São Paulo, domingo, 03 de julho de 2011

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TOSTÃO

Brasil, mostre sua cara


O Brasil não tem obrigação de ser campeão, mas precisa jogar bem e ter uma cara, mais bonita

ASSIM COMO sempre fui contra o governo dar benefícios fiscais e dinheiro público para clubes e empresas privadas construírem estádios para a Copa, sou contra distribuir dinheiro para campeões de qualquer esporte. Não tenho duas caras. Se fosse correto, campeões de outros esportes teriam de ter o mesmo direito. Sou a favor de o governo ajudar ex-jogadores por meio de associações de proteção ao atleta, que já existem, bons planos de saúde, de aposentadoria e de previdência social. Todos os cidadãos deveriam ter o mesmo direito. A milionária CBF tem também a obrigação de ajudar ex-atletas que passam por grandes dificuldades.
O Brasil estreia hoje na Copa América com o esquema tático da moda em todo o mundo, com quatro defensores, dois volantes, um jogador de cada lado, um meia de ligação e um centroavante. Nenhuma novidade. Muito mais importante que o desenho tático são as características, virtudes e deficiências dos atletas, se a marcação será por pressão ou mais recuada, se haverá grandes ou pequenos espaços entre os três setores, se as principais qualidades dos adversários serão marcadas e se o time vai priorizar o contra-ataque rápido ou a troca de passes. O restante é perfumaria.
Os jogadores têm de ter uma referência tática, mas não podem ter posições fixas. Centroavante tem também de recuar um pouco para dar bons passes. Armadores têm de entrar na área para fazer gols. Neymar e Robinho não podem ficar fixos pelos lados. Se Daniel Alves avançar pouco, porque já existem quatro jogadores na frente, deixará de ser excepcional.
Se for bem marcado, Ganso deveria recuar para iniciar as jogadas no campo do Brasil. Sem querer comparar, é o que fazia Zidane. Com Dunga, o time marcava mais atrás para contra-atacar. Mano gosta mais de pressionar, tomar a bola mais à frente e comandar o jogo. Assim, o futebol fica mais bonito e eficiente. É o que defendo há séculos.
Neymar e Ganso serão estrelas do time e do mundo? Robinho e Pato continuarão irregulares e apenas bons coadjuvantes? O time vai ter um estilo bem definido, uma nova cara, mais sedutora e competitiva? Tudo é incerto. Tenho muitas esperanças. Alguém já disse que ter sucesso é acertar nas dúvidas.

NA A VER
O desenho na prancheta da Argentina é o mesmo do Barcelona, mas a filosofia e a estratégia não têm nada a ver. Além disso, Cambiasso não é Xavi, Banega não é Iniesta, e Messi, da seleção, não é o do Barcelona.


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