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São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

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No aniversário de crise emocional, Robert joga como guru corintiano

RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Há exatamente seis anos, o meia Robert, 32, estava internado numa clínica psiquiátrica em Porto Alegre. Hoje, ele estréia no Corinthians com a missão de dar equilíbrio ao time de Geninho e orientar os atletas mais jovens.
Apresentado há apenas oito dias, o jogador vai atuar diante do Paraná, às 16h, em Curitiba.
O jogador, que estava no Sapporo, da segunda divisão japonesa, foi contratado porque o clube queria um atleta capaz de armar as jogadas e acalmar a equipe nos momentos críticos, assumindo o posto de Vampeta, contundido.
Os corintianos sofrem com seguidas suspensões e neste ano já se envolveram em brigas com são-paulinos, santistas e atletas do River Plate (Argentina).
No dia 3 de agosto de 1997, nem Robert imaginava que poderia ser indicado para ajudar um time inteiro a colocar a cabeça no lugar. Dois dias antes daquela data, ele havia sido internado por estar com uma "crise maníaca", segundo os médicos do Grêmio, clube que defendia naquela ocasião.
Deprimido por causa de uma cirurgia no joelho, ele passou a ter atitudes que os médicos estranharam. "Vou ser vendido ao Milan por US$ 14 milhões", disse, dias antes de ser internado, ao comentar os planos para o futuro.
"Fiquei triste, abalado emocionalmente por causa da contusão, mas consegui subir e cheguei a jogar na seleção", disse Robert, que fala sem constrangimento sobre o pior momento de sua carreira.
Ele acredita até que aquela crise pode ajudá-lo a ser um dos líderes do time hoje. "Estou mais forte, tudo aquilo me deu uma nova visão da vida", afirmou.
Geninho espera que o estreante acabe com a procura por um substituto para Ricardinho, negociado com o São Paulo em 2002.
O plano é que a bola passe quase sempre por ele para evitar os chutões da defesa para o ataque. Foi isso que o meia fez na final do Brasileiro-02, em que o Santos derrotou o Corinthians. Robert foi o santista que mais acertou passes (26) e o mais acionado (36 vezes) no jogo decisivo, segundo o Datafolha, depois de entrar no lugar de Diego, contundido no começo.
No primeiro treino com os titulares corintianos, anteontem, Robert demonstrou que pode ajudar a resolver outro problema da equipe: a escassez de gols. O Corinthians não conseguiu balançar a rede mais de uma vez em nenhum de seus últimos nove jogos.
No início de sua nova missão, Robert terá que superar a falta de condicionamento físico. O jogador já avisou que não conseguirá jogar 90 minutos em Curitiba.
Ele tentará quebrar a rotina de outros corintianos que se machucaram ou foram suspensos pouco depois de virarem titulares.
Foi assim com César, que teve de cumprir três jogos de suspensão, e Marquinhos, Cocito e Leandro Amaral, contundidos logo após virarem titulares.
Antes do Brasileiro, no Campeonato Paulista, essa maldição já atingiu a equipe. Lucas, hoje no Rennes (França), quebrou o pé esquerdo num treino antes de fazer a sua primeira partida como titular. Ele ficou três meses fora.
Robert entra no lugar de Renato, suspenso, e disse não se assustar com os problemas da equipe, que sofre também com a saída de jogadores negociados. "Já passei por experiências difíceis na minha vida e posso ajudar."
Com a sequência de desfalques, Robert, o mais velho do time, terá outro novato para ajudar hoje. O zagueiro Marcos Vinícius, 18, fará a sua estréia profissional. Ele ficará com a vaga de Marquinhos.


NA TV - Globo (só para SP) e Record (só para São Paulo e Campinas), ao vivo


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