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Após 20 anos, África vive drama
Como Camarões em 1990, Gana perde pênalti e fica fora da semifinal
DE JOHANNESBURGO
DO ENVIADO A JOHANNESBURGO
Em 1990, por 15 minutos
Camarões não chegou à semifinal da Copa da Itália. Ontem, por pouco mais de dez
centímetros Gana não chegou à semifinal do Mundial.
Vinte anos separam as
duas decepções africanas. O
gol da Inglaterra já na prorrogação eliminou a equipe que
fez história com Roger Milla.
O travessão em que explodiu o pênalti de Gyan, no último segundo da prorrogação,
provavelmente doeu ainda
mais para o continente.
Um grunhido incrédulo de
84 mil torcedores acompanhou o chute desperdiçado
pelo ganense. Momentos antes, o estádio Soccer City, lotado e com 90% da plateia
torcendo por Gana, havia se
juntado aos jogadores africanos numa celebração pela
marcação do árbitro.
Era a derradeira fração de
jogo antes da disputa por pênaltis que já se desenhava.
Gana, nos últimos momentos da prorrogação, fez
um último esforço de resolver o jogo, atacando com o
que restava de forças: um cabeceio de Kevin-Prince Boateng rente à trave, tentativas
de cruzamento na área infrutíferas e finalmente a chance
perdida por Adiyiah, de cabeça, salva em cima da linha,
com as mãos, por Suárez.
Bastava Gyan bater e dar a
vitória a um time que havia
começado a partida letargicamente, longos 120 minutos
antes. Na primeira meia hora
de jogo, Gana estava apática,
dando espaços para os chutes de longa distância de Diego Forlán e os perigosos contra-ataques de Suárez.
A equipe milagrosamente
despertou a partir de um cabeceio de Vorsah aos 30min,
e pelos 15 minutos seguintes
Gana dominou a partida. Nos
acréscimos, Muntari chutou
da intermediária, Gyan abaixou-se e a bola, em trajetória
de curva, entrou: 1 a 0.
O segundo tempo novamente começou com o Uruguai melhor. Aos 10min, Forlán bateu falta da esquerda e
empatou a partida. Os uruguaios continuaram pressionando, novamente confiando nos chutes e nos escanteios batidos por Forlán.
Veio a prorrogação, e o jogo parou. Tornou-se morto,
sem graça, evidenciando a
exaustão dos atletas. Até o famoso fôlego ganense não resistiu a duas prorrogações seguidas (a primeira contra os
EUA, no último sábado).
Morto e sem graça até o segundo final. Quando a bola
não entrou, Gyan mordeu a
camiseta e depois levou as
mãos à cabeça, espremendo
o rosto. Como no Mundial de
90, a África fez muito, mas
não o suficiente.
(FÁBIO ZANINI E RODRIGO MATTOS)
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