São Paulo, sábado, 03 de julho de 2010

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Após 20 anos, África vive drama

Como Camarões em 1990, Gana perde pênalti e fica fora da semifinal

DE JOHANNESBURGO
DO ENVIADO A JOHANNESBURGO

Em 1990, por 15 minutos Camarões não chegou à semifinal da Copa da Itália. Ontem, por pouco mais de dez centímetros Gana não chegou à semifinal do Mundial.
Vinte anos separam as duas decepções africanas. O gol da Inglaterra já na prorrogação eliminou a equipe que fez história com Roger Milla.
O travessão em que explodiu o pênalti de Gyan, no último segundo da prorrogação, provavelmente doeu ainda mais para o continente.
Um grunhido incrédulo de 84 mil torcedores acompanhou o chute desperdiçado pelo ganense. Momentos antes, o estádio Soccer City, lotado e com 90% da plateia torcendo por Gana, havia se juntado aos jogadores africanos numa celebração pela marcação do árbitro.
Era a derradeira fração de jogo antes da disputa por pênaltis que já se desenhava.
Gana, nos últimos momentos da prorrogação, fez um último esforço de resolver o jogo, atacando com o que restava de forças: um cabeceio de Kevin-Prince Boateng rente à trave, tentativas de cruzamento na área infrutíferas e finalmente a chance perdida por Adiyiah, de cabeça, salva em cima da linha, com as mãos, por Suárez.
Bastava Gyan bater e dar a vitória a um time que havia começado a partida letargicamente, longos 120 minutos antes. Na primeira meia hora de jogo, Gana estava apática, dando espaços para os chutes de longa distância de Diego Forlán e os perigosos contra-ataques de Suárez.
A equipe milagrosamente despertou a partir de um cabeceio de Vorsah aos 30min, e pelos 15 minutos seguintes Gana dominou a partida. Nos acréscimos, Muntari chutou da intermediária, Gyan abaixou-se e a bola, em trajetória de curva, entrou: 1 a 0.
O segundo tempo novamente começou com o Uruguai melhor. Aos 10min, Forlán bateu falta da esquerda e empatou a partida. Os uruguaios continuaram pressionando, novamente confiando nos chutes e nos escanteios batidos por Forlán.
Veio a prorrogação, e o jogo parou. Tornou-se morto, sem graça, evidenciando a exaustão dos atletas. Até o famoso fôlego ganense não resistiu a duas prorrogações seguidas (a primeira contra os EUA, no último sábado).
Morto e sem graça até o segundo final. Quando a bola não entrou, Gyan mordeu a camiseta e depois levou as mãos à cabeça, espremendo o rosto. Como no Mundial de 90, a África fez muito, mas não o suficiente. (FÁBIO ZANINI E RODRIGO MATTOS)


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