnior contra a Itália, no Sarriá: embora próximo de Paolo Rossi, o lateral apenas observou o gol que selou aquela derrota por 3 a 2

3. Não tratarás o 10 rival como amiguinho
Em 1990, o jogo das oitavas-de-final entre Brasil e Argentina lembrou em alguns momentos uma partida de casados e solteiros, e não um duelo decisivo de arqui-rivais. Careca, Alemão e Maradona, companheiros no Napoli, se cumprimentaram alegremente. Anteontem, cena parecida ocorreu entre Zidane e seus ex-colegas de Real Madrid, Ronaldo, Robinho, Roberto Carlos e Cicinho

4. Não te impressionarás tanto com a quebra de recordes
Leão ficou 456 minutos sem tomar gol em 1978, então recorde para um goleiro em Copas. Em 1998, Dunga e Taffarel superaram o recorde de jogos pelo Brasil na competição, que era de Jairzinho. Mas a seleção ficou sem o título em ambas as ocasiões. Em 2006, o time bateu bumbo para o recorde de gols de Ronaldo em Mundiais e para o de Cafu, de maior número de partidas pela seleção em Copas

5. Não levarás teu superfavoritismo a sério
Teve até jornal estampando, antes do jogo contra o Uruguai, a foto da seleção de 1950 como "campeã do mundo". A seleção jogava em casa, tinha o melhor ataque (21 gols em cinco jogos) e precisava só do empate. Contra a França, chegou às quartas como o melhor ataque e todo mundo dizia que contava com os melhores jogadores. A história se repete

6. Não repetirás teu técnico
Parreira se tornou o terceiro técnico a comandar a seleção em diferentes Copas. A história, porém, "jogava contra". Em 1966, Vicente Feola, treinador do título de 1958, caiu nas quartas. Zagallo, campeão em 1970, falhou em 1974 e em 1998

7. Não tentarás levantar a taça com o mesmo capitão
A liderança incontestável de Dunga, fundamental em 1994, não funcionou quatro anos depois. Na França, ele condenou o excesso de dribles da equipe, deu uma cabeçada em Bebeto na vitória sobre o frágil Marrocos e não soube levantar o moral da abatida equipe na decisão. Cafu, aos 36, não driblou, não brigou, não liderou e não soube contagiar o grupo contra a França

8. Não considerarás teu artilheiro insubstituível
O passado mostra que a glória é efêmera para atacantes em Mundiais -em 18 edições, jamais houve repetição na artilharia. Mas, mesmo acima do peso, mal fisicamente e com fracas atuações, Ronaldo jamais esteve seriamente ameaçado pela reserva

9. Não subestimarás a má fase de um campeão do mundo
O Uruguai-50 havia empatado com a Espanha (que levaria um 6 a 1 do Brasil). A Itália-82 tinha se classificado a duras penas na primeira fase, com três empates. A Argentina-90 tinha se classificado em terceiro em seu grupo. A França-06 se classificou só na última rodada de seu grupo. Os resultado são conhecidos

10. Não te iludirás quando tua defesa for melhor que o ataque
Em 1978, a defesa brasileira sofreu três gols em sete jogos e foi um dos destaques do time; em 1986, foi vazada só uma vez, mas, ainda assim, a seleção caiu nas quartas. Elogiada na Alemanha, a defesa "sólida" não impediu a eliminação precoce


Texto Anterior: Vôlei: Brasil perde série de 29 vitórias seguidas
Próximo Texto: Clóvis Rossi: Um chute nas férias
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.