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Clóvis Rossi
Um chute nas férias
NAS PRÓXIMAS 24 ou
48 horas, surgirão
cerca de 312.143
versões, análises e explicações para a eliminação do
Brasil, incluindo aí as teorias conspiratórias que o
futebol desata com mais vigor do que a política.
Delas, 312.144 culparão
Parreira. Ou sozinho ou
acompanhado.
Não contem comigo para
jogar pedras no treinador,
cujo estilo, aliás, não me seduz em nada, nada, nada.
Claro que Parreira tem lá
sua culpa. Convocou os jogadores, escalou o time, estabeleceu teoricamente a
tática (digo teoricamente,
porque, na prática, não
houve tática nem estratégia nenhuma, foi o mais puro salve-se quem puder do
primeiro ao último jogo).
Mas convenhamos:
1 - Quem faltou ser convocado?
2 - Que outro time você
escalaria? Robinho no lugar de Adriano, em vez de
Juninho Pernambucano?
Eu também. Mas, primeiro, Robinho não estava
100% recuperado, e segundo, quando dez não querem, um só não vai resolver
o problema.
3 - Treinador algum pode
ser responsabilizado pelo
fato de seus jogadores -todos de primeira linha no
futebol internacional, respeitados e badalados não
só pelos brasileiros- terem chutado uma só vez na
direção do gol de Barthez.
Uma vez em 90 minutos.
Qualquer time de casados, em qualquer pelada
contra os solteiros da fábrica da esquina, chuta mais
vezes, mesmo todos gordos
e cheios de chope na cabeça
e na barriga, qualquer que
seja o técnico ou mesmo
que nem haja técnico.
Na minha explicação, a
mais simplória e bobinha
das 312.143, o que houve foi
que todos os jogadores
-exceto o goleiro Dida-
jogaram abaixo do que costumam jogar em seus clubes ou em outros momentos da carreira, a não ser na
partida contra o Japão. Alguns (como Ronaldinho),
muito abaixo, infernalmente abaixo.
Não há treinador que dê
jeito em preguiça, falta de
vontade, comportamento
burocrático, confiança estúpida nas próprias forças.
O time do Brasil veio à
Alemanha para passar férias, não para disputar um
torneio duro. Como se o
simples fato de entrar em
campo já lhe assegurasse a
vitória. Como se os gols fossem brotar da grama.
As férias terminaram
mais cedo, mas é melhor
para eles: agora podem escolher onde gozá-las.
crossi@uol.com.br
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