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São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

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PAN 2003

Acostumada com o anonimato, seleção comemora chance de atuar em estádio lotado e sonha com medalha inédita

País do beisebol vira incentivo do Brasil

DOS ENVIADOS A SANTO DOMINGO

Parece outro mundo. Discussões acaloradas sobre a modalidade nos bares, crianças com tacos, bolas e luvas que improvisam jogos em todos os cantos, propagandas com os astros espalhadas pelas ruas. Tudo o que os jogadores de beisebol do Brasil jamais encontraram em seu país.
Em Santo Domingo, eles formam o grupo que mais motivos tem para se empolgar com o Pan. O motivo é simples: o beisebol é o esporte número um dos dominicanos, que criaram uma enorme expectativa para a competição.
"Nossos atletas ficam impressionados com as propagandas nas ruas, pois não estão acostumados a ver o esporte que praticam como algo popular, acessível", disse Jorge Otsuka, presidente da Confederação Brasileira de Beisebol e coordenador da seleção.
O time pega hoje a seleção mexicana em sua estréia no torneio.
Apesar de não contarem com seus mais famosos atletas, como Sammy Sosa e Pedro Martínez, que atuam nos EUA, os habitantes do país-sede acreditam que os jogadores podem quebrar um incômodo jejum. O último ouro obtido no beisebol data de 1955, no Pan da Cidade do México.
"Os organizadores dizem que os melhores públicos dos Jogos serão registrados no beisebol. Isso incentiva muito nossos atletas, que jamais jogaram para tanta gente", contou Otsuka.
O público não preocupa nem quando o rival é uma potência na modalidade, como EUA, Cuba e Canadá. "Estamos na condição de desafiantes, e isso nos favorece. Quando os grandes precisarem nos enfrentar, a pressão ficará toda sobre eles", disse Jorge Mitsuyoshi, técnico do Brasil.
O clima de euforia dos donos da casa também tem explicação técnica. Os dois principais rivais, EUA e Cuba, não compareceram com força máxima. O primeiro viajou com um time universitário, e o segundo, com juvenis.
O Brasil conta com um elenco formado quase totalmente por descendentes de japoneses, fato que é motivo de preocupação para os dirigentes. Segundo Otsuka, é preciso popularizar o esporte.
"Não podemos viver só com jogadores da comunidade japonesa. Precisamos de mais gente praticando para formar uma grande equipe." O país jamais obteve uma medalha na competição.
Neste Pan, o Brasil corre por fora. "Nosso objetivo é o bronze. Não viemos só para aprender com os outros. Queremos medalha", disse Otsuka. (EDUARDO OHATA, GUILHERME ROSEGUINI E JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)


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